Exploradores urbanos registraram imagens impressionantes de uma Ferrari F355 coberta por poeira e teias de aranha em uma mansão rural abandonada no interior britânico, cercada por dezenas de veículos raros deixados para trás
Escondida no interior do sul do Reino Unido, uma mansão abandonada guarda um dos cenários mais impressionantes e tristes do universo automotivo: dezenas de carros de luxo abandonados, avaliados em milhões de dólares, espalhados por garagens, galpões e jardins tomados pelo mato.
O canal Silent Hills Explorations registrou a descoberta — e também o momento em que a polícia interrompeu a visita dos exploradores urbanos.
O milionário que começou na fazenda
O dono da mansão nasceu em uma família simples de agricultores e cresceu trabalhando nas plantações da família.
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Desde jovem, contudo, ele demonstrava ambições maiores e decidiu investir no setor agrícola de forma independente.
O sucesso foi rápido. Em pouco tempo, transformou o negócio em uma fortuna e comprou um extenso terreno no interior, onde ergueu a casa dos sonhos e deu início a uma coleção de automóveis raros.
Sua paixão era evidente: os Pontiac Trans Am e Firebird eram presença constante na garagem, assim como um cobiçado Ferrari F355 que costumava dirigir no dia a dia.
O empresário frequentava clubes automotivos, participava de encontros internacionais e ampliava a coleção em viagens pelo mundo.
O abandono e a decadência
Com o passar dos anos, a saúde do colecionador começou a declinar. Incapaz de manter sozinho a mansão e as máquinas que tanto amava, ele se mudou para um asilo, deixando para trás não apenas sua casa, mas também os mais de 50 veículos raros que acumulou ao longo da vida. Desde então, o tempo se encarregou de corroer o que antes era símbolo de luxo e poder.
Quando os exploradores chegaram, encontraram o portão principal tomado pela vegetação. O caminho que levava à entrada quase desaparecera sob a grama alta.
Logo nas primeiras imagens, a equipe se depara com estátuas ornamentais e um Range Rover parado diante da fachada. Ao redor, dezenas de carros, tratores e até barcos repousavam cobertos de poeira, lona ou musgo.
A busca pelos tesouros escondidos
O objetivo dos exploradores era localizar o Ferrari F355 e os clássicos americanos, sobretudo os Trans Am que marcaram a paixão do proprietário.
Ao caminhar pelo terreno, encontraram diversos Land Rover, alguns ainda com placas da Califórnia, e modelos que não saíam das garagens desde 2013. A maioria estava coberta de mofo e com os pneus murchos.
Em uma área mais afastada, cercada por urtigas e sensores de movimento, os exploradores chegaram à parte mais valiosa da coleção. Ali estavam os Trans Am de 1976, em várias cores — branco, preto e vermelho —, muitos deles com placas personalizadas e volantes tomados por fungos.
Um dos veículos exibia o emblema “GTA”, outro o nome “Formula”, versões esportivas que ajudaram a tornar o modelo um ícone nos Estados Unidos.
Para minimizar os danos, os visitantes recolocaram as lonas sobre os carros que haviam sido destapados por curiosos anteriores, tentando preservar a pintura e os interiores deteriorados.
O encontro com o Ferrari esquecido
Entre as descobertas mais impressionantes, o Ferrari F355 F1 se destacou como uma relíquia improvável. Coberto de teias e com pneus vazios, o esportivo italiano ainda conservava o desenho aerodinâmico e os faróis escamoteáveis que o tornaram famoso nos anos 1990.
O carro possuía travas no capô e um curioso sistema de abertura de portas por alavanca, quase oculto na lateral — detalhes que despertaram a fascinação dos exploradores.
Logo ao lado, mais Trans Am, um Saab 9000 tomado por vegetação e até um caminhão com ornamento de capô estilizado. O contraste entre o luxo do passado e o abandono presente criava uma atmosfera de melancolia, reforçada pelo som de animais e máquinas agrícolas vindos das propriedades vizinhas.
A chegada da polícia
Durante as filmagens, um alarme disparou e, pouco depois, policiais chegaram ao local. Os agentes detiveram os exploradores para averiguação, mas confirmaram que não havia crime em andamento — apenas invasão civil, o que não configurava ofensa criminal. Após a abordagem, os visitantes foram liberados, e a gravação foi encerrada de forma abrupta.
A segunda coleção: o cemitério de esportivos antigos
Determinados a concluir o registro, os integrantes do canal viajaram cerca de 20 minutos até outro endereço relacionado ao colecionador, onde descobriram um novo “cemitério de carros”. Dessa vez, tratava-se de um grande celeiro e de áreas abertas repletas de veículos europeus antigos, muitos deles parcialmente desmontados ou soterrados por sucata e entulho.
Logo na entrada, havia modelos raros como Volvo esportivos de interior vermelho, Triumph GT6, Sunbeam Talbot e um possível Ford Model T totalmente deteriorado. Pedaços de motores, capôs e para-choques se acumulavam sobre os veículos, sugerindo que o local também servira como oficina ou ferro-velho.
O estado dos automóveis era deplorável: muitos tinham os motores removidos, os bancos arrancados e a pintura encoberta por ferrugem. O chão estava tomado por peças metálicas, pneus e restos de máquinas. Ainda assim, alguns detalhes resistiam, como logotipos antigos e painéis analógicos que remetiam a uma era de ouro do automobilismo europeu.
As relíquias engolidas pela natureza
Ao caminhar para a parte frontal da propriedade, os exploradores encontraram modelos dos anos 1980 e 1990 completamente tomados pelo mato.
Em um trecho, um veículo estava tombado de lado; em outro, um antigo Lotus Excel permanecia sob uma lona rasgada, com o teto desabando sobre ele. Outro Lotus da mesma linha repousava próximo a dois Range Rover cobertos de musgo e galhos, lembrando um cenário de filme pós-apocalíptico.
A cena final do vídeo mostra o contraste entre o passado e o presente: carros que um dia foram símbolo de velocidade e status agora desaparecem lentamente sob o peso do tempo e da natureza.
O legado esquecido
Ao encerrar a gravação, o narrador do Silent Hills Explorations reflete sobre a dualidade do que presenciaram. Por um lado, o conjunto impressiona pelo valor histórico e emocional — uma verdadeira cápsula do tempo automobilística. Por outro, causa tristeza ver coleções tão valiosas apodrecerem sem cuidado ou destino.
O caso simboliza o destino comum de muitas coleções particulares, que acabam perdendo significado quando o dono envelhece ou morre, transformando-se em ruínas silenciosas.
O que antes era orgulho e paixão, torna-se testemunho de um sonho interrompido, guardado entre estátuas cobertas de poeira, galpões caindo aos pedaços e máquinas que jamais voltarão a roncar.
No fim, as duas propriedades visitadas pelo canal — separadas por apenas alguns quilômetros — revelam não apenas a grandeza material de um colecionador, mas também a inevitável passagem do tempo sobre aquilo que o dinheiro constrói.
A fortuna do fazendeiro milionário ainda se espalha pelos campos, agora envolta em musgo, ferrugem e melancolia, esperando o dia em que alguém decida resgatar, documentar ou simplesmente lembrar das máquinas que um dia definiram sua vida.