A Mina de Trombetas, em Oriximiná (PA), é a maior jazida de bauxita a céu aberto do mundo, com capacidade anual de 30 milhões de toneladas, essencial para a produção global de alumínio.
Na imensidão da floresta amazônica, onde a natureza se mistura com algumas das maiores operações minerais do planeta, está localizada uma das joias mais estratégicas da mineração mundial: a Mina de Trombetas, no município de Oriximiná, no Pará.
Operada pela MRN – Mineração Rio do Norte, a jazida é reconhecida como a maior mina de bauxita a céu aberto do mundo, responsável por transformar o Brasil em um dos líderes globais na produção desse mineral essencial.
Com capacidade anual que pode chegar a 30 milhões de toneladas, Trombetas abastece tanto o mercado interno quanto grandes indústrias internacionais, sustentando a cadeia produtiva do alumínio, presente em tudo: aviões, carros, latas, cabos elétricos, smartphones e até nas energias renováveis.
-
PF investiga diamante de 647 quilates em Minas Gerais e pressiona Mineradora
-
Modernização da Mineração com digitalização de processos transforma acervo físico em base digital, aumenta eficiência regulatória, reduz burocracia, fortalece governança documental e promove transparência
-
43 milhões de toneladas de lítio: Um dos maiores depósitos do mundo foi encontrado e pode remodelar o futuro dos veículos elétricos
-
Produção recorde, empregos e investimentos bilionários: Minas Gerais bate recorde com 944 mil toneladas de lítio em 2024, atrai R$ 6,3 bilhões e gera quase 5 mil empregos diretos
O que é a bauxita e por que ela é estratégica
A bauxita é o principal minério utilizado na produção de alumínio. A partir dela, se extrai a alumina, que posteriormente é reduzida em metal por meio da eletrólise.
Esse processo transforma a bauxita em um dos minérios mais estratégicos da era moderna. O alumínio é leve, resistente, reciclável e tem aplicações que vão de aviões e automóveis até painéis solares, turbinas eólicas e cabos de transmissão de energia.
Sem a bauxita, a indústria global do alumínio simplesmente não existiria — e é nesse ponto que a mina de Trombetas ganha relevância mundial.
A descoberta e o início da exploração
As primeiras pesquisas sobre as jazidas de bauxita da região de Trombetas remontam às décadas de 1960 e 1970, quando o governo brasileiro começou a mapear o potencial mineral da Amazônia.
Com a constatação de que ali existia uma das maiores reservas conhecidas do mundo, foi criada em 1967 a Mineração Rio do Norte (MRN), empresa que iniciaria oficialmente a produção em 1979.
Desde então, a MRN se consolidou como um gigante da mineração nacional, com participação acionária de empresas brasileiras e multinacionais do setor de alumínio, formando um dos maiores consórcios de mineração do país.
Dimensões colossais da Mina de Trombetas
Os números da operação impressionam pela escala:
- Localização: município de Oriximiná, Pará, em plena região amazônica;
- Área de concessão: mais de 1.800 km², dos quais uma parte é destinada à mineração;
- Reservas: dezenas de milhões de toneladas de bauxita de alto teor;
- Produção anual: entre 18 e 30 milhões de toneladas, dependendo da demanda global;
- Logística: toda a produção é escoada por meio do porto da Vila do Conde (PA), após transporte fluvial pelo rio Trombetas;
- Mercado: cerca de 40% da produção abastece o mercado interno e 60% é exportada.
Esses dados colocam Trombetas como um dos pilares da mineração global e um dos principais ativos estratégicos do Brasil.
A relevância econômica para o Brasil e o mundo
A bauxita de Trombetas tem impacto direto na economia brasileira e internacional.
- Exportações: o minério é vendido para países da Europa, América do Norte e Ásia, alimentando indústrias de alumínio em escala global;
- Mercado interno: empresas brasileiras de alumínio, como a Albras e a CBA (Companhia Brasileira de Alumínio), dependem da bauxita da MRN para manter suas operações;
- PIB e arrecadação: a mina gera milhares de empregos diretos e indiretos, além de bilhões em tributos e royalties minerais para o Pará e para a União.
Esse protagonismo faz do Brasil um dos três maiores produtores mundiais de bauxita, ao lado da Austrália e da Guiné.
Impactos sociais e ambientais
Uma operação desse porte em plena Amazônia levanta debates intensos sobre impactos sociais e ambientais.
- Comunidades locais: a MRN atua na região de Oriximiná, onde vivem comunidades ribeirinhas e quilombolas. Há projetos sociais voltados para educação, saúde e infraestrutura, mas também há críticas sobre a dependência econômica criada pela mineração.
- Meio ambiente: a extração de bauxita exige desmatamento da camada superficial do solo. A MRN desenvolve programas de reflorestamento e recuperação ambiental, que já recomporam milhares de hectares, mas ONGs ambientais alertam para os desafios da preservação em uma região tão sensível.
- Logística sustentável: o transporte por barcaças ao longo do rio Trombetas é considerado uma solução menos agressiva do que o transporte rodoviário, mas também gera riscos de poluição hídrica.
Um modelo de mineração integrada
Um dos diferenciais da Mina de Trombetas é a integração logística. O processo funciona em três etapas principais:
- Extração: a bauxita é retirada em cortes a céu aberto, com escavadeiras e caminhões de grande porte;
- Beneficiamento: o minério é triturado e lavado para aumentar o teor de alumina;
- Transporte: segue por correias até barcaças, que descem o rio Trombetas até o porto da Vila do Conde, em Barcarena (PA).
Esse modelo de logística integrada reduz custos e garante competitividade internacional ao alumínio produzido com matéria-prima brasileira.
Comparações globais
Quando comparada às maiores minas do mundo, Trombetas ocupa lugar de destaque.
- Austrália (Weipa): a maior operação mundial, com produção superior a 35 milhões de toneladas/ano.
- Guiné (Sangaredi): gigantesco depósito africano, com exportações em crescimento.
- Brasil (Trombetas): maior mina a céu aberto do planeta, com potencial de 30 milhões de toneladas/ano.
Isso coloca o Brasil no mesmo patamar de superpotências minerais globais, mostrando que a Amazônia é não apenas um bioma, mas também um celeiro de recursos estratégicos.
O futuro da mineração em Trombetas
Quase meio século após o início das operações, a Mina de Trombetas continua em plena atividade. A expectativa é que as reservas ainda sustentem décadas de produção, mas o desafio é equilibrar exploração econômica e sustentabilidade ambiental.
A MRN tem investido em novas tecnologias de extração, gestão de rejeitos e recuperação florestal. Ao mesmo tempo, pressões internacionais sobre preservação da Amazônia colocam a mineração sob escrutínio constante.
Uma joia estratégica do Brasil
A Mina de Trombetas não é apenas a maior mina de bauxita a céu aberto do mundo: ela é uma peça-chave da indústria global do alumínio e um exemplo da força mineral brasileira.
Com seus números gigantescos, ela mostra como o Brasil tem papel central na economia mundial e como a Amazônia, além de pulmão do planeta, é também um celeiro de riquezas estratégicas que precisam ser administradas com responsabilidade.
Assim como Itaipu representa a grandiosidade da energia brasileira e Carajás simboliza a força do ferro, Trombetas é o símbolo do alumínio: um colosso mineral escondido na floresta, que conecta a Amazônia ao mundo inteiro.