Lafa 5, hatch médio elétrico da Leapmotor, estreia em Munique para disputar espaço de Golf e 308. Aliança com a Stellantis acelera expansão global; chegada ao Brasil ainda não está confirmada.
A chinesa Leapmotor apresentou oficialmente o seu novo hatch médio Lafa 5 (código B05) no IAA Mobility 2025, em Munique, mirando o coração do segmento europeu dominado por Volkswagen Golf e Peugeot 308.
A estreia reforça a estratégia de internacionalização da marca por meio da joint venture com a Stellantis, que detém direitos exclusivos de fabricação e venda fora da China.
No Brasil, onde a Fiat (grupo Stellantis) abandonou há anos os hatches médios, a possível vinda do modelo gera expectativa, mas ainda não há anúncio oficial.
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O que foi apresentado pela Leapmotor na Alemanha
A Leapmotor exibiu o Lafa 5 com proposta 100% elétrica e foco em preço competitivo, design limpo e pacote tecnológico robusto. Segundo a cobertura técnica especializada, o hatch mede 4,43 m de comprimento, usa motor de 160 kW e promete autonomia de até 605 km no ciclo chinês (CLTC).
São números que posicionam o carro no miolo do segmento C global, área em que a Fiat não atua mais no Brasil desde o fim de Bravo/Stilo/Brava. Para a Stellantis, o produto amplia o leque elétrico em mercados onde Golf, 308, Astra e afins ditam tendência.
Na China, a Leapmotor também protocolou o Lafa 5 e abriu pré-venda, sinalizando que a escala doméstica deve sustentar a ofensiva externa. Isso ajuda a reduzir custos e dá fôlego à estratégia de “atacar por fora” com o apoio da rede global da Stellantis. Em linguagem prática: quanto maior o volume interno, maior a chance de um preço agressivo lá fora.
A peça que faltava na parceria Stellantis–Leapmotor
Em maio de 2024, Stellantis e Leapmotor criaram a Leapmotor International B.V., joint venture que concede à multinacional europeia direitos exclusivos para fabricar, exportar e vender os modelos fora da Grande China.
A parceria faz parte da agenda de eletrificação do grupo e já abriu portas em dezenas de países na Europa, Oriente Médio e África, com promessa de portfólio ampliado nos próximos anos. O Lafa 5/B05 chega como o primeiro hatch médio global da marca dentro dessa arquitetura comercial.
Para além do Lafa 5, a Leapmotor tem se notabilizado por oferecer versões REEV (range-extended electric vehicle) em outros modelos, tecnologia em que um motor a combustão trabalha como gerador, recarregando a bateria que move o carro — sem tracionar as rodas. No C10 REEV, por exemplo, a marca divulga mais de 970 km de alcance combinando carga e tanque cheios. Importante: até o momento, não há confirmação oficial de uma versão REEV para o Lafa 5; a estreia destacada em Munique foi BEV (100% elétrica).
Brasil no radar? O que pode favorecer ou atrasar
No curto prazo, a chegada ao Brasil é incerta. Do lado favorável, pesa a presença da Stellantis com produção local e rede consolidada, ativo que poderia apadrinhar a estreia de um hatch médio elétrico “irmão de grupo” para reocupar o espaço deixado pela Fiat. Do lado contrário, entram variáveis como política industrial, tarifas para elétricos, custos logísticos e a própria estratégia da joint venture, que vem priorizando Europa e outras regiões em 2024–2025.
Para o consumidor brasileiro, a hipótese é sedutora, um hatch médio elétrico com autonomia declarada alta, pacote de segurança avançado e possibilidade, no futuro, de versões REEV — solução que alivia a “ansiedade de recarga” em viagens longas. Mas, sem anúncio oficial, a discussão segue no campo do “se”.
O fantasma do Fiat Tipo e o nicho que perdeu fôlego
Nos anos 1990, o Fiat Tipo chegou a ser um sucesso no Brasil, mas casos de incêndio nas unidades importadas abalaram a reputação do modelo. Embora o Tipo nacional não repetisse a anomalia, a imagem do carro ficou comprometida, e as vendas minguaram — um desfecho que ajudou a esfriar o apelo dos hatches médios da marca por aqui nas décadas seguintes.
Brava, Stilo e Bravo não retomaram o brilho do passado. Esse histórico torna simbólico o possível retorno do grupo a esse nicho, agora via Leapmotor.
O que se sabe hoje em números e posicionamento
No pacote técnico divulgado por veículos especializados, o Lafa 5 se posiciona como elétrico de tração dianteira, com 160 kW (cerca de 218 cv) e até 605 km CLTC. Dimensões de 4,43 m o colocam no centro do segmento. A proposta foca em design clean, iluminação full-LED, aerodinâmica otimizada e uma cabine que deve herdar soluções do sedã/crossover B10, já conhecido na China por sua arquitetura de 800 V nas versões BEV. Em termos de rivais, o alvo natural é a tradição europeia dos hatches médios, de Golf a 308.
Para a Stellantis, o hatch amplia a “prateleira elétrica” num momento em que parte da produção, logística e tributação no bloco europeu ainda passam por ajustes — inclusive com idas e vindas de planos industriais relacionados a modelos da própria Leapmotor. Esse pano de fundo pode influenciar preços, canais de venda e calendários fora da China.
No fim das contas, o Lafa 5 mostra que a Leapmotor, amparada pela Stellantis, quer competir onde Fiat e outras marcas ditaram moda. Se esse hatch médio vem ao Brasil ou não, é outra história — mas o movimento global já está em curso e pode reabrir um nicho que muita gente dava por enterrado. E você, acredita que a Stellantis deve trazer o Lafa 5 para ocupar o espaço que a Fiat deixou ou hatch médio elétrico não tem vez por aqui?