Porto Guará avança como um dos maiores investimentos privados do setor portuário brasileiro, com foco em eficiência logística, integração ferroviária e redução de gargalos operacionais no Paraná.
O Terminal de Uso Privado Porto Guará, projetado para Paranaguá, no litoral do Paraná, avança no licenciamento ambiental e pretende operar fora da área urbana, com foco em granéis, líquidos e contêineres.
Com investimento estimado em R$ 5,6 bilhões e capacidade total projetada de 31,5 milhões de toneladas por ano, a iniciativa busca ampliar janelas de atracação, reduzir filas de caminhões e integrar caminhão, trem e navio em um mesmo complexo logístico.
O projeto ganha destaque em um momento de alta movimentação: os Portos do Paraná fecharam 2024 com 66,7 milhões de toneladas movimentadas, segundo dados oficiais da administração portuária.
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Localização estratégica e acesso rodoviário e ferroviário
O empreendimento está previsto para a região do Emboguaçu, a oeste do porto organizado de Paranaguá, em uma área de cerca de 200 hectares.
Segundo reportagem publicada pelo canal Construction Time, o acesso rodoviário será feito pela BR-277, antes da entrada principal da cidade, o que deve evitar que o tráfego pesado passe pelo perímetro urbano.
No modal ferroviário, o ramal de conexão se dará pela EF-277 (Curitiba–Paranaguá), administrada pela Rumo, com desvios planejados para reduzir interferências na malha local.
A retroárea incluirá pátios de triagem, armazéns e vias internas segregadas, o que, conforme técnicos do setor, permite maior eficiência e segurança operacional.

Operar fora da área urbana reduz gargalos
O deslocamento do Porto Guará para fora da malha urbana tem o objetivo de diminuir conflitos logísticos e urbanos, segundo especialistas em infraestrutura consultados pelo setor.
Essa estratégia busca aliviar a pressão sobre as vias de acesso de Paranaguá e ampliar a capacidade operacional durante o escoamento de grandes safras agrícolas, especialmente de soja e milho.
De acordo com o canal Construction Time, o projeto foi desenhado para otimizar o fluxo de caminhões e trens sem interferir diretamente no tráfego urbano.
Integração ferroviária é o diferencial técnico
Um dos principais diferenciais técnicos do projeto está na integração ferroviária.
O terminal contará com trilhos internos de bitola mista, conectando-se à EF-277 e, futuramente, à Nova Ferroeste, o que permitirá compatibilidade com diferentes sistemas ferroviários.
Segundo o Construction Time, essa integração tende a reduzir transbordos e aumentar a participação do trem no transporte de cargas, ampliando a eficiência operacional.
Etapas de implantação do Porto Guará
O projeto será implementado em três fases.
A primeira etapa concentrará as operações de granéis sólidos vegetais, com moegas rodoviárias e ferroviárias e correias enclausuradas para controle de poeira.
A segunda fase abrangerá granéis líquidos e produtos químicos compatíveis, com tanques verticais e sistemas de contenção de efluentes.
Por fim, a terceira fase contemplará a movimentação de contêineres, com pátios automatizados, portões equipados com OCR e guindastes elétricos.
Conforme apontou o canal Construction Time, a operação em fases foi planejada para permitir expansão gradual e reduzir riscos financeiros e ambientais.
Estrutura marítima e operação de grande porte

O arranjo marítimo prevê múltiplos píeres dedicados e sete berços de atracação ao final do projeto, dimensionados para navios de grande porte.
O objetivo, segundo engenheiros envolvidos no planejamento, é garantir previsibilidade nas escalas de atracação e reduzir o tempo de permanência das embarcações.
O canal Construction Time informou que o terminal contará com sistemas de carregamento automatizados e correias enclausuradas para limitar emissões sonoras e de partículas, seguindo padrões ambientais exigidos pelo Ibama.
Gestão ambiental e mitigação de impactos
O Porto Guará prevê uma estrutura de gestão ambiental integrada, com bacias de contenção, estações de tratamento de efluentes e monitoramento contínuo de qualidade do ar e da água.
Zonas de amortecimento e reflorestamento com espécies nativas estão previstas nas áreas próximas a manguezais.
Técnicos ambientais afirmam que o modelo de licenciamento adotado busca garantir o controle de ruídos, vibrações e tráfego durante as fases de implantação.
Projeto complementa o porto público de Paranaguá
O Porto Guará é considerado um projeto complementar ao porto público de Paranaguá, segundo fontes do setor portuário.
Nos últimos anos, o sistema portuário do Paraná vem batendo recordes de movimentação, impulsionado pelo agronegócio e pelo aumento de importações de fertilizantes.
A criação de um terminal privado, fora da área urbana e com maior capacidade ferroviária, deve contribuir para reduzir gargalos e ampliar a competitividade regional.
O Construction Time destacou que o empreendimento funcionará de forma integrada ao sistema portuário paranaense, atuando como reforço logístico e não como concorrente direto.
Licenciamento e execução das obras
O projeto recebeu autorização como Terminal de Uso Privado (TUP) em 2022 e segue em licenciamento ambiental federal.
Desde então, a empresa responsável tem atendido às exigências do Ibama, realizando audiências públicas e complementações técnicas.
O cronograma de execução prevê que cada módulo seja implantado conforme a liberação das licenças, permitindo que partes do terminal entrem em operação gradualmente.

Impactos econômicos e geração de empregos
De acordo com especialistas em economia regional, a construção e operação do Porto Guará deverão gerar empregos diretos e indiretos nas áreas de engenharia, transporte e armazenagem.
O deslocamento das operações para fora da cidade pode reduzir congestionamentos e emissões de CO₂, além de aumentar a segurança nas vias urbanas.
A expectativa é que a integração com a malha ferroviária amplie o alcance do corredor logístico, conectando o interior do Paraná e o Centro-Oeste às rotas internacionais.
Perspectivas e desafios do projeto
Especialistas apontam que os próximos desafios envolvem a consolidação da integração ferroviária, a implementação dos sistemas ambientais e o alinhamento com a Nova Ferroeste, considerada essencial para o aumento da participação ferroviária no transporte de grãos.
A execução dependerá do ritmo das licenças, da captação de investimentos e da coordenação entre as esferas pública e privada.
Como a instalação de um terminal multimodal fora da área urbana pode mudar a dinâmica logística do Sul e o escoamento das exportações brasileiras nos próximos anos?



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