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Mais estável que o vento e mais confiável que o sol: energia geotérmica pode gerar 6.000 TWh por ano e revolucionar a matriz global até 2050

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 11/10/2025 às 18:44
Energia geotérmica pode gerar 6.000 TWh por ano, operar com eficiência acima de 90% e revolucionar a matriz elétrica global até 2050.
Energia geotérmica pode gerar 6.000 TWh por ano, operar com eficiência acima de 90% e revolucionar a matriz elétrica global até 2050.
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Graças a tecnologias de perfuração avançadas e sistemas de circuito fechado, a energia geotérmica está deixando de ser limitada a regiões específicas e se tornando uma solução global, capaz de gerar eletricidade constante e suprir 15% da demanda mundial até 2050.

A energia geotérmica, obtida diretamente do calor presente no interior da crosta terrestre, está deixando de ser uma promessa distante para se tornar um dos pilares mais sólidos da engenharia energética do futuro.

Resultado da lenta decomposição de partículas radioativas em rochas, esse recurso natural sempre foi considerado caro e restrito a regiões específicas.

No entanto, avanços recentes em perfuração e sistemas de circuito fechado estão transformando o setor, revelando um potencial imenso de geração limpa e contínua, com fatores de capacidade que frequentemente superam 90%.

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Especialistas estimam que, com esse desempenho, a energia geotérmica poderia suprir até 15% da demanda global de eletricidade até 2050.

Como funciona a energia geotérmica

Sob a crosta terrestre, uma camada de magma em altíssimas temperaturas libera calor constantemente por meio da decomposição de elementos como urânio e potássio.

Esse calor migra para as camadas rochosas superiores e pode ser capturado com a perfuração de poços que alcançam água quente, vapor ou formações rochosas secas.

Engenheiros utilizam esse calor para mover turbinas e gerar eletricidade, além de aplicá-lo diretamente em sistemas de aquecimento para edifícios, estufas e processos industriais.

Por ser um recurso natural em constante regeneração, a energia geotérmica é considerada sustentável e praticamente inesgotável. Estimativas científicas indicam que, apenas nos primeiros 10 quilômetros abaixo da superfície, existe 50.000 vezes mais energia do que todas as reservas globais de petróleo e gás somadas.

Carlos Araque, CEO e cofundador da empresa norte-americana Quaise Energy, resume essa magnitude: “Se somarmos todos os combustíveis fósseis, a energia nuclear e outras fontes renováveis, não chegamos nem a um milionésimo do potencial térmico abaixo da superfície da Terra.

E para alcançá-lo, precisamos perfurar entre dois e 12 milhas. É como estar a poucos passos de uma fonte infinita de energia limpa.”

Vantagens de uma fonte contínua e limpa

A energia geotérmica não apenas supera as fontes fósseis em termos ambientais, mas também se destaca como uma das opções mais sustentáveis e confiáveis disponíveis.

Ela produz emissões mínimas e, ao contrário da energia solar e eólica, não depende de condições climáticas ou da luz do dia. Essa estabilidade garante um fornecimento contínuo e previsível de eletricidade.

Outra vantagem é a ausência de combustível, o que reduz custos e impactos relacionados à extração de recursos. Além disso, sistemas geotérmicos podem fornecer aquecimento e refrigeração de forma eficiente por meio de bombas térmicas subterrâneas.

As usinas geotérmicas apresentam taxas de eficiência notáveis, convertendo mais de 90% do calor extraído em energia utilizável. Também ocupam menos espaço do que parques solares ou eólicos, tornando-se ideais em regiões com espaço limitado ou ecossistemas sensíveis.

Desafios que ainda precisam ser superados

Apesar dos inúmeros benefícios, a energia geotérmica enfrenta desafios que limitam sua expansão global. Embora emita muito menos poluentes do que os combustíveis fósseis, a perfuração pode liberar gases subterrâneos, gerando impactos ambientais.

Sistemas geotérmicos aprimorados também podem provocar pequenos abalos sísmicos ao alterar a pressão subterrânea durante a injeção de água em camadas rochosas.

Outro obstáculo importante são os altos custos iniciais. A perfuração de poços profundos e a construção de infraestrutura especializada exigem grandes investimentos, embora os custos operacionais a longo prazo sejam baixos.

Além disso, a sustentabilidade do sistema depende de uma gestão cuidadosa dos reservatórios subterrâneos.

É necessário reinjetar fluidos com rapidez suficiente para evitar o esgotamento e garantir a viabilidade contínua da operação.

Inovações que estão mudando o jogo

Para superar esses desafios, engenheiros têm desenvolvido tecnologias que ampliam o acesso à energia geotérmica, reduzem custos e minimizam impactos ambientais.

A Quaise Energy, por exemplo, criou uma tecnologia de perfuração por ondas milimétricas, capaz de vaporizar rochas usando ondas eletromagnéticas de alta frequência, dispensando brocas convencionais.

Adaptada de pesquisas sobre fusão nuclear no MIT, essa abordagem pode alcançar fontes geotérmicas a mais de 12 milhas de profundidade, onde as temperaturas ultrapassam 500 °C. Em um teste recente, a empresa perfurou 118 metros de granito sólido sem contato físico.

A Fervo Energy, sediada no Texas, introduziu técnicas de perfuração horizontal e sensores de fibra óptica, originalmente usadas na indústria de gás.

Seu projeto piloto em Nevada permitiu o monitoramento em tempo real das condições subterrâneas, possibilitando otimizar o fluxo de fluidos e a produção de energia com alta precisão.

Já a canadense Eavor Technologies desenvolveu um sistema geotérmico de circuito fechado que dispensa a injeção de água em rochas fraturadas. O método circula um fluido térmico em um circuito subterrâneo selado, funcionando como um “radiador gigante” sob a terra.

Perspectivas para o futuro da energia geotérmica

A energia geotérmica está rapidamente se consolidando como peça-chave da transição energética global. Com novas tecnologias capazes de explorar calor a profundidades superiores a 8.000 metros, o potencial geotérmico mundial pode alcançar quase 600 terawatts de capacidade — energia suficiente para suprir a demanda global 140 vezes.

Se os custos continuarem caindo, a energia geotérmica poderá alcançar 800 gigawatts de capacidade instalada e gerar cerca de 6.000 terawatts-hora por ano até 2050, cobrindo 15% da demanda global projetada.

Com fatores de capacidade acima de 75%, ela representa uma das fontes renováveis mais estáveis e controláveis disponíveis.

Os investimentos estratégicos, estimados em 2,5 trilhões de dólares até meados do século, e o apoio da indústria de petróleo e gás devem impulsionar ainda mais esse setor.

O mercado global de energia geotérmica, avaliado em 7,45 bilhões de dólares em 2023, deve crescer para 9,22 bilhões até 2030, impulsionado por avanços tecnológicos e metas globais de energia limpa.

Com esse cenário, a energia geotérmica deixa de ser apenas uma alternativa e se posiciona como uma das soluções mais escaláveis e econômicas para alcançar sistemas energéticos de emissão zero no futuro.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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