Estudo da Receita Federal e do EU Tax Observatory mostra que o 1% mais rico paga apenas 20,6% em tributos, contra média nacional de 42,5%
Um estudo divulgado em 29 de agosto de 2025 pelo Monitor Mercantil revelou que os milionários no Brasil pagam, em média, metade da carga tributária de um trabalhador comum, mesmo concentrando a maior fatia da renda nacional. Os dados mostram que o 1% mais rico concentrou 27,4% da renda total em 2019, colocando o país entre os mais desiguais do mundo.
A pesquisa, chamada “Progressividade Tributária e Desigualdade no Brasil: Evidências a partir de Dados Administrativos Integrados”, foi elaborada pela Receita Federal em parceria com o EU Tax Observatory, coordenado pelo economista francês Gabriel Zucman, e apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Para especialistas, os números reforçam a urgência de uma reforma que enfrente a regressividade do sistema atual.
A diferença na tributação entre ricos e trabalhadores
Segundo o estudo, a alíquota média de imposto no Brasil é de 42,5%. No entanto, quem ganha acima de US$ 1 milhão por ano (cerca de R$ 5,4 milhões) paga apenas 20,6% em tributos. Essa discrepância se explica pela isenção de dividendos e pela multiplicidade de benefícios fiscais que reduzem a carga sobre grandes rendimentos e corporações.
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Haddad destacou a contradição: “O Brasil não pode estar entre as dez maiores economias do mundo e, ao mesmo tempo, figurar entre as piores em distribuição de renda”. A fala sintetiza a crítica de que a estrutura tributária privilegia os mais ricos e penaliza proporcionalmente os trabalhadores de baixa e média renda.
Comparação com Estados Unidos e Europa
O levantamento também comparou a situação brasileira com a de outras economias. Nos Estados Unidos, milionários pagam em média 36% da renda em impostos, mesmo em um sistema com carga global menor que a do Brasil. Na Europa, as alíquotas sobre grandes fortunas variam entre 22% e 42%, também bem acima do patamar brasileiro.
Esses dados mostram que o Brasil está na contramão das principais economias. Enquanto países desenvolvidos reforçam a progressividade tributária, aqui a estrutura segue beneficiando a elite econômica e aumentando a desigualdade.
Empresas também pagam menos do que deveriam
Outro ponto polêmico do estudo é a tributação sobre empresas. Embora a alíquota nominal sobre lucros seja de 34%, muitas companhias pagam efetivamente menos de 25%, e quase 20% delas chegam a pagar menos de 1%. Esse cenário evidencia que incentivos fiscais e manobras contábeis favorecem grandes corporações, reduzindo a arrecadação e sobrecarregando outros setores da sociedade.
Especialistas alertam que essa distorção prejudica a competitividade, pois pequenas e médias empresas não conseguem acessar os mesmos benefícios e acabam arcando com uma carga proporcionalmente maior.
O impacto no debate da reforma tributária
A divulgação do relatório acontece em meio ao debate no Congresso Nacional sobre a proposta do governo federal de isentar do Imposto de Renda pessoas com salários de até R$ 5 mil e, ao mesmo tempo, elevar as alíquotas sobre os mais ricos.
Para o ministro Haddad, os dados oferecem a base técnica necessária para avançar nas mudanças. Ele classificou a correção da regressividade como um passo “modesto, mas essencial” para reduzir desigualdades e garantir desenvolvimento sustentável.
E você, acredita que aumentar a tributação sobre milionários no Brasil é a solução para reduzir desigualdade, ou o problema está em outro ponto do sistema? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir sua visão sobre o tema.