O retrato da manutenção automotiva no Brasil: Entenda por que os custos dispararam, o que influencia essa alta e como reduzir o impacto no seu bolso
Manter o carro em dia com a manutenção nunca foi tão desafiador e caro. Em 2025, o mercado automotivo brasileiro vive um cenário de aumento expressivo no custo das peças e dos pneus, afetando diretamente motoristas particulares, frotistas e profissionais de aplicativos.
Segundo dados do Sindipeças, o setor de autopeças movimenta hoje cerca de R$ 60 bilhões, e cresceu mais de 50% nos últimos quatro anos, impulsionado justamente pela elevação dos preços dos carros novos. Com veículos zero-quilômetro até 85% mais caros desde 2019, a maioria dos brasileiros optou por manter o carro atual rodando mais tempo, o que elevou a procura por oficinas e componentes de reposição.
Esse fenômeno é conhecido como “efeito retenção”: quando o consumidor posterga a troca do veículo, ele investe mais em manutenção, o que pressiona toda a cadeia de serviços e aumenta preços. O Brasil, com frota envelhecida (idade média de 10,3 anos), é um dos países onde esse impacto mais se sente na prática.
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Peças e pneus: os vilões silenciosos do orçamento
Um dos fatores que mais encareceu o custo de manutenção é o aumento global no preço das peças automotivas. Desde a pandemia, as cadeias de fornecimento enfrentam desafios de logística e variação cambial, já que mais de 70% das peças usadas no Brasil têm algum componente importado.
Itens como bomba de combustível, módulo eletrônico, catalisador e amortecedores tiveram aumentos que variam entre 20% e 60% em relação a 2023. Oficinas relatam que, em alguns modelos, o custo de substituição de uma simples bomba pode ultrapassar R$ 3.000, e a troca completa de amortecedores dianteiros chega facilmente a R$ 4.500, dependendo da marca.
Já os pneus viraram protagonistas da alta de custos. Além da inflação de matérias-primas (borracha e petróleo), o mercado passou por reajustes sucessivos. Pneus de aro 15 — comuns em carros compactos — que custavam R$ 380 em 2022 agora são encontrados por R$ 520 a R$ 600 em 2025. Pneus de SUVs e utilitários esportivos ultrapassam R$ 1.200 cada.
O problema é que o pneu não é um item que dá para adiar: ele é essencial para a segurança e desempenho. Um jogo de pneus de baixa qualidade pode aumentar o consumo de combustível, desgastar a suspensão e até comprometer o sistema de frenagem, gerando outros custos de manutenção.
Efeito dominó: manutenção mais cara gera impacto em série
Quando uma peça ou pneu custa mais, toda a estrutura de manutenção se desestabiliza. Oficinas relatam que os clientes têm priorizado reparos urgentes e adiado revisões preventivas, o que, a médio prazo, agrava os problemas.
Um exemplo simples: o motorista adia a troca de óleo ou filtro de combustível. O resultado é um desgaste precoce do motor e da bomba injetora, o que pode gerar prejuízo de até R$ 6.000. O mesmo vale para os pneus: se o rodízio não é feito a cada 10 mil km, o desgaste irregular exige substituição antes do previsto, elevando o gasto em até 30%.
Além disso, o encarecimento das peças importadas — impulsionado pelo câmbio e pelo custo do frete marítimo — faz com que até componentes básicos, como pastilhas de freio e sensores, tenham reajustes acima da inflação oficial. O preço médio de uma revisão completa em um carro de passeio popular, que custava R$ 1.200 há dois anos, hoje ultrapassa R$ 2.000 em centros automotivos de grandes capitais.
Como reduzir o impacto da manutenção sem comprometer a segurança
A elevação nos custos é uma realidade, mas o motorista pode agir para reduzir o impacto da manutenção sem abrir mão da segurança. Confira medidas práticas:
- Faça manutenção preventiva. Trocar o que está perto do limite evita que o problema se multiplique. Um filtro de combustível sujo, por exemplo, pode danificar o sistema de injeção — um prejuízo de milhares de reais.
- Verifique o estado dos pneus com frequência. Calibragem incorreta e alinhamento atrasado são responsáveis por até 20% do desgaste prematuro.
- Prefira peças originais ou de boa procedência. Peças paralelas baratas podem custar caro depois, pois tendem a ter vida útil menor e comprometer outros sistemas do carro.
- Planeje revisões com antecedência. Muitas oficinas oferecem desconto em revisões agendadas ou pacotes anuais.
- Pesquise antes de comprar. Um mesmo jogo de pneus pode variar até 40% de preço entre lojas físicas e virtuais.
Esses cuidados, além de aumentar a durabilidade das peças e dos pneus, ajudam o carro a manter desempenho e valor de revenda, já que veículos com histórico de manutenção completa tendem a desvalorizar menos.
Tendências para 2025: manutenção mais tecnológica e especializada
As novas gerações de veículos estão cada vez mais complexas. Sensores, sistemas de assistência, baterias de alta tensão e eletrônica embarcada exigem equipamentos de diagnóstico modernos e técnicos capacitados.
Com isso, oficinas independentes precisam investir em tecnologia e treinamento para acompanhar as exigências dos carros mais novos. Essa modernização, embora necessária, também encarece os serviços.
Segundo o relatório Oficina Brasil Conecta 2025, o mercado de reparação automotiva deverá movimentar R$ 70 bilhões até 2026, impulsionado justamente pela transição tecnológica e pela necessidade crescente de manutenção especializada.
Outro movimento é a popularização dos planos de manutenção programada e assinaturas de serviços automotivos, que permitem diluir custos ao longo do ano, modelo já adotado por montadoras como Toyota e Volkswagen no Brasil.
O futuro da manutenção automotiva e o desafio do motorista brasileiro
O cenário de 2025 mostra que a manutenção não é mais apenas uma despesa periódica: é uma decisão financeira estratégica. Saber quando revisar, onde comprar e como usar o carro impacta diretamente o orçamento mensal.
Mesmo com o avanço da eletrificação, a frota nacional continuará majoritariamente composta por motores a combustão por pelo menos mais uma década. Isso significa que o setor de peças e pneus seguirá aquecido e os preços continuarão sensíveis à economia global.
A melhor saída é a informação: conhecer seu carro, planejar cada revisão e usar o consumo a seu favor. Afinal, no trânsito brasileiro de 2025, quem entende de manutenção dirige com mais segurança e gasta menos.
E você, leitor: já sentiu no bolso o aumento no preço das peças e pneus?
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EU COMPREI PNEUS EM 2021, POR 185 REAIS E O MESMO PNEU NO FINAL DE 2022 POR 399 REAIS.