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Do lixo às paredes: engenheiros criam material de construção com papelão, solo e água que custa um terço do concreto e emite 75% menos carbono

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 22/09/2025 às 15:27
Engenheiros australianos criam material sustentável com papelão, solo e água, mais barato que o concreto e com apenas 25% da pegada de carbono.
Engenheiros australianos criam material sustentável com papelão, solo e água, mais barato que o concreto e com apenas 25% da pegada de carbono.
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Um estudo do Royal Melbourne Institute of Technology apresenta a taipa confinada com papelão como alternativa inovadora ao concreto, aproveitando resíduos, reduzindo custos e cortando drasticamente a pegada de carbono em construções sustentáveis.

Um novo material de construção surge como alternativa sustentável ao concreto. Ele combina papelão, água e solo para reduzir o impacto ambiental e dar novo destino ao lixo acumulado. Criado pelo Royal Melbourne Institute of Technology (RMIT), na Austrália, o material recebeu o nome de taipa confinada com papelão.

Pesquisadores explicam que esse sistema consegue formar paredes fortes o suficiente para sustentar edifícios baixos. Além disso, a proposta ataca dois grandes problemas: o desperdício de papelão e as emissões de carbono da construção civil.

Mais de 2,2 milhões de toneladas de papelão e papel seguem anualmente para aterros na Austrália. No mundo, a produção de cimento e concreto representa aproximadamente 8% das emissões globais.

“Essa inovação pode revolucionar o design e a construção de edifícios, usando materiais de origem local que são mais fáceis de reciclar”, disse o Dr. Jiaming Ma, principal autor do estudo no RMIT.

Combinação de técnicas antigas e soluções modernas

A equipe buscou inspiração em obras icônicas, como a Catedral de Papelão de Shigeru Ban. O grupo resolveu unir a resistência tradicional da taipa com a adaptabilidade do papelão, gerando um novo tipo de parede.

A taipa é um método milenar. Ela utiliza camadas de solo úmido, areia e argila compactadas até formar uma superfície sólida. Na versão moderna, o cimento reforça a estrutura. Mas na variação desenvolvida pelo RMIT, o cimento desaparece da equação.

O resultado reduz a pegada de carbono para um quarto da encontrada no concreto comum. E ainda corta custos, já que sai por menos de um terço do valor.

“Edifícios de taipa são ideais em climas quentes porque sua alta massa térmica regula naturalmente as temperaturas e a umidade internas, reduzindo a necessidade de resfriamento mecânico e cortando as emissões de carbono”, explicou Ma no comunicado publicado em 22 de setembro.

Resistência e produção no próprio canteiro

A durabilidade do novo material depende da espessura dos tubos de papelão. Os engenheiros criaram uma fórmula que calcula essa relação e permite prever a resistência da parede antes da construção.

Outro estudo paralelo mostrou que quando a fibra de carbono se mistura à terra compactada, a resistência chega perto do concreto de alto desempenho.

O processo de fabricação também se destaca. Os trabalhadores podem produzir o material diretamente no canteiro de obras. Basta compactar a mistura de solo e água dentro da forma de papelão. Esse trabalho pode ser feito manualmente ou com máquinas.

A lógica elimina o transporte pesado de tijolos, aço e concreto pré-misturado.

“Em vez de transportar toneladas de tijolos, aço e concreto, os construtores só precisariam trazer papelão leve, já que quase todo o material pode ser obtido no local”, afirmou Yi Min ‘Mike’ Xie, autor correspondente do estudo.

Segundo ele, a prática reduz custos de transporte, simplifica a logística e corta as demandas iniciais de materiais.

Aplicações práticas e próximos passos

Esse método pode se tornar ainda mais vantajoso em regiões remotas. Nessas áreas, o solo vermelho abundante fornece matéria-prima ideal para esse tipo de construção.

Os pesquisadores já se dizem prontos para estabelecer parcerias com a indústria. O objetivo é preparar a taipa confinada com papelão para uso em larga escala.

As descobertas saíram publicadas na revista científica Structures, reforçando o peso acadêmico e técnico da pesquisa.

Em resumo, o trabalho australiano mostra que resíduos simples, como o papelão descartado, podem se transformar em estruturas sólidas, resistentes e baratas.

E o mais importante: oferecem uma alternativa real ao concreto, um dos maiores vilões da emissão de carbono.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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