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Lei de ferro: Milei desafia opositores, endurece penas e propõe prisão para jovens a partir dos 13 anos

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 07/10/2025 às 08:30
Presidente argentino Javier Milei durante coletiva sobre reforma penal, ao lado de Patricia Bullrich, com adolescente atrás das grades simbolizando a redução da idade penal.
Javier Milei discursa ao lado de Patricia Bullrich durante o anúncio da reforma do Código Penal argentino, que reduz a idade penal para 13 anos.
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Nova proposta endurece penas, amplia crimes imprescritíveis e reacende o debate sobre segurança pública e responsabilidade juvenil na Argentina

Em 2 de outubro de 2025, o presidente Javier Milei apresentou um projeto de reforma do Código Penal na cidade de Ezeiza, na província de Buenos Aires. O anúncio ocorreu poucas semanas antes das eleições legislativas de 26 de outubro, o que intensificou o clima político.

O plano, que Milei definiu como “tolerância zero”, prevê penas mais duras, redução da idade penal para 13 anos e criação de novos crimes imprescritíveis. Além disso, inclui mudanças processuais para acelerar julgamentos e endurecer condenações. Segundo ele, “quem delinquir pagará de verdade”, o que trará mais segurança à população.

Conforme a agência Reuters, a medida faz parte de uma estratégia eleitoral. Assim, Milei tenta reforçar o discurso de ordem e disciplina em meio ao avanço da criminalidade nas grandes cidades argentinas.

Reforma endurece penas e amplia crimes

O projeto apresentado propõe um endurecimento inédito nas leis penais argentinas. A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, classificou o texto como um “Código Penal de Tolerância Zero”, pois aumenta as penas de quase todos os crimes e cria novas tipificações penais.

Entre as principais mudanças estão:

  • Homicídios agravados: pena ampliada de 10 para 30 anos.
  • Assassinatos em eventos públicos ou esportivos: prisão perpétua.
  • Porte ilegal de armas: crime sem direito a fiança.
  • Agravamento de penas para roubo, narcotráfico, tráfico de pessoas, sequestro, estelionato, pornografia infantil e assédio.
  • Corrupção pública: punições mais severas para presidentes, ministros, governadores e juízes.

Além disso, o texto propõe que crimes como terrorismo, exploração sexual, tráfico de menores e homicídios qualificados sejam imprescritíveis, o que significa que não terão prazo para punição. Assim, o governo pretende evitar a impunidade.

Redução da idade penal divide opiniões

Entretanto, um dos pontos mais polêmicos da proposta é a redução da idade mínima de responsabilização penal para 13 anos, atualmente fixada em 16.

Segundo Patricia Bullrich, “traficantes usam jovens de 14 e 15 anos como soldados”, aproveitando-se das brechas da lei. Por esse motivo, o governo quer julgamentos e punições mais rígidas para adolescentes envolvidos em crimes graves.

De acordo com especialistas do Buenos Aires Times, essa proposta reacende o debate sobre criminalização juvenil. Além disso, juristas e psicólogos alertam que a medida pode agravar a superlotação carcerária e aumentar a reincidência entre jovens de baixa renda.

Por outro lado, grupos conservadores argumentam que a impunidade estimula a violência. Assim, defendem respostas mais duras e imediatas diante do crescimento da criminalidade urbana.

Governo quer acelerar julgamentos e garantir cumprimento integral das penas

O projeto também visa agilizar os processos judiciais e impedir reduções de pena. “Os criminosos devem cumprir pena na prisão, onde é devido. Só assim os argentinos de bem poderão viver em liberdade”, declarou Milei durante o evento em Ezeiza.

Segundo o Ministério da Justiça, o plano busca fechar brechas legais, diminuir recursos excessivos e proibir medidas alternativas de pena, frequentemente usadas no sistema argentino. Dessa forma, o governo quer garantir punições efetivas e restaurar a confiança na Justiça.

Além disso, analistas políticos apontam que a reforma reforça a imagem de autoridade do presidente. Isso ocorre em um momento de forte tensão com o Congresso e de críticas crescentes da oposição.

Impacto político e crise de liderança

O anúncio da reforma coincidiu com a renúncia de José Luis Espert, principal aliado político de Milei nas eleições legislativas de 2025. A saída, confirmada pela Reuters, foi vista como um revés estratégico para o governo, já que Espert era peça-chave na coalizão.

Além disso, o Congresso derrubou vetos presidenciais sobre o financiamento de universidades públicas e projetos de saúde infantil, o que representou novas derrotas políticas para Milei.

Apesar das dificuldades, o presidente prometeu seguir lutando pela aprovação integral da reforma ainda em 2025. Ele reforçou que “a liberdade só existe quando há lei e ordem”, frase que resume sua linha política.

Consequências sociais e críticas de direitos humanos

Enquanto o governo insiste em sua pauta de endurecimento penal, diversas organizações de direitos humanos demonstraram preocupação.

A Anistia Internacional e o Centro de Estudos Jurídicos de Buenos Aires afirmaram que a redução da idade penal viola tratados internacionais e fere direitos fundamentais de crianças e adolescentes.

Além disso, alertaram para o risco de criminalização da pobreza, já que a maioria dos menores presos vem de comunidades carentes.

A Sociedade de Criminologia da Argentina destacou que o simples aumento de penas não resolve a violência estrutural. Por isso, defende investimentos em educação, prevenção e políticas sociais como alternativas de longo prazo.

Argentina entre o populismo penal e a pressão social

A proposta de Milei reflete uma tendência regional de populismo penal, na qual governos adotam respostas punitivas rápidas para conter o aumento da violência.

Por outro lado, especialistas, como o sociólogo Ricardo Di Tella, da Universidade de Buenos Aires, alertam que “sem reformar a polícia e o sistema prisional, a repressão isolada é ineficaz”.

Mesmo assim, o governo mantém o tom firme. Para Milei, “a tolerância zero é o único caminho para garantir liberdade e segurança”, frase que ele repete com frequência em discursos e entrevistas.

O que o futuro reserva para a Argentina?

Com o debate em andamento, o país se prepara para uma disputa legislativa acirrada. Se aprovada, a reforma pode redefinir o sistema penal argentino e mudar a forma como o Estado lida com o crime.

Porém, críticos afirmam que o endurecimento da lei pode ampliar desigualdades sociais sem reduzir de fato a violência.

Assim, a Argentina enfrenta uma escolha crucial: priorizar punições mais severas ou investir em políticas sociais para restaurar a segurança.

E você, o que acredita ser mais eficaz para reduzir a criminalidade: prisões mais duras para jovens ou educação e inclusão social?

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Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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