Negociações entre gigantes do setor ferroviário americano acendem alerta de consolidação e reacendem ambições de ferrovias transcontinentais
As ferrovias norte-americanas vivem um momento histórico. A Union Pacific Railroad (UP), maior operadora de carga do Oeste dos Estados Unidos, confirmou que está em negociações avançadas para se fundir com a Norfolk Southern Railway, que domina as operações no Leste. A união, se concretizada, resultará na primeira ferrovia com malha transcontinental do país — uma reconfiguração de peso na logística dos EUA.
Segundo o Wall Street Journal, as tratativas podem levar à criação da maior ferrovia de Classe I do país, com valor combinado de mercado superior a US$ 190 bilhões. O movimento está sendo acompanhado de perto por concorrentes, reguladores e investidores, e pode gerar uma onda de consolidações sem precedentes no setor.
Quem são as gigantes envolvidas na fusão?
A Union Pacific é responsável por ferrovias que cobrem o Oeste americano, conectando portos do Pacífico a centros industriais. Já a Norfolk Southern opera no Leste e no Sul dos EUA, sendo peça-chave no transporte intermodal e no escoamento de commodities agrícolas, carvão e produtos manufaturados.
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Se unidas, as empresas formariam a única ferrovia privada a operar de costa a costa, eliminando a necessidade de transferências entre operadores. Para o CEO da UP, Jim Vena, isso pode representar menos atrasos logísticos e maior eficiência operacional, reduzindo gargalos históricos no transporte ferroviário.
Por que a fusão pode sair agora?
A Norfolk Southern enfrenta um momento de fragilidade. A empresa perdeu seu CEO em 2024 após um escândalo interno e já vinha sofrendo pressão de acionistas após um descarrilamento de alto impacto em 2023. Além disso, seu desempenho financeiro tem sido instável.
Especialistas ouvidos pelo WSJ apontam que um ambiente regulatório mais favorável sob a atual administração republicana pode estar encorajando as empresas a buscar consolidação. Diferente de governos anteriores, há menor resistência política a megafusões em setores estratégicos como transporte e energia.
Qual seria o impacto das novas ferrovias?
Uma fusão entre UP e Norfolk criaria um monopólio logístico com alcance sem precedentes, mas também geraria reação imediata das rivais. BNSF, controlada pela Berkshire Hathaway, e a CSX, atual líder no Leste, já estão sendo pressionadas a responder.
Segundo o professor Jason Miller, da Universidade Estadual de Michigan, a CSX e a BNSF podem ter que se unir para não perder competitividade. Rumores apontam que a Berkshire Hathaway chegou a consultar o Goldman Sachs, mas Warren Buffett negou formalmente qualquer movimentação.
A CSX, por sua vez, sinalizou que está aberta a negociações, segundo declaração à Bloomberg, indicando que a consolidação no setor pode ser inevitável.
E os investidores, como estão reagindo?
Desde que o Wall Street Journal noticiou a negociação, no dia 17 de julho, as ações da Union Pacific caíram 3%, enquanto os papéis da Norfolk Southern subiram 8%, refletindo o otimismo do mercado em relação ao negócio.
Atualmente, a Union Pacific vale US$ 132 bilhões na Bolsa de Valores de Nova York, enquanto a Norfolk Southern é avaliada em US$ 63 bilhões. O negócio, caso aprovado, deve passar por análise do Surface Transportation Board (STB), Departamento de Justiça, além de consultas com sindicatos e órgãos estaduais.
O que está em jogo com essas megafusões?
Se aprovadas, essas fusões podem mudar a geografia econômica dos EUA. Empresas industriais, agronegócio, operadores logísticos e até consumidores poderão sentir os efeitos, positivos ou negativos, dessa nova estrutura. Redução de custos logísticos pode beneficiar a cadeia produtiva, mas também há preocupações com concentração de mercado e perda de concorrência.
Por ora, o mercado acompanha atento os próximos passos das negociações. Uma coisa é certa: as ferrovias voltaram ao centro da disputa por poder econômico e estratégico nos EUA — com impacto direto na competitividade global americana.
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