Boletim Focus revela que especialistas reajustaram para cima a projeção da inflação brasileira em 2025, indicando maior cautela no cenário econômico nacional.
O mercado financeiro aumentou novamente a previsão da inflação para o ano de 2025. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador inflacionário do Brasil, deve fechar o ano em 5,68%. Essa é a segunda alta seguida nas projeções feitas pelos analistas consultados semanalmente pelo Banco Central (BC).
A informação consta no relatório Focus, publicado nesta segunda-feira (10/3), que ouve mais de 100 especialistas do mercado financeiro. O relatório compila as expectativas de mercado sobre economia, inflação, juros e câmbio.
Meta de inflação e situação atual
A inflação projetada de 5,68% para 2025 está bem acima da meta estabelecida pelo governo, de 3%. O regime de meta prevê uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Isso significa que o teto da meta inflacionária é de 4,5%, número bastante abaixo da previsão atual do mercado.
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O próprio Banco Central reconhece que as chances de descumprir a meta são altas. Em relatório anterior, a autoridade monetária indicou uma probabilidade de 50% de o país ultrapassar o teto inflacionário ao fim deste ano.
Selic segue alta
Apesar da revisão para cima na inflação, o mercado financeiro não alterou sua previsão para a taxa básica de juros, a Selic. Pela nona semana seguida, a previsão permanece em 15% ao ano para o final de 2025.
A expectativa é que a Selic permaneça acima de dois dígitos ao menos até 2028. Para 2026, por exemplo, a taxa estimada é de 12,50%, enquanto para 2027 e 2028 as previsões são de 10,50% e 10%, respectivamente.
Atualmente, a Selic está em 13,25%, e o mercado projeta novo aumento para março. Caso o Comitê de Política Monetária (Copom) confirme a alta esperada de um ponto percentual, a taxa básica alcançará 14,25% já no início deste ano.
Crescimento do PIB estabilizado
Quanto ao crescimento econômico, a previsão de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025 segue em 2,01%. A estimativa do mercado está muito próxima à do Banco Central (2,1%) e um pouco abaixo da projeção da Secretaria de Política Econômica, que é de 2,3%.
As previsões do PIB para os próximos anos não sofreram alterações significativas. O crescimento estimado é de 1,70% em 2026 e 2% para 2027 e 2028.
Dólar estável
O mercado manteve suas projeções para o câmbio. Em 2025, espera-se que o dólar fique em R$ 5,99, enquanto para 2026 a estimativa é de R$ 6. Nos anos seguintes, o valor deve recuar ligeiramente para R$ 5,90 em 2027 e 2028.
A próxima divulgação importante ocorre nesta quarta-feira (12/3), quando o IBGE apresenta os dados oficiais do IPCA de fevereiro.