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MEC autoriza 77 cursos de Medicina e mais de 5 mil vagas no Brasil

Escrito por Sara Aquino
Publicado em 06/10/2025 às 14:19
MEC autoriza 77 cursos de Medicina e mais de 5 mil vagas no Brasil
Fonte: IA
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MEC autoriza 77 novos cursos de Medicina e mais de 5 mil vagas no Brasil, gerando debate sobre qualidade da formação médica.

MEC amplia cursos e vagas de Medicina no Brasil em ritmo recorde

O Ministério da Educação (MEC) autorizou 77 novos cursos de Medicina em diferentes regiões do Brasil nos últimos dois anos. Além disso, ampliou vagas em outros 20 cursos já existentes.

Com essas aprovações, o país ganhou mais de 5.400 novas oportunidades de graduação entre janeiro de 2024 e setembro de 2025. O Brasil agora ocupa a segunda posição mundial em número de escolas médicas, atrás apenas da Índia.

Apesar do avanço, a expansão rápida preocupa especialistas em saúde e educação. Eles alertam que o crescimento ocorre sem base técnica e sem infraestrutura adequada.

Segundo os especialistas, a falta de planejamento pode comprometer a qualidade dos cursos e a formação dos novos médicos.

Brasil tem quase 500 escolas de Medicina — 80% privadas

Com as novas autorizações, o Brasil soma 494 escolas de Medicina, e 80% delas pertencem à rede privada, oferecendo 50.974 vagas de graduação em todo o país.

O grupo Demografia Médica no Brasil, da Faculdade de Medicina da USP, obteve os dados por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e acompanha a formação médica há mais de 15 anos.

De acordo com o levantamento, o MEC ainda analisa 150 novos pedidos de abertura de cursos, enquanto outros 75 já foram negados.

Essa expansão veloz chama a atenção dos pesquisadores, que se surpreendem com a falta de justificativas técnicas e planejamento diante do ritmo de crescimento.

“Causou-nos muito espanto tanto a quantidade de novos cursos quanto a autorização de mais vagas nos cursos antigos. Não há justificativa técnica que sustente esse ritmo”, afirmou Mario Scheffer, professor da USP e coordenador do grupo de pesquisa.

Brasil tem quase 500 escolas de Medicina — 80% privadas

Com as novas autorizações, o Brasil alcançou 494 escolas de Medicina, das quais 80% pertencem à rede privada, totalizando 50.974 vagas de graduação.

Os dados foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) pelo grupo Demografia Médica no Brasil, da Faculdade de Medicina da USP, que monitora a formação médica há mais de 15 anos.

Ainda segundo o levantamento, 150 novos pedidos de abertura de cursos aguardam análise no MEC, enquanto 75 solicitações foram indeferidas. Essa rápida expansão surpreendeu os pesquisadores.

“Causou-nos muito espanto tanto a quantidade de novos cursos quanto a autorização de mais vagas nos cursos antigos. Não há justificativa técnica que sustente esse ritmo”, afirmou Mario Scheffer, professor da USP e coordenador do grupo de pesquisa.

MEC defende expansão e promete reforço na fiscalização

Em nota, o MEC informou que, desde a Lei do Mais Médicos (2013), a autorização de novos cursos é condicionada à análise conjunta com o Ministério da Saúde, que avalia a capacidade das cidades de receberem cursos de Medicina.

O ministério afirmou ainda que, entre 2017 e 2022, houve grande expansão no setor — mesmo durante a moratória de 2018 —, resultando na criação de 20 mil novas vagas. O órgão defende que as aberturas recentes seguem o “estrito cumprimento de decisões judiciais”.

Além disso, o MEC anunciou medidas para garantir a qualidade da formação médica, como a criação do Enamed (Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica), que será aplicado anualmente.

“Haverá supervisão estratégica nos cursos com baixo desempenho, visitas de avaliação in loco e atualização das diretrizes curriculares nacionais”, informou a pasta.

Entre as ações previstas estão suspensão de novas vagas, bloqueio de contratos do Fies e Prouni, e até interdição de cursos mal avaliados.

Nordeste lidera na abertura de novos cursos

De acordo com o estudo da USP, a região Nordeste concentra 37,7% dos novos cursos de Medicina aprovados pelo MEC, totalizando 29 novas faculdades. Em seguida vêm o Sudeste (19), o Norte (13), o Sul (12) e o Centro-Oeste (4).

Os estados que mais receberam autorizações foram Pará, Bahia e São Paulo, com oito novos cursos cada. Já Ceará e Maranhão aparecem logo depois, com sete novos cursos em cada estado.

Cidades fora das capitais também foram contempladas com mais de um curso de Medicina, como Vitória da Conquista (BA), Sobral (CE) e São Mateus (ES). Segundo Scheffer, esse padrão reforça suspeitas de lobbies políticos e empresariais.

“Há uma conjunção de lobbies nesse mercado de educação médica. Esses cursos que parecem avulsos são incorporados imediatamente por grandes grupos. Viraram a galinha dos ovos de ouro”, afirmou.

O preço médio das mensalidades em escolas de Medicina privadas no Brasil é de R$ 10,2 mil, variando entre R$ 5,1 mil e R$ 15,7 mil.

Perspectiva para o futuro

Com o ritmo acelerado de expansão, o Brasil deve alcançar 1,2 milhão de médicos até 2030, o que equivale a 5,3 profissionais por mil habitantes — quase o dobro da taxa atual.

Esse crescimento impressiona pelos números, mas desperta preocupação entre especialistas. Eles alertam que aumentar vagas não significa garantir qualidade.

A formação médica exige fiscalização constante, infraestrutura adequada e corpo docente qualificado. Sem esses elementos, afirmam, o país pode formar mais médicos, mas com preparo desigual.

Por outro lado, o MEC defende que a ampliação dos cursos de Medicina visa reduzir desigualdades regionais e atender à demanda crescente por profissionais de saúde em áreas carentes.

Ainda assim, pesquisadores e entidades médicas sustentam que o verdadeiro desafio está em equilibrar quantidade e excelência.

Dessa forma, a disputa entre expansão e qualidade continua a dividir opiniões e a dominar o debate sobre o futuro da formação médica no Brasil. O cenário reforça a necessidade de políticas públicas mais criteriosas, sustentáveis e voltadas à qualidade do ensino.

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Sara Aquino

Farmacêutica Generalista e Redatora. Escrevo sobre Empregos, Cursos, Ciência, Tecnologia e Energia, Geopolítoca, Econômia. Apaixonada por leitura e escrita.

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