O que está acontecendo com o mercado de cervejas no Brasil. Concorrência acirrada, mudança de hábitos e novas estratégias redefinem o setor no país
O mercado de cervejas no Brasil vive uma transformação profunda, marcada por novos hábitos de consumo, maior diversidade de marcas e disputas cada vez mais acirradas entre gigantes do setor. O que antes era dominado por poucos rótulos populares hoje se divide entre opções artesanais, versões premium e cervejas sem álcool.
Segundo o Invest News, essa virada é resultado de consumidores mais exigentes, que não compram mais no “piloto automático” e escolhem bebidas de acordo com a ocasião. A mudança vem alterando o equilíbrio de forças entre as líderes e exigindo inovação constante para manter o copo cheio — com ou sem álcool.
De domínio absoluto à fragmentação do consumo
Até o início dos anos 2000, marcas como Skol, Brahma e Antarctica, da Ambev, reinavam com ampla vantagem, chegando a deter mais de 70% do mercado. A estratégia era clara: preços baixos, distribuição nacional e campanhas publicitárias que entraram para a cultura popular.
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Nos últimos anos, no entanto, dois movimentos mudaram o cenário. De um lado, o crescimento das cervejas artesanais nas grandes cidades, conquistando público fiel. De outro, a expansão agressiva da Heineken, que elevou sua participação para cerca de 25% do mercado, com forte presença em bares, ativações de marca e associação a um estilo de vida mais sofisticado.
A aposta na premiumização e na inovação
O fenômeno da “premiumização” fez com que a cerveja deixasse de ser apenas uma bebida para se tornar parte de experiências específicas. O consumidor passou a alternar entre uma Pilsen comum, uma IPA artesanal ou uma cerveja zero álcool em uma mesma semana — prática conhecida como zebra striping.
Para enfrentar a nova concorrência, a Ambev intensificou a inovação. Lançou rótulos como a Estella Pure Gold (sem glúten e com menos calorias) e a Corona Sunbrew (sem álcool e com vitamina D). Também usou dados do aplicativo Zé Delivery para testar produtos regionalmente, como ocorreu com a Spaten, que ganhou escala após superar concorrentes internas em testes de mercado.
Corte de marcas e foco nas “mega brands”
Além da inovação, veio a simplificação do portfólio. A Ambev decidiu concentrar esforços em suas “mega brands” — Brahma, Spaten, Budweiser e Corona — deixando de lado rótulos históricos que não acompanhavam o desempenho esperado, como Bohemia e Antarctica.
Essa estratégia segue a chamada “economia ampulheta”, em que crescem tanto as opções de baixo custo quanto as experiências premium, enquanto o segmento intermediário perde espaço. Assim, uma Brahma Duplo Malte pode ser vista como acessível e especial ao mesmo tempo, enquanto IPAs e artesanais ocupam o nicho de luxo acessível.
Saúde, moderação e o futuro do setor
Outro fator que vem moldando o mercado de cervejas no Brasil é a preocupação com saúde e moderação no consumo de álcool. Jovens bebem menos, e cresce a procura por rótulos com menos calorias e versões sem álcool. No exterior, a tendência é semelhante: nos EUA, a Michelob Ultra — voltada a consumidores que buscam estilo de vida saudável — aumentou suas vendas, enquanto marcas tradicionais perderam espaço.
De acordo com a Euromonitor, a expectativa é que o mercado brasileiro cresça apenas 1% ao ano até 2029, indicando que o desafio das fabricantes não será apenas vender mais, mas conquistar o consumidor certo para cada ocasião de consumo.
E você, já mudou sua forma de consumir cerveja? Prefere marcas populares, premium ou sem álcool? Compartilhe sua opinião nos comentários — sua experiência pode mostrar para onde o mercado está indo.