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Meteoritos de 500 milhões de anos encontrados no Saara podem ser primeiros fragmentos de mercúrio na Terra!

Escrito por Sara Aquino
Publicado em 16/07/2025 às 19:43
Cientistas encontram meteoritos no Saara que podem ser fragmentos inéditos de Mercúrio, revelando novas pistas sobre o planeta.
Foto Divulgação Jovem Pan.
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Cientistas encontram meteoritos no Saara que podem ser fragmentos inéditos de Mercúrio, revelando novas pistas sobre o planeta.

Dois meteoritos raros, achados em 2023 no deserto do Saara, estão movimentando a comunidade científica global.

Os fragmentos — nomeados Northwest Africa 15915 (NWA 15915) e Ksar Ghilane 022 (KG 022) — estão sendo analisados por pesquisadores da Universidade Aberta do Reino Unido, que suspeitam que eles possam ter vindo diretamente de Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol. A descoberta foi publicada em junho na revista científica Icarus.

A identificação exata da origem dos meteoritos ainda não foi confirmada, mas o estudo liderado pelo especialista Ben Rider-Stokes representa um avanço significativo.

Com base em análises químicas e mineralógicas detalhadas, a hipótese de que essas rochas tenham se formado em Mercúrio ganhou força. A comprovação, no entanto, depende de novas amostras ou futuras missões espaciais.

Meteoritos no Saara: achados que podem mudar a história

Os meteoritos foram encontrados em regiões diferentes do Saara, local já conhecido por abrigar importantes descobertas espaciais.

Mas o que realmente surpreendeu os cientistas foi a composição química das amostras, que apresenta olivina e piroxênio pobres em ferro — minerais já identificados em Mercúrio pela sonda MESSENGER, da NASA.

Além disso, análises feitas por microscopia eletrônica revelaram uma ausência quase total de ferro, compatível com as características da crosta mercuriana. Esses indícios levantam a possibilidade de que os meteoritos sejam, de fato, os primeiros pedaços conhecidos de Mercúrio a chegarem à Terra.

Por que Mercúrio é tão difícil de estudar?

Mercúrio é o planeta rochoso mais próximo do Sol e, por isso, representa um enorme desafio para a exploração espacial. Até hoje, apenas duas missões não tripuladas conseguiram estudá-lo: a Mariner 10 (1973) e a MESSENGER (2004).

A terceira missão, a BepiColombo, está prevista para entrar em órbita ao redor do planeta apenas em 2026.

Com uma superfície extremamente quente e uma gravidade elevada, Mercúrio não facilita o lançamento de fragmentos espaciais durante colisões com asteroides — ao contrário da Lua e de Marte, que já somam mais de 1.100 meteoritos identificados na Terra.

Isso torna a descoberta de um fragmento de Mercúrio algo inédito e altamente valorizado pela ciência.

A química dos meteoritos combina com Mercúrio?

O que mais empolgou a equipe de Ben Rider-Stokes foi a química “praticamente perfeita” das rochas em relação às informações obtidas pela MESSENGER.

Ainda assim, há pontos que levantam dúvidas. Um deles é a idade dos meteoritos, estimada em 500 milhões de anos a mais do que a própria crosta de Mercúrio.

Segundo os pesquisadores, essa aparente contradição pode ser fruto de estimativas imprecisas. Rider-Stokes é cauteloso: “Até retornarmos material de Mercúrio ou visitarmos sua superfície, será muito difícil provar ou refutar com confiança uma origem mercuriana para essas amostras.”

Tentativas anteriores de ligar meteoritos a Mercúrio

Esta não é a primeira vez que cientistas sugerem a origem mercuriana para um meteorito. Em 2012, um fragmento chamado NWA 7325 também chamou atenção, mas análises posteriores revelaram níveis de cromo incompatíveis com Mercúrio.

Mais recentemente, uma classe de meteoritos conhecida como aubritos também foi investigada, porém a composição química divergente os afastou de Mercúrio.

A diferença agora está na coerência mineralógica apresentada pelos fragmentos NWA 15915 e KG 022. A esperança é que, com a chegada da missão BepiColombo, seja possível comparar diretamente amostras coletadas com os meteoritos encontrados no Saara.

Se confirmada, essa descoberta pode representar um divisor de águas na astrobiologia e geologia planetária.

Com tão poucos dados sobre Mercúrio disponíveis, cada novo indício é valioso para ampliar a compreensão sobre o passado do Sistema Solar e a formação de planetas rochosos.

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Sara Aquino

Farmacêutica Generalista e Redatora. Escrevo sobre Empregos, Cursos, Ciência, Tecnologia e Energia. Apaixonada por leitura, escrita e música.

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