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Ela pesava mais que uma frota de caminhões de carga, tinha um braço de 100 metros e movia mais de 200 toneladas em operação: a colossal máquina de mineração que devorava montanhas de carvão e nunca mais pôde ser construída novamente

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 04/11/2025 às 08:16
Ela pesava mais que uma frota de navios, tinha um braço de 100 metros e movia 13.500 toneladas em operação: a colossal máquina de mineração que devorava montanhas de carvão e nunca mais pôde ser construída novamente
Foto: Ela pesava mais que uma frota de navios, tinha um braço de 100 metros e movia 13.500 toneladas em operação: a colossal máquina de mineração que devorava montanhas de carvão e nunca mais pôde ser construída novamente
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Marion 6360 “Captain”: a maior dragline da história, com 13.500 toneladas e braço de 100 m, capaz de devorar minas inteiras e nunca mais replicada.

Em um mundo acostumado a arranha-céus de aço, navios de guerra e foguetes cruzando o espaço, poucas máquinas carregam tanto peso histórico e simbólico quanto a titânica dragline que os Estados Unidos ergueram nos anos 60 para dominar o subsolo e reescrever o limite físico da engenharia pesada. Uma máquina tão grande que não era transportada, ela mesma era uma cidade em movimento, avançando lentamente sobre as minas e engolindo toneladas de terra como se a geologia não fosse mais do que poeira.

Seu nome ecoa como uma lenda entre engenheiros e mineradores: Marion 6360 “Captain”. Um colosso metálico de 13.500 toneladas, equipado com um braço de 100 metros de comprimento e uma caçamba gigantesca com capacidade para 138 metros cúbicos de material em um único ciclo, capaz de mover em segundos o que um comboio de caminhões levaria horas para retirar.

Ela era muito mais que uma máquina. Era um marco na corrida industrial americana, uma obra de engenharia que parecia desafiar a lógica, a física e o próprio bom-senso. E, como todo mito industrial, viveu intensamente antes de desaparecer — tão gigante que jamais pôde ser replicada novamente.

A Marion 6360 “Captain”: um monumento de aço, força e ambição industrial

Para entender a grandiosidade da Marion 6360, é preciso voltar a uma época em que a mineração era símbolo de progresso nacional e o carvão movia economias, locomotivas, siderúrgicas e fábricas. Nos Estados Unidos, estados como Illinois, Ohio e Kentucky formavam o cinturão da mineração, e gigantes industriais disputavam quem dominava o subsolo com mais eficiência, mais tecnologia e mais potência mecânica.

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Foi nessa corrida que surgiu o projeto da Marion Power Shovel Company, responsável também por máquinas icônicas como as utilizadas na construção do Canal do Panamá e até nos sistemas de lançamento da NASA. A “Captain” foi o ápice desse legado: a maior dragline já construída na história da humanidade.

Com mais de 200 metros de comprimento total, estrutura do tamanho de um campo de futebol e um braço que ultrapassava a altura de prédios de 30 andares, ela operava em mineração a céu aberto, arrancando o solo estéril para expor o carvão abaixo. Cada movimento de sua caçamba equivalia ao carregamento de dezenas de caminhões fora-de-estrada modernos.

Não havia pressa. Não havia rival. Não havia máquina que se aproximasse dela.

Engenharia brutal: como funcionava uma máquina de 13.500 toneladas

A “Captain” não era apenas grande, era um organismo industrial. Seu corpo era sustentado por uma base maciça que se movia em esteiras especiais, e sua operação exigia motores, geradores e cabos gigantescos.

A energia consumida por ela era superior à de grandes complexos industriais, e a pressão exercida sobre o solo exigia terreno preparado e monitorado constantemente.

Seu braço, com 100 metros, operava com precisão e força descomunal. Cabo após cabo, polia as camadas minerais, despejando solo removido com movimentos amplos e calculados. Cada ciclo não era apenas força era estratégia geológica.

A mineração a céu aberto depende de ritmo e precisão, e nenhuma máquina garantia isso tão bem quanto a “Captain”.

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A cabine de operação, suspensa acima de toneladas de aço, abrigava operadores especializados que controlavam movimentos lentos, pesados e complexos, guiando centenas de toneladas de força hidráulica e mecânica com delicadeza quase cirúrgica. Era como pilotar uma montanha viva.

A rotina nas minas: silêncio, aço e poder absoluto

Operar a Marion 6360 era mais do que trabalhar, era participar de algo grandioso. Em torno dela, caminhões, tratores, geradores e funcionários pareciam miniaturas. Trabalhadores relatavam que, ao lado dela, até a maior escavadeira parecia um brinquedo. Seu ritmo era hipnótico: ela avançava lentamente, depositava toneladas de terra, recuava, e repetia.

Não havia pressa. Ela não precisava correr. Ela vencia pelo volume. Enquanto outras máquinas carregavam material pouco a pouco, a “Captain” fazia o trabalho equivalente a cidades inteiras de equipamentos convencionais.

A paisagem mudava diante dela. Minas inteiras cediam. Morros desapareciam. Barreiras geológicas tornavam-se apenas lembrança. Cada metro cavado era uma demonstração de supremacia industrial.

A queda de um titã e o fim de uma era mecânica

Como toda lenda, a “Captain” também teve um fim trágico. Em 1991, um incêndio destruiu parte de sua estrutura elétrica e cabos internos.

O custo de reparo foi considerado inviável. Mesmo assim, ela continuou símbolo, um monumento caído de uma época em que o mundo industrial ousava desafiar limites físicos sem medo do impossível.

Nunca mais uma máquina desse porte foi construída. Razões são muitas:

  • Custo logístico astronômico
  • Complexidade de operação e manutenção
  • Mudanças na matriz energética global
  • Restrições ambientais e de segurança
  • Evolução de máquinas menores e mais eficientes

A “Captain” representou o auge da era do aço, da mineração colossal, da força bruta acompanhada de precisão mecânica. Quando ela tombou, parte da ambição industrial mundial tombou junto.

O legado da maior dragline já criada pelo homem

Hoje, a Marion 6360 vive na memória de engenheiros, historiadores industriais e amantes da engenharia. Sobre ela, surgiram relatos, documentários, registros técnicos e debates sobre a capacidade humana de construir sem limites.

Ela representa uma era em que as máquinas eram monumentos tão grandes quanto pontes, tão complexas quanto usinas, tão impressionantes quanto navios de guerra. Uma era em que progresso significava escala, peso e coragem industrial.

E, acima de tudo, ela se tornou símbolo de algo raro: quando o ser humano decidiu construir algo não porque era fácil, mas porque era possível.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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