Em 2021, a indústria mundial de carros deve deixar de produzir entre 10 milhões e 12 milhões de veículos devido à falta de microchips
A escassez mundial de microchips semicondutores, que estagnou as indústrias de diferentes segmentos em todo o planeta, incluindo o Brasil, permanecerá no ano que vem e poderá afetar o mercado também em 2023, devido à desarmonia entre oferta e demanda. De 2020 a 2022, o aumento da capacidade de produzir das fabricantes de microchips chega a cerca dos 6%, ao passo que a demanda registra alta de 17%.
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Contudo, o que também representa um problema é que os microchips são usados não só em carros, mas também em computadores, celulares e vários outros produtos, apesar de o setor automotivo ter sido o mais afetado.
Em 2021, a indústria global perderá entre 10 milhões e 12 milhões de carros, que não terão sido produzidos devido à falta de microchips, conforme prevê a consultoria BCG. No Brasil, são 300 mil unidades a menos. Para 2022, o número global baixa para 5 milhões, e o brasileiro para cerca de 150 mil.
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A maioria dos carros utiliza microchips mais antigos, e as fabricantes dão prioridade ao atendimento de compradores que utilizam as novas gerações. Uma das motivações para esse fato, é que os modelos atuais garantem maior retorno financeiro, de acordo com a conclusão do mais recente estudo global da consultoria Roland Berger.
Nos dias atuais, os carros movidos a combustão usam somente 5% de semicondutores mais avançados e, os elétricos, 50%. A prioridade maior dos novos investimentos é ampliar a produção dos microchips mais avançados, o que não aliviará a realidade das montadoras que sofrem com a falta dos chips.
Somente as companhias de capital de risco devem aplicar mais de US$ 6 bilhões em fabricantes de microchips no próximo ano, segundo cálculos da consultoria Deloitte. Há novas fábricas sendo erguidas, mas levam em média dois a três anos para ficarem prontas.
A escala de consumo também impacta contra as montadoras. “Só a linha de iPhone da Apple é mais importante para o produtor do que toda a indústria automotiva, o que tira poder de barganha das empresas do setor, assim como prioridade no atendimento”, afirma Marcus Ayres, sócio-diretor responsável pela prática Industrial da Roland Berger na América Latina.
Impactos da falta de microchips
Os problemas não afetarão da mesma forma todos os produtores. Pelo menos uma das grandes montadoras de carros sediadas no Brasil, a Volkswagen, espera deixar 1,5 mil trabalhadores da fábrica do ABC paulista afastados até o mês de abril pela falta dos microchips.
Na unidade de Taubaté (SP), todos os funcionários da produção sairão de férias coletivas por 30 dias a partir de 4 de janeiro, logo após o recesso de duas semanas, concedido no fim de ano. No mês seguinte, 1,2 mil trabalhadores estarão em lay-off no período de dois a cinco meses.