Governo anuncia aumento da mistura obrigatória de etanol na gasolina para 30%, promovendo mudanças significativas no mercado de combustíveis e no consumo dos veículos flex e importados em todo o país.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou nesta segunda-feira (16), durante o seminário “Gás para Empregar” na Fiesp, que o governo pretende propor ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), ainda na última semana de junho, o aumento da mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina de 27% para 30% (E30).
A expectativa é que a medida possa entrar em vigor ainda em 2025, possivelmente em dezembro.
Mais etanol na gasolina pode reduzir importações
Segundo Silveira, a proposta visa duas frentes principais: Tornar o Brasil quase autossuficiente em gasolina, reduzindo a dependência de importações, que em 2024 chegou a 760 milhões de litros.
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Aproveitar a safra recorde de cana‑de‑açúcar e milho, o que garantirá oferta de etanol suficiente para a nova mistura.
Estudos técnicos do Instituto Mauá de Tecnologia, embasados no programa Combustível do Futuro, confirmam a viabilidade técnica da proposta para veículos leves e motos.
O ministro também ressaltou a urgência da mudança para tornar a Petrobras protagonista na revisão da política de preços, sem intervenção política na estatal.
Ele defendeu ainda ajustes na atuação da empresa no mercado de gás natural, especialmente para reduzir a reinjeção do insumo nos campos, aumentando sua disponibilidade e barateando custos.
Aumento do etanol na gasolina e impacto ambiental
A cada 10 pontos percentuais de aumento no etanol, como ir de 20% a 30%, estima-se evitar a emissão de cerca de 6 milhões de toneladas de CO₂ por ano.
Essa mudança pode ajudar o Brasil a cumprir metas climáticas e reforçar a imagem da matriz energética como uma das mais limpas do mundo.
No entanto, especialistas alertam possíveis efeitos nos motores que utilizam apenas gasolina, como veículos importados sem tecnologia flex.
Esses modelos podem apresentar aumento no consumo de até 1–2%, além de riscos de corrosão em componentes do sistema de combustível projetado apenas para gasolina pura.
Consumo de combustível com a nova mistura
Análises laboratoriais indicam que, nos veículos flex, o salto de E27 para E30 resulta numa queda mínima na eficiência: de cerca de 10 km/L para 9,8–9,9 km/L.
Essa diferença é praticamente imperceptível para o motorista comum.
Além disso, o Inmetro seguirá utilizando a gasolina E22 para fins de comparação de consumo em etiquetas, o que não afeta essa avaliação.
A Anfavea confirma que os veículos flex foram concebidos para rodar com qualquer proporção de etanol entre 22% e 100%, sem prejuízo ao motor.
Já a Copersucar estima que o E30 poderá gerar um acréscimo de 5 bilhões de litros na demanda por etanol ao ano, alimentado também pela safra recorde.
E os carros importados?
Carros movidos exclusivamente a gasolina, ou modelos importados sem calibragem para percentuais próximos a 30%, podem enfrentar:
- Elevação do consumo por menor poder calorífico do etanol.
- Possível desgaste em componentes provocados pela corrosividade do álcool.
- A durabilidade a longo prazo, no entanto, ainda demanda investigação.
Os testes atuais medem apenas o desempenho inicial e não impactos acumulados ao longo do tempo.
Boris Feldman critica aumento do etanol na gasolina
Em sua avaliação, Boris Feldman, especialista do setor automotivo, destacou que: “Quando passar de 27% para 30%, … seu carro vai consumir mais do que a gasolina atual que só tem 27% … aumento de etanol aumenta o consumo e diminui seu saldo bancário.”
Segundo ele, a medida pode onerar consumidores, especialmente proprietários de carros importados: aumento na mistura refletirá diretamente no bolso, pois o consumo será maior. Veículos importados sem calibragem para E30 podem sofrer ainda mais.
Prós e contras da nova política
Prós
- Redução de importações de gasolina e alívio na balança comercial.
- Menor custo previsível da gasolina, por aumentar a participação de etanol mais barato.
- Diminuição expressiva das emissões de CO₂, reforçando a transição energética.
Contras
- Leve aumento no consumo dos carros flex (~1–2%).
- Modelos a gasolina podem ter aumento maior no gasto de combustível.
- Riscos de corrosão em veículos não projetados para E30.
Quando entra em vigor a nova gasolina?
O CNPE deve deliberar sobre o E30 entre o final de junho e o início de julho. Se aprovado, o governo mira implementar a mistura até o fim de 2025. A mudança pode gerar reflexos na cadeia agrícola, industrial e nos consumidores.
A pergunta que fica no ar é: o aumento do etanol na gasolina é um novo marco na política de combustíveis do Brasil, ou representa um custo oculto demais para o proprietário comum?