No coração de Curitiba, um microapartamento de apenas 9,8 m² tem chamado a atenção por ser considerado o menor do Brasil. O espaço reduzido não impediu que ele alcançasse alto valor no mercado: o preço inicial é de R$ 150 mil, com aluguel médio de R$ 1.200 mensais. Além disso, o condomínio gira em torno de R$ 400, já incluindo internet, o que reforça o perfil moderno e funcional do empreendimento.
A busca por moradia em grandes centros urbanos do Brasil vem transformando o conceito de apartamento. Hoje, iremos falar do que pode ser o menor apartamento do Brasil.
Com preços elevados, terrenos cada vez mais escassos e uma população que busca praticidade em regiões centrais, surgiram os chamados microapartamentos, que apostam em espaços extreamente reduzidos.
Nesse cenário, dois empreendimentos chamaram atenção nacionalmente: o Vivart, em Curitiba, com unidades de apenas 9,8 m², considerado o menor apartamento do Brasil, e o VN Higienópolis, em São Paulo, que durante anos foi referência por oferecer moradias de 10 m².
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Esses dois casos revelam não apenas o limite físico da habitação compacta, mas também o debate sobre qualidade de vida, legislação urbana e o impacto das novas formas de morar em metrópoles cada vez mais congestionadas.
O caso de Curitiba: 9,8 m² no Vivart
Em Curitiba, a construtora Basesul lançou em 2023 o empreendimento Vivart, no bairro Rebouças, com apartamentos de 9,8 m².
O anúncio causou polêmica porque ultrapassou a barreira psicológica dos 10 metros quadrados, algo que já parecia apertado demais.
As unidades são equipadas com cama retrátil, cozinha compacta, banheiro completo e espaço que se transforma em área de estudo ou refeição.
A aposta da construtora é na chamada versatilidade do mobiliário inteligente, um conceito já popular em países como Japão e Hong Kong, onde apartamentos minúsculos são comuns.
Apesar do tamanho reduzido, os imóveis contam com áreas comuns amplas para compensar a limitação privativa.
O Vivart oferece academia, lavanderia compartilhada, espaços de coworking e áreas de convivência, voltados principalmente para jovens profissionais, estudantes e investidores que buscam rentabilidade em locações de curta duração, como o Airbnb.
O preço, por outro lado, não é tão compacto: unidades desse porte foram anunciadas na faixa dos R$ 100 mil a R$ 120 mil, o que representa um valor por metro quadrado extremamente elevado quando comparado a apartamentos maiores na mesma cidade.
No ano passado, uma unidade foi anunciada por R$ 150 mil. Já a locação gira em torno de R$ 1.200 por mês e a taxa de condomínio é de aproximadamente R$ 400.
O pioneiro de São Paulo: 10 m² em Higienópolis
Antes de Curitiba assumir a liderança na “miniaturização”, o título de menor apartamento do Brasil era atribuído ao empreendimento VN Higienópolis, no bairro Santa Cecília, em São Paulo.
O projeto oferecia unidades de 10 m² — ligeiramente maiores que as de Curitiba, mas ainda assim consideradas microapartamentos em qualquer padrão.
Localizado em uma região central e valorizada, o VN Higienópolis foi pensado para atender jovens solteiros, profissionais em trânsito e até mesmo estrangeiros que buscam um ponto de apoio temporário na capital paulista.
Assim como em Curitiba, a solução de design foi explorar móveis multifuncionais, com cama dobrável, prateleiras embutidas, cozinha reduzida e banheiro compacto.
O empreendimento se destacou pela proximidade com universidades, metrô e pela proposta de vida prática, conectada e centralizada.
Na época do lançamento, cada unidade custava em torno de R$ 200 mil, o que equivalia a mais de R$ 20 mil por metro quadrado — um valor considerado altíssimo para padrões nacionais, mas justificado pela localização premium e pelo apelo da novidade no mercado imobiliário.
A lógica dos microapartamentos
O surgimento desses imóveis tão pequenos não é por acaso.
Ele reflete um movimento de urbanização global em que o preço do metro quadrado dispara em áreas nobres e a solução encontrada pelas construtoras é reduzir a metragem privativa para tornar o investimento viável.
Segundo especialistas em urbanismo, esse tipo de projeto atende a um público muito específico:
- Jovens estudantes que buscam morar perto das universidades.
- Profissionais solteiros que priorizam a localização em detrimento do espaço.
- Investidores imobiliários interessados em transformar essas unidades em renda passiva com locações rápidas.
Além disso, os microapartamentos são frequentemente associados a um estilo de vida minimalista, no qual os moradores carregam poucos pertences e priorizam experiências fora de casa, como restaurantes, coworkings e espaços culturais.
Críticas e controvérsias
Apesar de seu apelo, os microapartamentos também geram intensas críticas. Psicólogos e urbanistas alertam para os impactos que morar em espaços tão reduzidos pode causar na saúde mental.
Ambientes apertados e com pouca ventilação podem gerar estresse, ansiedade e sensação de confinamento.
Outro ponto polêmico é a valorização artificial do metro quadrado, que pode tornar esse tipo de imóvel uma aposta arriscada no longo prazo.
Alguns especialistas afirmam que, em vez de solucionar o problema da moradia, os microapartamentos podem aprofundar a exclusão habitacional, já que atendem a um público restrito e não oferecem soluções para famílias ou trabalhadores de baixa renda.
Tendência ou limite?
No Brasil, a legislação de cada município define o tamanho mínimo permitido para um apartamento.
Enquanto em países asiáticos os microapartamentos são uma realidade consolidada, no Brasil a novidade ainda está em fase de experimentação.
Há quem veja nesses empreendimentos uma alternativa moderna, prática e alinhada ao futuro das cidades.
Outros, no entanto, os consideram um exagero de mercado, que compromete a qualidade de vida em nome do lucro.