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Mineral vital para o futuro dos carros elétricos é encontrado no fundo do oceano, mas ainda envolto em polêmicas

Escrito por Geovane Souza
Publicado em 12/07/2023 às 21:01
Atualizado em 18/07/2023 às 08:06
Mineral vital para o futuro dos carros elétricos está no fundo do oceano, mas ainda envolto em contradições
Formação de nódulo metálico encontrados na mineração (Créditos da foto: The Creation Club)

Nódulos polimetálicos encontrados na mineração em águas profundas contêm minerais essenciais para fabricação de baterias de veículos elétricos, painéis solares e turbinas eólicas.

A mineração em águas profundas, uma prática em consideração para a obtenção de minerais vitais para a transição energética e o futuro dos veículos elétricos, está atualmente sob o olhar crítico da comunidade global. Este setor em crescimento apresenta potencial considerável para a indústria de energia limpa, no entanto, também levanta questões preocupantes sobre o impacto ambiental.

Três dos principais minerais necessários para fabricar tecnologias de energia limpa estão no fundo do mar

No fundo do mar podem ser encontrados, cobalto, níquel e cobre, três dos principais minerais necessários para fabricar as principais tecnologias que envolvem os carros elétricos.

O cobalto é um crucial na fabricação de baterias de lítio-íon, amplamente usadas em veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia. O mineral melhora a eficiência energética dessas baterias, permitindo que armazenem e liberem energia de maneira mais eficaz.

O níquel é outro componente importante para baterias de veículos elétricos. Ele ajuda a aumentar a densidade de energia das baterias, permitindo que elas armazenem mais energia em um espaço menor. Isso é especialmente importante para veículos elétricos, pois baterias mais eficientes significam maior autonomia.

Já o cobre é um condutor excelente de eletricidade e calor, o que o torna essencial na fabricação de cabos e fios para sistemas de energia renovável e veículos elétricos. Além disso, é utilizado em grande escala na produção de motores elétricos e painéis solares.

Impacto da Mineração Submarina na transição energética

Na vanguarda desta discussão, temos a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), entidade governada pela ONU, que supervisiona a exploração mineral em águas internacionais. Um recente encontro de três semanas com representantes dos países-membros da ISA, realizado em Kingston, Jamaica, destacou o papel crucial dos minerais extraídos do fundo do mar – como cobalto, níquel e cobre – na transição energética.

Um caso notável é o da minúscula ilha do Pacífico, Nauru, que recentemente revelou planos para extrair nódulos polimetálicos do fundo do oceano. Estes nódulos contêm minerais essenciais para a produção de baterias de veículos elétricos e equipamentos de energia renovável, como painéis solares e turbinas eólicas. A escala deste depósito é impressionante, com os nódulos estimados em cerca de 340 milhões de toneladas de níquel – três vezes a quantidade de reservas terrestres mundiais conhecidas.

O Impacto ambiental da Mineração em águas profundas

No entanto, o setor de mineração em águas profundas está envolto em contradições. O mesmo processo que facilita a transição para a energia limpa também tem o potencial de causar danos ambientais substanciais. A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que a demanda global por minerais aumentará quatro vezes até 2040, impulsionada pelos esforços para cumprir o Acordo Climático de Paris. Isso poderia potencialmente exacerbar a pressão sobre os ecossistemas marinhos.

A mineração submarina poderia ter um impacto devastador na vida marinha, com os oceanos produzindo metade do oxigênio necessário para a vida humana, além de capturar uma parte significativa das emissões globais de dióxido de carbono. Em contrapartida, as empresas envolvidas na mineração submarina argumentam que este método tem uma pegada de carbono menor e causa menos impacto humano.

Enrico Marone, porta-voz do Greenpeace Brasil, argumenta que a indústria precisa melhorar a eficiência dos equipamentos que utilizam estes minerais, em vez de buscar novas fronteiras de exploração.

A necessidade de proteção ambiental

Nos últimos dois anos, quase 200 países e várias grandes empresas, incluindo BMW, Volvo, Google e Samsung, assinaram uma declaração pedindo a suspensão da mineração em águas internacionais. Além disso, alguns bancos criaram políticas para excluir o financiamento da mineração em alto mar.

Apesar das preocupações ambientais, o progresso continua em outras partes do mundo. A Noruega recentemente abriu áreas no Mar da Groenlândia, no Mar da Noruega e no Mar de Barents para licenças de mineração. O ministro do Petróleo e Energia, Terje Aasland, afirmou: “Precisamos de minerais para ter sucesso na transição verde”.

O debate sobre a mineração em águas profundas está longe de ser concluído. A necessidade de equilibrar os requisitos de transição energética com a proteção do meio ambiente irá moldar as discussões e decisões futuras. Seja qual for o resultado, é evidente que a mineração submarina será uma parte vital do panorama energético emergente.

Brasil apoia suspensão de 10 anos na mineração em alto-mar

A recente decisão do governo brasileiro em relação à mineração no fundo do mar tomou destaque no cenário internacional. Esta escolha posiciona o Brasil ao lado de outros países, como Canadá, França e Chile, que defendem uma pausa preventiva de dez anos na mineração em alto-mar. A motivação por trás desta suspensão decorre principalmente das incertezas sobre os impactos ambientais desta prática.

De acordo com informações do portal O Globo, em um encontro recente da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), sob os auspícios da ONU, a embaixadora brasileira Elza Moreira Marcelino de Castro expressou que o Brasil apoia uma suspensão na mineração em águas profundas pelo prazo de dez anos. Ela alegou que, em sua visão, o atual nível de compreensão e os avanços científicos são insuficientes para garantir a aprovação de projetos de mineração em alto-mar além da jurisdição nacional.

A proposta de moratória internacional, se adotada, impediria a mineração em alto-mar por uma década, caso a ISA não consiga alcançar um consenso sobre normas gerais para a atividade em escala mundial.

Geovane Souza

Geovane Souza é especialista em criação de conteúdo na internet, ações de SEO e marketing digital. Nas horas vagas é Universitário de Sistemas de Informação no IFBA Campus de Vitória da Conquista.

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