Imóvel avaliado em R$ 1,6 milhão foi arrematado por R$ 750 mil, mas compradora enfrenta um complexo imbróglio judicial e uma ordem para demolir a propriedade desde 2021.
A icônica mansão de Clodovil Hernandes, localizada em Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo, segue como um símbolo da complexa herança deixada pelo estilista. Mais de uma década após sua morte, a propriedade, que já foi palco de festas luxuosas e um refúgio para a elite, hoje se encontra em ruínas, no centro de uma disputa judicial e sob a ameaça de demolição. A residência foi arrematada em leilão por um valor muito abaixo do mercado, mas a compradora jamais conseguiu tomar posse do imóvel, que se deteriora a cada dia.
O imbróglio, que se arrasta na Justiça, envolve a compradora, o espólio do apresentador e o Ministério Público. Conforme apurado e amplamente divulgado pelo portal Aventuras na História, a situação expõe a decadência de um patrimônio que reflete tanto o auge quanto as dificuldades financeiras de uma das figuras mais autênticas e controversas do Brasil. O que deveria ser a conclusão do legado material de Clodovil transformou-se em um impasse sem previsão de desfecho.
Um refúgio de luxo em meio à decadência
Situada em uma área privilegiada de 4.375 metros quadrados, próxima à Praia do Léo, a mansão de Clodovil era um verdadeiro oásis. Com nove quartos, uma capela, piscina, sauna e um grande lago, a propriedade foi projetada para ser um ponto de encontro de amigos e celebridades, longe da agitação da vida pública do estilista. A arquitetura e a decoração refletiam a personalidade extravagante de seu dono, tornando o local um marco de sofisticação na região de Ubatuba.
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Apesar do glamour, a realidade financeira de Clodovil nos seus últimos anos de vida era delicada. A advogada Maria Hebe Queiroz, responsável pelo espólio, já havia relatado em entrevistas anteriores, repercutidas por veículos como o G1, que o apresentador enfrentava dificuldades. “Ele não tinha nada, estava passando necessidade. […] O Clodovil gastava muito, ele dizia que não tinha juízo. Ele sempre foi descontrolado”, afirmou a advogada. Essa situação financeira instável foi um dos fatores que culminaram na necessidade de leiloar seus bens para quitar dívidas após sua morte.
O leilão controverso e a disputa judicial
A venda do imóvel se provou um desafio. Somente na terceira tentativa de leilão, em 2018, a mansão de Clodovil foi arrematada. O valor final, no entanto, foi de R$ 750 mil, menos da metade da avaliação inicial de R$ 1,6 milhão. A compradora, Thalita Daiane de Melo, moradora de Campinas, viu na aquisição uma oportunidade única, mas o que parecia um bom negócio rapidamente se transformou em um pesadelo jurídico, conforme detalhado pelo portal Aventuras na História.
Logo após a compra, os advogados de Thalita entraram na Justiça para reverter o negócio, alegando que ela teria “comprado gato por lebre”. A defesa argumenta que a arrematante adquiriu apenas o direito de uso da área, e não a posse definitiva do imóvel, uma informação que, segundo eles, não estava clara no edital do leilão. O pedido foi indeferido pela Justiça, e o valor pago por Thalita segue depositado em uma conta judicial, enquanto a propriedade, abandonada, sofre com a ação do tempo e atos de vandalismo.
Ordem de demolição e um futuro incerto
Para agravar a situação, em 2021 o Ministério Público de São Paulo emitiu uma ordem para que a residência fosse completamente demolida. A decisão está ligada a questões ambientais, uma vez que parte da construção teria sido erguida em área de preservação permanente. A estrutura abandonada também representa um risco ambiental e de segurança para a região, o que fundamentou a ação do MP. Até o momento, no entanto, a demolição não foi executada.
A advogada Maria Hebe Queiroz, representando o espólio, contestou a ordem, destacando o alto custo do processo. “Nós contestamos e não vamos demolir. É muito caro para demolir. A não ser que o poder público queira assumir as despesas”, explicou em declaração repercutida pelo portal Aventuras na História. Com a compradora impedida de usar o bem e o espólio se recusando a arcar com os custos da demolição, a icônica mansão de Clodovil permanece em um limbo, um monumento em ruínas que simboliza um legado de luxo, polêmicas e, agora, abandono.
O que você acha que deveria ser feito com a mansão de Clodovil? Acredita que a demolição é a melhor saída ou o imóvel deveria ser preservado como parte da história cultural do país? Deixe sua opinião nos comentários, queremos saber o que você pensa sobre o destino deste polêmico patrimônio.