Setor financeiro oferece salários atrativos e milhares de vagas abertas, mas enfrenta dificuldade para encontrar profissionais qualificados em cargos estratégicos. Empresas ampliam benefícios para reter talentos diante do cenário competitivo.
O mercado financeiro brasileiro enfrenta um cenário de escassez de profissionais qualificados, especialmente em cargos de liderança.
Dados recentes revelam que mais de 1,6 mil vagas permanecem abertas apenas na área de finanças, evidenciando o desafio enfrentado por empresas que buscam talentos capazes de aliar domínio técnico e visão estratégica.
Os salários para funções de alta gestão podem alcançar até R$ 96 mil mensais, segundo levantamento divulgado pela consultoria Robert Half em julho de 2025.
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Mercado financeiro disputa profissionais de alta performance
Os altos salários e os bônus diferenciados são apenas parte da estratégia adotada por empresas do setor para atrair e reter especialistas em finanças.
A disputa por talentos se intensifica diante da oferta limitada de profissionais com o perfil buscado, levando empregadores a oferecer benefícios robustos, promoções internas e oportunidades de crescimento acelerado.
Segundo o Estudo de Remuneração 2024 da Michael Page, a busca por líderes financeiros que combinem conhecimento técnico e capacidade de gestão se tornou prioridade entre grandes organizações e bancos.
Retenção de talentos desafia empresas
A competitividade salarial, aliada ao contexto de retenção, está promovendo um ambiente no qual 80% dos profissionais de finanças não demonstram interesse em trocar de emprego, conforme aponta a consultoria PageGroup.
Entre as principais razões para essa estabilidade estão as contrapropostas recorrentes, políticas de valorização interna e movimentações estratégicas de executivos para diferentes áreas dentro da própria companhia.
“A liderança de finanças precisa cada vez mais falar sobre negócios”, aponta o relatório, destacando a necessidade de que esses gestores compreendam os segmentos de atuação da empresa e consigam traduzir dados financeiros em estratégias claras para o negócio.
Vagas abertas e crescimento da demanda
A demanda crescente por especialistas reflete, também, as exigências impostas pelas incertezas econômicas do país.
Em um ambiente volátil, as empresas procuram líderes capazes de orientar decisões críticas e propor soluções inovadoras para a sustentabilidade financeira.
Segundo o relatório da Michael Page, os profissionais mais procurados atualmente são aqueles que, além de domínio de finanças, apresentam habilidades de comunicação, liderança e entendimento do mercado em que atuam.
“É esperado que os profissionais saibam participar dessas discussões em alta, que conheçam os segmentos e conectem isso com finanças, traduzindo esta relação em estratégias para o negócio”, ressalta o levantamento.
No LinkedIn, a oferta de vagas para posições de finanças supera 1,6 mil em julho de 2025, abrangendo funções como diretor financeiro, gerente de controladoria, analista de investimentos e especialistas em compliance e riscos.
Segundo especialistas, o número pode ser ainda maior quando consideradas vagas não publicadas em plataformas digitais e posições confidenciais oferecidas por headhunters.
A tendência é de crescimento dessa demanda nos próximos meses, impulsionada por fusões, aquisições e reestruturações de empresas de médio e grande porte.
Transformação digital redefine perfil do líder financeiro
Outro destaque do setor é a valorização de profissionais com experiência internacional, domínio de idiomas e familiaridade com tecnologia.
A transformação digital está alterando o perfil do líder financeiro, que agora precisa lidar com big data, inteligência artificial e análise preditiva para apoiar decisões estratégicas.
Empresas de tecnologia financeira, conhecidas como fintechs, também ampliam a competição ao disputar esses talentos com bancos tradicionais e multinacionais instaladas no Brasil.
Remuneração e benefícios impulsionam a retenção
O quadro de escassez é confirmado por consultorias especializadas em recrutamento, que apontam o segmento financeiro como um dos mais críticos no quesito mão de obra qualificada.
“A competição por profissionais de alta performance nunca foi tão intensa”, afirma um executivo da PageGroup.
Os salários elevados, que podem chegar a R$ 96 mil mensais em cargos como Chief Financial Officer (CFO), refletem não só a responsabilidade, mas também a urgência das empresas em fortalecer suas áreas financeiras diante dos desafios impostos pela economia global e pela regulamentação local.
Para além das remunerações, outros fatores têm peso relevante na decisão dos profissionais de permanecerem nas empresas.
Entre eles, a possibilidade de desenvolvimento de carreira, acesso a programas de capacitação, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, além de benefícios flexíveis.
Essas práticas contribuem para o aumento da satisfação e do engajamento dos colaboradores, reduzindo a rotatividade e fortalecendo a cultura organizacional.
Oportunidades em finanças seguem em alta
A expectativa para os próximos meses é de que a busca por líderes financeiros continue em alta, especialmente para empresas que desejam se adaptar rapidamente a mudanças regulatórias, demandas de transparência e pressão por resultados.
Profissionais capazes de conciliar conhecimento técnico, visão de negócios e habilidades de liderança devem seguir entre os mais valorizados no mercado brasileiro.
Com tantas oportunidades e salários elevados, por que ainda existe tamanha dificuldade para preencher as vagas abertas no setor financeiro? O que falta para equilibrar a oferta e a demanda por talentos qualificados em finanças no Brasil?