BP encontra campo de petróleo promissor e reacende entusiasmo do setor
Em agosto de 2024, a BP anunciou a descoberta de Bumerangue, um gigantesco campo de petróleo na costa brasileira.
A revelação foi classificada pelo presidente-executivo Murray Auchincloss como a mais significativa da companhia em 25 anos.
O anúncio resultou em alta imediata de 8% nas ações em Londres, superando seus pares no setor energético.
Essa movimentação sinalizou ao mercado que a preocupação com ativos encalhados pode estar diminuindo.
O anúncio reforçou também a relevância do Brasil no mapa energético mundial.
Detalhes técnicos da descoberta offshore
A BP precisará de meses para concluir a avaliação do campo recém-descoberto.
Os primeiros resultados revelaram uma coluna de hidrocarbonetos de 500 metros no pré-sal brasileiro.
O reservatório pode se estender por mais de 300 quilômetros quadrados, segundo especialistas em energia.
O Oxford Institute for Energy Studies estima potencial entre 2 bilhões e 2,5 bilhões de barris recuperáveis.
Caso plenamente desenvolvido, o projeto poderia produzir até 400 mil barris diários durante décadas.
Esse volume consolidaria a posição da BP no mercado global.
A empresa planeja elevar os investimentos anuais em upstream em 20%, alcançando US$ 10 bilhões até 2027.
O objetivo é manter a produção entre 2,3 milhões e 2,5 milhões de barris por dia até 2030.
Histórico da exploração e ativos encalhados
Nas duas últimas décadas, as reservas sempre foram métricas fundamentais para investidores do setor de energia.
Entre 1995 e 2013, os gastos em exploração subiram de US$ 5 bilhões para mais de US$ 35 bilhões anuais, de acordo com a Thunder Said Energy.
Após o Acordo de Paris em 2015 e a queda do preço do petróleo, os custos aumentaram e os retornos encolheram.
Empresas como ExxonMobil, Chevron, Shell, BP e TotalEnergies reduziram os investimentos para menos de US$ 10 bilhões anuais.
Em 2024, as reservas da BP eram de 6,25 bilhões de barris equivalentes, queda de 8% em relação ao ano anterior.
Esse volume equivale a apenas 7,25 anos de produção, em comparação aos 15 anos registrados uma década atrás.
-
Prio obtém licença para interligar até 11 poços em Wahoo, com expectativa de 40 mil barris por dia
-
Mercado de petróleo: volatilidade crônica se torna a nova realidade
-
Petrobras reforça presença na África com aquisição estratégica de 27,5% no Bloco 4 em São Tomé e Príncipe
-
Ministro do governo Lula defende exploração de petróleo na margem equatorial como estratégia para fortalecer o Brasil
Redirecionamento estratégico das majors de energia
O cenário do setor está mudando de forma acelerada.
Após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, a segurança energética ganhou destaque global.
A demanda global aumentou também com o crescimento da inteligência artificial, que impulsionou a necessidade de energia.
O CEO da Chevron, Mike Wirth, declarou em agosto de 2024 que os resultados recentes de exploração eram insatisfatórios.
A companhia norte-americana ampliaria os investimentos, inclusive em novas bacias como Suriname, Namíbia e Egito.
A consultoria Rystad estimou que ainda existam 1,5 trilhão de barris potencialmente recuperáveis, mas ressaltou a necessidade de grandes aportes financeiros.
A Agência Internacional de Energia prevê estabilidade da demanda até 2030.
A Opep, por sua vez, acredita em crescimento contínuo até 2050.
Impactos no setor energético global
A descoberta de Bumerangue surge em um momento decisivo para o setor de energia, portanto, reforça expectativas sobre o futuro da indústria.
A BP, avaliada em US$ 93 bilhões, enfrenta desafios de reposição de reservas e, além disso, encara forte pressão de investidores para manter competitividade.
O campo brasileiro pode ser o divisor de águas, assim, torna-se capaz de redefinir a trajetória da companhia e, consequentemente, influenciar o setor global.
O entusiasmo do mercado reforça a percepção de que a era de ativos encalhados talvez esteja se esgotando e, por isso, cria otimismo entre analistas.
Há também necessidade de garantir suprimento energético em meio à transição para fontes renováveis e, dessa forma, a BP reafirma a importância estratégica do Brasil.
A BP retoma sua estratégia dos anos 2000 e, nesse sentido, sinaliza que o país segue como peça central no tabuleiro energético mundial.