Relatório do BTG indica que o setor de petróleo e gás do Brasil terá impacto reduzido com tarifas dos EUA. Redirecionamento para Ásia e Europa pode mitigar efeitos.
O setor de petróleo e gás do Brasil poderá sofrer um impacto restrito, mesmo após a imposição de uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na quinta-feira (10), segundo relatório divulgado pelo BTG Pactual.
Apesar da gravidade política da medida, a análise do banco aponta que a estrutura globalizada do mercado e a diversidade de parceiros comerciais podem amenizar os efeitos diretos sobre o país.
As exportações de petróleo e derivados para os EUA totalizaram US$ 7,6 bilhões em 2024, o que representa 13,4% das vendas externas do setor e 18,8% do total exportado pelo Brasil aos americanos.
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Ainda assim, o BTG afirma que o país pode redirecionar parte dos embarques para mercados como Ásia, Europa e Oriente Médio, que têm interesse no petróleo leve e com baixo teor de enxofre, como o extraído do pré-sal brasileiro.
Petrobras deve driblar efeitos com redirecionamento
Para a Petrobras, o impacto será ainda menor. Apenas 4% das exportações da estatal no primeiro trimestre de 2025 foram destinadas aos EUA. O relatório do BTG ressalta:
“Em termos absolutos, acreditamos que esse é um volume pequeno e que a Petrobras deve conseguir redirecionar esse fluxo de exportação com facilidade para outro país”.
Essa capacidade de adaptação fortalece a resiliência do setor frente às oscilações geopolíticas.
Risco para distribuidores e setor petroquímico
Por outro lado, os distribuidores de combustíveis podem ser mais afetados, caso o Brasil adote uma política de reciprocidade. Isso porque os EUA são grandes fornecedores de diesel para o mercado brasileiro. A introdução de tarifas sobre as importações pode elevar os custos logísticos e pressionar os preços.
O setor petroquímico é apontado como o mais vulnerável. Em 2024, os EUA exportaram US$ 10,4 bilhões em produtos petroquímicos para o Brasil, enquanto o país enviou apenas US$ 2,4 bilhões ao mercado americano. Segundo o BTG,
esse desequilíbrio mostra uma forte dependência de insumos críticos, como o polietileno (PE), cuja substituição por fornecedores asiáticos ou do Oriente Médio esbarra em desafios logísticos e tecnológicos.
Incertezas persistem sobre isenção de produtos
O relatório também menciona uma ordem executiva assinada por Trump em abril de 2025, que exclui alguns itens das novas tarifas, como semicondutores, madeira, farmacêuticos e minerais críticos. No entanto, não há clareza se o petróleo cru permanecerá isento, como em rodadas anteriores de sanções.
“Como a carta enviada ao presidente Lula não alterou a ordem executiva nem incluiu um anexo específico para o Brasil, a lista mencionada continua sendo o único conjunto válido de exceções”, conclui o BTG.
Apesar do clima de tensão entre Brasil e EUA, o setor de petróleo e gás do Brasil, segundo o BTG, tem fôlego para manter sua performance no mercado internacional. A flexibilidade logística e a demanda global por petróleo leve podem proteger a indústria nacional, mesmo diante de novos desafios geopolíticos.