Chamado de Mareterra ou Le Portier, o megaprojeto transforma o mapa de Mônaco com uma ilha de luxo criada do zero em apenas cinco anos, projetada para bilionários e pilotos de Fórmula 1 que buscam o último refúgio fiscal da Europa.
O Principado de Monaco acaba de concluir um dos empreendimentos mais caros e ambiciosos da Europa: o Mareterra, também conhecido como Le Portier, um bairro completamente novo erguido sobre o mar Mediterrâneo.
A construção da ilha artificial, que começou em 2018 e foi oficialmente inaugurada no fim de 2024, custou cerca de US$ 2 bilhões e promete redefinir o padrão de luxo e sustentabilidade na costa de Monte Carlo.
Localizado ao lado do túnel que faz parte do tradicional Grande Prêmio de Fórmula 1 de Monaco, o novo distrito combina apartamentos e coberturas de altíssimo padrão com 200 estações de recarga para veículos elétricos, 800 árvores e uma infraestrutura ambientalmente planejada.
-
Ganges em colapso: rio que abastece 650 milhões de pessoas seca em ritmo recorde, perde geleiras no Himalaia e sofre com mais de mil barragens que alteraram seu curso natural
-
Eles criaram 50 mil milionários e 22 bilionários em uma única cidade: Shenzhen se torna o novo centro global da riqueza impulsionado pela tecnologia e investimento estrangeiro
-
Azul tem a maior malha aérea do Brasil: mais de 900 voos diários, 150 destinos atendidos e presença exclusiva em 81 por cento das rotas regionais
-
JBS é a maior processadora de carne do planeta e domina a produção bovina, de frango e é a segunda maior em suínos, com presença global em mais de 20 países
De um mar vazio a uma ilha milionária
Em 2018, o local onde hoje está o Mareterra era apenas uma faixa azul no mapa, um trecho de oceano praticamente vazio, onde duas embarcações com guindastes trabalhavam discretamente em operações de dragagem. Poucos anos depois, o mesmo ponto se transformou em um endereço de elite.
As obras começaram oficialmente em julho de 2019, quando foi “assentado o primeiro tijolo”, e o bairro foi entregue em tempo recorde, algo impressionante para um país que mede apenas 2,1 km², menor do que o Central Park de Nova York.
O projeto foi batizado de Mareterra (“terra do mar”, em tradução livre) por se tratar de um território totalmente recuperado do oceano, ampliando em cerca de 6 hectares a área total do Principado.
Por que construir uma ilha?
A explicação está na própria natureza de Monaco. O microestado é um paraíso fiscal sem imposto de renda para residentes, o que há décadas atrai milionários e celebridades, especialmente do mundo do automobilismo. Nomes como Fernando Alonso, Lewis Hamilton e o próprio monegasco Charles Leclerc têm residência fixa ali, e, com isso, o espaço se tornou escasso.
Monaco é o segundo menor país do mundo, atrás apenas do Vaticano, e praticamente não há terrenos disponíveis. Assim, para continuar atraindo bilionários, o governo decidiu literalmente criar novo solo.
“Mareterra é uma resposta à falta de espaço físico. O luxo em Monaco é o próprio território”, explicou um urbanista ligado ao projeto.
Vendas antecipadas e lucros garantidos
Apesar do investimento bilionário, o governo e os investidores privados envolvidos não deverão esperar muito para ver retorno. Grande parte dos imóveis foi vendida ainda na planta, anos antes da conclusão das obras, em valores que variam de US$ 40 mil a US$ 100 mil por metro quadrado, cifras dignas do mercado imobiliário mais caro do planeta.
Empreendimentos residenciais do Mareterra incluem penthouses com vista direta para o circuito de F1, marinas particulares e passarelas exclusivas para pedestres.
Um projeto de luxo com discurso sustentável
Além de servir como vitrine da elite global, o novo bairro também aposta em sustentabilidade ambiental e mobilidade elétrica. As 200 estações de recarga foram distribuídas entre garagens e vias públicas, e o projeto inclui sistemas de reaproveitamento de água do mar e tecnologias para redução de emissão de carbono durante a construção.
Foram plantadas 800 árvores e milhares de plantas nativas, além de criadas barreiras acústicas naturais e áreas verdes suspensas que reduzem a temperatura ambiente, um diferencial em meio ao concreto e vidro dos arranha-céus monegascos.
O último terreno de Monaco
A localização do Mareterra foi definida com precisão cirúrgica. O espaço escolhido fica ao lado da entrada do túnel do GP de Monaco, uma área estratégica, mas também a única viável: o outro ponto possível seria o Port Hercules, onde ficam ancorados os iates mais luxuosos do planeta.
Como deslocar esses barcos seria impensável, a opção foi expandir o país pelo mar, um feito de engenharia que faz de Monaco o primeiro microestado europeu a crescer fisicamente no século XXI.
Do vazio ao luxo absoluto
As imagens comparativas entre agosto de 2018 e fevereiro de 2025 impressionam. Onde antes havia apenas mar, agora se vê um bairro completo, com ruas, marinas, praças e edifícios projetados por arquitetos de renome.
Para muitos, o Mareterra simboliza a própria essência de Monaco: um país que desafia os limites físicos em nome do luxo, da inovação e do capital.
“Em Monaco, até o mar virou oportunidade imobiliária”, resumiu um analista do mercado europeu.