Estrutura de 18 km que liga Dinamarca à Alemanha será finalizada até 2029 com módulos submersos, fábrica própria e tecnologia de ponta
A Europa está construindo o maior túnel imerso do mundo, com 18 quilômetros de extensão, ligando a ilha dinamarquesa de Lolland à alemã Fehmarn. O projeto usa uma técnica diferente de escavações convencionais: os módulos são pré-fabricados e afundados no fundo do mar, depois interligados com precisão milimétrica.
Segundo a Femern A/S, estatal dinamarquesa responsável pela obra, o túnel ficará pronto até 2029, após uma jornada dividida em oito grandes etapas. A estrutura promete encurtar o tempo de viagem entre os dois países, ao mesmo tempo em que servirá de modelo para futuros projetos, como o túnel imerso entre Santos e Guarujá, no Brasil.
Preparação do terreno nas ilhas de Lolland e Fehmarn
A primeira fase consistiu em preparar os dois extremos do túnel, em Rødbyhavn (Dinamarca) e Puttgarden (Alemanha). Foram construídos canais de acesso, instaladas utilidades e demolidas estruturas antigas. Medidas ambientais também foram adotadas, como a criação de poças artificiais para anfíbios e cercas protetoras ao redor do canteiro de obras.
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Esse trabalho preparatório foi essencial para garantir a segurança, a logística e o respeito ao ecossistema local, permitindo que as etapas seguintes fossem executadas com mínima interferência ao meio ambiente.
Construção dos portos de trabalho
Com os locais definidos, começaram as obras dos portos de apoio à construção, por onde chegam os materiais usados no túnel. O maior porto foi erguido em Rødbyhavn, já que ali será feita a produção dos módulos. Ele entrou em operação em 2022. O porto alemão ficou pronto um ano depois.
Esses portos ajudam a reduzir o tráfego terrestre e otimizam o transporte marítimo de grandes blocos de concreto, fundamentais para a próxima fase: a dragagem do leito marinho.
Dragagem do canal de 18 km no Fehmarnbelt
Um canal de 18 quilômetros foi escavado entre os dois países para acomodar os módulos do túnel. A dragagem removeu toneladas de areia, pedras e sedimentos do leito marinho, criando um espaço com profundidade e largura suficientes para a instalação das peças.
Parte do material dragado foi reaproveitado para criar áreas costeiras próximas, especialmente em Rødbyhavn. Essa etapa foi concluída em 2024 e abriu caminho para o início da montagem do túnel.
Fábrica de túneis e vila dos trabalhadores
Para produzir os 89 módulos que compõem o túnel, uma fábrica específica foi construída em Rødbyhavn com seis linhas de montagem. Cinco são para módulos padrão e uma para modelos especiais. Ao lado, surgiu a “vila do túnel”, com acomodações para mais de 1.300 trabalhadores.
A primeira peça foi moldada em 2023. A estrutura da fábrica permite produção em série com alto controle de qualidade, garantindo que cada módulo atenda aos requisitos técnicos e ambientais do projeto.
Construção dos portais de entrada
As entradas do túnel estão sendo construídas simultaneamente nos dois países. Essas estruturas servirão de conexão com as redes rodoviária e ferroviária locais. Em 2024, as seções frontais desses portais começaram a ser submersas, preparando o ponto de acoplamento dos módulos.
A engenharia de precisão é essencial aqui. Os portais são o elo entre o sistema terrestre e o túnel imerso, e qualquer desalinhamento pode comprometer toda a estrutura.
Produção e imersão dos módulos
A partir de 2025, os módulos começarão a ser rebocados e submersos no canal escavado. Cada peça será cuidadosamente posicionada, alinhada e selada para formar um único túnel contínuo, com vias para carros e trilhos para trens. A montagem começará de ambos os lados, avançando até o centro do Fehmarnbelt.
Esse método reduz o tempo de construção e evita riscos geológicos associados à escavação submarina, como deslizamentos ou rompimentos de rocha.
Instalação da tecnologia interna
Após a montagem, será feita a instalação dos sistemas internos: ventilação, comunicação, iluminação, sinalização, energia e infraestrutura para veículos e trens. Todo o sistema será automatizado e monitorado por sensores, garantindo segurança operacional 24 horas por dia.
O túnel também será equipado para emergências, com rotas de evacuação, detectores de fumaça e redes de resposta rápida, seguindo os padrões internacionais.
Testes e abertura ao público
Antes da inauguração prevista para 2029, todas as instalações passarão por testes rigorosos. Isso inclui simulações de tráfego, falhas de energia, incêndios e evacuações. Só após a aprovação das autoridades de transporte e segurança dos dois países é que o tráfego será liberado.
O túnel vai reduzir de 45 para 10 minutos o tempo de viagem entre Dinamarca e Alemanha, transformando o mapa logístico da Europa e servindo como referência para projetos de engenharia em todo o mundo.
Você acha que o Brasil deveria investir mais em túneis imersos como esse? Deixe sua opinião sobre essa tecnologia e seus possíveis usos por aqui.