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Micróbio geneticamente modificado acelera extração de terras raras e captura carbono em alta velocidade

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 06/06/2025 às 17:20
Micróbio
Foto: Reprodução
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Micróbio modificado extrai terras raras com 73% mais eficiência e captura carbono 58 vezes mais rápido, sem agredir o meio ambiente.

No esforço global por energia limpa e combate às mudanças climáticas, cientistas encontraram um aliado inesperado: um micróbio comedor de metais. Chamado Gluconobacter oxydans, ele está sendo reprogramado para substituir equipamentos pesados e produtos químicos tóxicos na extração de elementos de terras raras.

Esse pequeno organismo não apenas extrai metais das rochas, mas também acelera a capacidade natural da Terra de reter dióxido de carbono, oferecendo um duplo benefício para o meio ambiente.

Ajustes genéticos ampliam a eficiência

Cientistas da Universidade Cornell desenvolveram novas modificações genéticas na G. oxydans. Com essas alterações, o micróbio aumentou sua capacidade de extração de terras raras em até 73%, sem provocar os danos ambientais associados à mineração tradicional.

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Além disso, os mesmos ajustes genéticos permitiram que a bactéria acelerasse a captura natural de carbono em 58 vezes. Isso ocorre através da transformação de rochas comuns em sistemas de armazenamento de CO₂ de longo prazo.

“Mais metais terão que ser extraídos neste século do que em toda a história da humanidade, mas as tecnologias tradicionais de mineração são extremamente prejudiciais ao meio ambiente”, explicou Buz Barstow, professor associado de engenharia biológica e ambiental na Faculdade de Agricultura e Ciências Biológicas de Cornell.

Barstow destacou ainda que os Estados Unidos dependem de fontes estrangeiras, como a China, para obter esses elementos. Isso cria riscos de interrupção na cadeia de suprimentos, tornando ainda mais relevante a busca por alternativas sustentáveis.

Como o micróbio transforma as rochas

Metais como magnésio, ferro e cálcio reagem naturalmente com o dióxido de carbono, formando minerais que retêm o gás permanentemente. Os micróbios modificados pela Cornell potencializam esse processo ao quebrar as rochas de forma mais rápida, expondo maior quantidade de metal ao CO₂ e transformando o próprio solo em uma armadilha de carbono.

“O que estamos tentando fazer é aproveitar processos que já existem na natureza, mas turbinar sua eficiência e melhorar a sustentabilidade”, afirmou Esteban Gazel, professor Charles N. Mellowes em Engenharia na mesma universidade.

Explorando o código genético da bactéria

Buscando ampliar o potencial do micróbio, os cientistas de Cornell analisaram profundamente o código genético da G. oxydans. Com apenas duas edições no genoma, conseguiram torná-lo ainda mais eficiente na dissolução de rochas. Uma das alterações aumentou a produção de ácido, enquanto a outra removeu limites internos que restringiam a recuperação de terras raras.

Contudo, o ácido produzido não era o único mecanismo disponível. Em um estudo adicional, os pesquisadores eliminaram genes um a um em uma cepa de alto desempenho. Assim, identificaram 89 genes ligados ao processo de biolixiviação, sendo 68 deles nunca antes relacionados à extração de metais. Essa descoberta permitiu elevar a eficiência da extração em mais de 100%.

Captura de carbono em condições naturais

Outro estudo conduzido pela equipe mostrou que a G. oxydans pode acelerar a captura de carbono sem necessidade de altas temperaturas, pressão elevada ou produtos químicos agressivos. Ao decompor rochas ricas em magnésio e ferro, esses elementos se unem ao dióxido de carbono, formando minerais sólidos como o calcário, que armazenam permanentemente o carbono.

“Esse processo pode ocorrer em condições ambientais, a baixas temperaturas, e não envolve o uso de produtos químicos agressivos”, afirmou Joseph Lee, aluno de doutorado e autor principal do estudo. “Ele absorve CO₂ naturalmente e o armazena permanentemente como minerais. Também estamos recuperando outros metais essenciais para a energia, como o níquel, como subprodutos. É uma solução dupla.”

Do laboratório ao mundo real

Com financiamento da National Science Foundation, do Departamento de Energia dos Estados Unidos, da Cornell Atkinson e de ex-alunos doadores, o trabalho agora avança do laboratório para aplicações práticas.

A pesquisa, publicada nas revistas Communications Biology e Scientific Reports, foi liderada por Alexa Schmitz. Atualmente, ela atua como CEO da REEgen, uma startup sediada em Ithaca que busca comercializar a tecnologia desenvolvida.

A combinação de eficiência na extração de metais e na captura de carbono coloca a G. oxydans como uma ferramenta promissora diante dos desafios ambientais e de abastecimento de recursos no século XXI.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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