Na Argentina, Javier Milei abriu a porta para salários, contratos e negócios em qualquer moeda — dólar, ouro ou até Bitcoin — como parte de sua agenda de acabar com o Banco Central.
A Argentina deu mais um passo em direção a uma política econômica inédita no continente. O presidente Javier Milei, em meio à crise econômica que atinge o país, avançou com sua promessa de campanha: enfraqueceu o poder do Banco Central e liberou a utilização de moedas alternativas, como dólar, ouro e Bitcoin, em contratos de trabalho, negócios e transações cotidianas. Para o analista Fernando Ulrich, a medida busca enfrentar a inflação crônica que, segundo Milei, é consequência direta da emissão descontrolada de pesos.
Na prática, empresas e trabalhadores podem agora escolher em qual moeda negociar salários ou formalizar contratos, rompendo com o monopólio da moeda nacional. O presidente, que já havia defendido o fechamento do Banco Central, vê essa abertura como uma forma de devolver liberdade aos argentinos e criar um ambiente econômico menos vulnerável às crises de confiança.
Fim do monopólio do peso argentino
Historicamente, a moeda nacional argentina sofre com desvalorizações frequentes e inflação de dois dígitos. Milei acusa o Banco Central de ser o responsável direto por esse processo, ao expandir a base monetária para financiar gastos do governo. A resposta encontrada foi quebrar o monopólio do peso, permitindo que trabalhadores e empresários escolham o ativo mais confiável para preservar valor.
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A decisão aproxima a Argentina de experiências pouco comuns no mundo. Países como El Salvador adotaram o Bitcoin como moeda oficial, mas restringiram a escolha a uma alternativa específica. Já o modelo de Milei é diferente: ele cria uma concorrência aberta entre moedas, em que cada cidadão pode optar pelo meio de pagamento que considera mais seguro.
Dólar, ouro e criptomoedas no dia a dia
Na prática, a preferência imediata tende a recair sobre o dólar americano, que já é amplamente utilizado na economia argentina, especialmente em transações imobiliárias e de alto valor. Mas a legislação também abre espaço para contratos em ouro e até em Bitcoin, que passa a disputar espaço no mercado de trabalho formal. Para os defensores da medida, isso protege os cidadãos da corrosão inflacionária do peso, permitindo preservar renda em moedas mais fortes.
Por outro lado, críticos alertam que a abertura pode aumentar a desigualdade entre quem tem acesso a moedas fortes e quem continua recebendo em pesos. Além disso, o uso de criptomoedas ainda enfrenta desafios de regulação, volatilidade e aceitação em larga escala.
Impactos no cenário internacional e no Brasil
A medida transforma a Argentina em um laboratório econômico mundial. Se der certo, pode servir de exemplo para outros países em crise monetária; se falhar, reforçará o peso da ortodoxia econômica que Milei insiste em desafiar. Para o Brasil, vizinho e principal parceiro comercial, o impacto é direto: contratos bilaterais e cadeias de fornecimento podem ser afetados pela multiplicidade de moedas em circulação.
Especialistas como Fernando Ulrich destacam que a Argentina, ao permitir salários e negócios em moedas alternativas, dá um passo radical rumo à liberdade financeira individual, mas assume riscos elevados de instabilidade e judicialização de contratos.
O desmonte do poder do Banco Central é um marco no governo Milei. Em vez de controlar a inflação com políticas monetárias tradicionais, a aposta é na descentralização e na livre escolha. O país enfrenta, no entanto, o desafio de criar confiança suficiente para que investidores, empresas e trabalhadores aceitem esse novo modelo em um ambiente já fragilizado por décadas de crises.
E você, acredita que permitir salários em dólar, ouro ou Bitcoin pode ser a saída para a crise econômica argentina? Essa liberdade monetária pode inspirar outros países ou é um risco descontrolado? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir sua visão sobre esse experimento inédito.