Mergulhadores recuperaram mais de mil moedas de ouro e prata perdidas há 300 anos, pertencentes a uma antiga frota espanhola. O tesouro, avaliado em mais de um milhão de dólares, revela segredos da era colonial
O mar guardou por mais de 300 anos um segredo de valor incalculável. Um grupo de mergulhadores encontrou recentemente mais de mil moedas de ouro e prata pertencentes a uma antiga frota espanhola que naufragou no século XVIII. O achado, resultado de uma operação de mergulho profissional, foi descrito por especialistas como um dos resgates marítimos mais importantes das últimas décadas, com valor estimado superior a um milhão de dólares.
A descoberta reacende o fascínio global por uma das maiores tragédias navais da era colonial: o naufrágio da chamada “Frota do Tesouro de 1715”, que desapareceu em meio a um furacão devastador quando retornava à Europa carregada de riquezas extraídas das Américas.
O naufrágio que marcou a história naval espanhola
No verão de 1715, uma frota composta por 12 embarcações espanholas zarpou do porto de Havana rumo à Península Ibérica. Elas transportavam o resultado de anos de exploração colonial: barras de prata, moedas de ouro, esmeraldas, porcelanas e especiarias enviadas do México e do Peru.
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A travessia, porém, terminou em tragédia. No dia 31 de julho, um furacão de categoria histórica atingiu a frota em pleno mar, destruindo 11 dos 12 navios. Centenas de tripulantes morreram, e o que restou afundou em questão de horas. Durante séculos, os destroços permaneceram escondidos sob camadas de areia e sedimentos.
Na época, o desastre representou uma perda colossal para a Coroa espanhola. Calcula-se que o valor total das cargas ultrapassava o equivalente a 400 milhões de dólares atuais, parte essencial das finanças do império.
Um mergulho que fez história
Mais de três séculos depois, mergulhadores profissionais voltaram a explorar a área sob autorização oficial. A equipe, composta por arqueólogos marinhos e especialistas em resgate subaquático, realizou a operação durante o verão, em condições climáticas ideais.
Enquanto vasculhavam o fundo do mar, os mergulhadores encontraram fragmentos metálicos e pequenas moedas cobertas por sedimentos. Ao escavar com cuidado, perceberam que estavam diante de um verdadeiro tesouro: 1.003 moedas entre ouro e prata, algumas com inscrições visíveis e brasões da Espanha colonial.
Segundo os relatórios técnicos, muitas das moedas estavam empilhadas e presas em concreções minerais, o que indica que ficaram protegidas por depósitos de areia durante séculos. Entre os objetos resgatados, havia também pequenos artefatos náuticos, fragmentos de cerâmica e partes corroídas de baús metálicos usados para transporte das cargas.
Valor histórico e científico da descoberta
Mais do que o valor monetário, o achado oferece uma nova janela para a arqueologia marítima e o comércio colonial do início do século XVIII. As moedas, cunhadas em diferentes casas da América espanhola — como México, Lima e Potosí —, revelam as rotas econômicas e políticas de um império que dominava o Atlântico.
Os especialistas destacam que muitas das peças resgatadas são reais de oito, popularmente conhecidas como pieces of eight, símbolo do comércio global e base de diversas moedas modernas. Essas moedas eram o “dólar” da época: circulavam entre a Europa, a África e a Ásia como padrão de valor universal.
Arqueólogos marítimos explicam que, por estarem em águas rasas, os destroços da frota foram parcialmente deslocados ao longo dos séculos por tempestades e correntes, o que explica a dispersão dos achados. Ainda assim, a descoberta recente é uma das mais completas desde a década de 1960, quando começaram as primeiras operações sistemáticas de busca.
Preservação e destino do tesouro
De acordo com as normas de patrimônio marítimo, todo o material recuperado deverá passar por um processo rigoroso de limpeza e conservação, conduzido por especialistas em metais antigos. Após a análise e registro, parte das moedas será exibida em museus dedicados à história naval e à arqueologia subaquática.
As empresas e mergulhadores envolvidos no resgate atuam sob licença governamental, e o material será avaliado por autoridades para determinar o percentual que permanecerá sob custódia pública e o que poderá ser destinado aos descobridores, conforme as leis locais.
O líder da equipe de resgate destacou em entrevista que o objetivo principal não é o lucro, mas a preservação da memória histórica: cada moeda recuperada representa o testemunho físico de um período de expansão marítima, exploração e tragédias humanas.
O fascínio duradouro pelos tesouros submersos
Descobertas como essa continuam a capturar a imaginação coletiva. A combinação entre o mistério do oceano, o perigo das expedições e o valor histórico dos achados cria um enredo irresistível. Para os arqueólogos, esses eventos são mais do que simples reencontros com o passado: são pontes entre civilizações, mostrando como o comércio, a ambição e a tragédia moldaram o mundo moderno.
A recuperação das mais de mil moedas reforça a importância da arqueologia marinha como disciplina científica e mostra que, mesmo após séculos, o fundo do mar ainda guarda histórias que desafiam o tempo e a ganância humana.
O episódio reacende o interesse global por outros naufrágios lendários — e deixa uma certeza poética: enquanto houver oceanos, sempre haverá tesouros esperando para serem redescobertos.