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Médicos vão virar motoristas de Uber em 10 anos? Especialista ‘prevê futuro’ da profissão no Brasil

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 23/06/2025 às 12:09
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Crescimento acelerado de médicos e faculdades no Brasil contrasta com a estagnação do mercado, levantando alertas sobre renda, saturação profissional e sustentabilidade da carreira médica.

De acordo com o especialista em investimentos Raul Sardinha, do canal Investidor Sardinha, o exercício da medicina no Brasil poderá enfrentar um cenário de saturação e perda de renda ao longo desta década.

O vídeo, publicado recentemente, destaca que o número de médicos no país subiu de aproximadamente 131 279 em 1990 para cerca de 575 930 atualmente.

Conforme ressaltado por Raul Sardinha, esse crescimento de mais de quatro vezes contrasta com os 42% de acréscimo da população brasileira no mesmo período — de 144 milhões para 205 milhões de habitantes.

É o que confirmam dados oficiais que indicam 2,81 médicos por 1 000 habitantes hoje, índice superior ao de países como Estados Unidos e Japão, segundo ele ainda comentou.

Crescimento das faculdades de medicina no Brasil

Sardinha aponta que a quantidade de faculdades de medicina quintuplicou desde 1990.

As vagas nas universidades públicas cresceram 64% entre 2003 e 2023 — de 19 917 para 32 080 no total (ilustrando um salto também nas instituições privadas).

Essas universidades passaram a oferecer o curso de medicina de diferentes maneiras”, observou o analista, sugerindo impacto na qualidade do ensino.

Ele ainda comentou que o mercado de cursos médicos movimentou R$ 21 bilhões em 2022.

Os valores das mensalidades variam entre R$ 8 000 e R$ 12 000 — o que representa quase oito vezes o custo de outras graduações.

Conforme ele destacou, essa expansão representa um negócio expressivo e rentável para as mantenedoras.

Finanças e estratégias de mercado no ensino médico

O vídeo de Raul Sardinha ressalta que, segundo apuração de fusões e aquisições, cada vaga de medicina chega a ser avaliada em R$ 2 milhões, conforme exemplificam entidades como Afya Educacional (18 000 alunos), Ânima Educação (10,9 mil), Dux (7,5 mil) e Ser Educacional (3 000).

Dos alunos que cursam medicina, grande parte tem renda familiar acima de 30 salários mínimos”, ressaltou ele, distinguindo essa realidade da área de enfermagem (apenas 0,11% dos alunos nesse perfil).

Dificuldades enfrentadas pelos novos médicos

O especialista enfatiza que o Brasil poderá ter até um milhão de médicos até 2035, alcançando 5,5 médicos por 1 000 habitantes — comparado à média de 3,5 da OCDE.

Conforme ele destacou, isso pode acarretar queda no poder de remuneração.

Ele alertou que um aumento tão rápido na oferta não deverá ser acompanhado por elevação igual na demanda, pois “a população envelhece, sim, mas não tão rapidamente quanto as universidades formam médicos”.

Além disso, 65 000 estudantes brasileiros cursam medicina em países como Argentina, Paraguai e Bolívia.

Segundo Raul Sardinha, muitos poderão retornar devido à possível escassez de oportunidades de trabalho no Brasil.

Especializações médicas e precarização do trabalho

Sardinha destacou que o crescimento da oferta afetará sobretudo médicos generalistas.

Para se proteger, o ideal seria buscar especializações ou nichos em ascensão — como oftalmologia e procedimentos estéticos —, onde há demanda crescente e oferta limitada.

Esses plantões já são muito intensos e, geralmente, sem garantias trabalhistas”, ressaltou o especialista, apontando para a precarização do setor médico.

Ele prevê aumento na quantidade de médicos que aceitarão trabalhar com contratos PJ, diminuindo seu rendimento real.

Planejamento financeiro para médicos no Brasil

Conforme apresentado, a remuneração média de um médico no Brasil gira em torno de R$ 14 542 mensais.

Sardinha propôs uma simulação: investindo 25% desse valor (R$ 3 635 por mês) ao longo de 10 anos, seria possível acumular R$ 637 mil.

Sem considerar inflação, em aplicações com rendimento de 14% ao ano, esse montante chega a aproximadamente R$ 876 mil, gerando uma renda mensal superior a R$ 9 000”, explicou o canal.

Ele também fez cálculos com investimento de 50% da renda por 10 anos, ou 25% por até 20 anos, apontando como alternativa viável manter um padrão de vida parecido com o de um médico, sem seguir carreira na área da saúde.

Diante do crescimento acelerado da formação médica e da estagnação na demanda por serviços, será que o Brasil caminha para um futuro em que o diploma de medicina se torne apenas um título — e não mais uma garantia de estabilidade financeira?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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