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A obra de uma barragem colossal na África que custou US$ 4 bi, mas acendeu disputa entre Etiópia e Egito

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 06/08/2025 às 10:12
A Grande Barragem da Renascença Etíope, maior hidrelétrica da África, intensifica crise com o Egito pelo uso do Nilo Azul. Entenda o impacto ambiental, político e energético da obra.
A Grande Barragem da Renascença Etíope, maior hidrelétrica da África, intensifica crise com o Egito pelo uso do Nilo Azul. Entenda o impacto ambiental, político e energético da obra.
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A Grande Barragem da Renascença Etíope, maior hidrelétrica da África, intensifica crise com o Egito pelo uso do Nilo Azul. Entenda o impacto ambiental, político e energético da obra.

A Etiópia concluiu, em julho de 2025, a última fase da Grande Barragem da Renascença Etíope (GERD), uma gigantesca construção no rio Nilo Azul, a apenas 30 km da fronteira com o Sudão.

Com investimento de US$ 4 bilhões, a barragem forma um reservatório de 75 bilhões de metros cúbicos e visa gerar energia para até 60% da população etíope.

No entanto, a obra gerou forte reação do Egito, que considera o projeto uma ameaça à sua segurança hídrica e nacional.

Importância estratégica da barragem para a Etiópia

O projeto da barragem tem 1.800 metros de extensão e 145 metros de altura.

Além de beneficiar milhões de etíopes que viviam sem acesso à eletricidade, a Grande Barragem da Renascença Etíope dobrou a capacidade energética do país.

A Etiópia já exporta energia para Sudão, Sudão do Sul, Quênia, Djibuti e Eritreia.

Egito teme colapso hídrico com controle da barragem

Para o Egito, o Nilo Azul é vital: cerca de 97% da água doce consumida vem do rio.

A redução do fluxo pode comprometer o abastecimento urbano e a irrigação de cultivos como o algodão, essenciais para a economia do país.

A GERD representa uma ameaça existencial ao Egito”, declarou o governo egípcio, segundo a AP News.

Tratados coloniais ainda alimentam impasse

A tensão remonta ao Acordo das Águas do Nilo de 1929, que dava ao Egito controle sobre 48 bilhões de metros cúbicos de água por ano e proibia países a montante de realizar obras sem consentimento egípcio.

A Etiópia rejeita o tratado, alegando que ele é obsoleto e não vinculante.

Em 2015, Egito, Sudão e Etiópia assinaram uma Declaração de Princípios para cooperação no uso do Nilo Azul, mas o Egito alega que a Etiópia violou o acordo ao iniciar o enchimento do reservatório em 2020 sem consenso.

A Etiópia conta com apoio de 10 países africanos, incluindo Uganda, Ruanda e Tanzânia, por meio da Nile Basin Initiative, que defende o uso sustentável e equitativo do Nilo.

O Egito, isolado, buscou reforçar alianças como o acordo de defesa com a Somália, prevendo envio de até 10 mil soldados.

Crise com a Somália e reviravolta diplomática

Em 2024, a Etiópia firmou acordo com a Somalilândia, região separatista da Somália, para garantir acesso ao mar Vermelho. A iniciativa gerou tensão, e a Somália expulsou o embaixador etíope.

Posteriormente, com mediação da Turquia, Etiópia e Somália assinaram um tratado de reconciliação e resolveram o impasse, reafirmando a soberania somali sobre o território.

Estados Unidos e a controvérsia sobre financiamento

O presidente norte-americano Donald Trump afirmou que a barragem foi construída com “recursos americanos”, o que foi negado pelas autoridades etíopes.

Ao longo dos 14 anos que levaram para concluir a GERD, as autoridades etíopes têm dito, vez após outra, que a barragem foi financiada pelo governo, juntamente com contribuições do povo etíope”, informou a BBC.

Apesar dos acordos regionais, a ausência de um tratado definitivo entre Etiópia e Egito mantém o risco de conflito elevado.

A Grande Barragem da Renascença Etíope simboliza o avanço da Etiópia, mas também representa um dos maiores desafios diplomáticos da África atual.

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Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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