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Maior safra da história brasileira chega a 355 milhões de toneladas e desafia portos, silos e transporte com gargalos que podem travar o agro

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 22/10/2025 às 14:32
Colheita histórica de soja e milho leva Brasil a 355 milhões de toneladas, mas logística e armazenagem seguem longe do ritmo do campo
Colheita histórica de soja e milho leva Brasil a 355 milhões de toneladas, mas logística e armazenagem seguem longe do ritmo do campo IMAGEM: Hugo Medeiros Ferreira
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Com a maior safra da história brasileira, de 355 milhões de toneladas, o país enfrenta gargalos em portos, silos e transporte que ameaçam o escoamento de grãos e o ritmo das exportações

O Brasil deve colher a maior safra da história brasileira, com um total de 355 milhões de toneladas de grãos em 2025. O número consolida o país como uma potência global do agronegócio, mas também evidencia uma fragilidade estrutural: a capacidade logística cresce em ritmo muito inferior ao da produção.

Enquanto as lavouras de soja, milho, trigo e arroz avançam em produtividade e área plantada, portos, armazéns e estradas operam próximos do limite físico e operacional. O resultado é uma equação delicada: mais grãos, menos espaço e maior risco de gargalos no transporte e na armazenagem.

Soja e milho concentram mais de 85% da produção nacional

O avanço agrícola brasileiro se apoia principalmente em duas culturas: a soja e o milho, que juntas respondem por mais de 85% do total colhido.

A soja deve atingir cerca de 177 milhões de toneladas, consolidando o Brasil como líder global de exportação do grão.

o milho deve alcançar aproximadamente 139 milhões de toneladas, impulsionado por safras cheias no Centro-Oeste e no Matopiba.

Embora parte da produção seja destinada ao consumo interno, a maior fração da soja segue diretamente aos portos, especialmente Santos, Paranaguá e Itaqui, com destino à China e outros mercados asiáticos.

O milho, por outro lado, mantém papel essencial no abastecimento doméstico, alimentando cadeias de proteína animal e a expansão das usinas de etanol de milho, que se multiplicam no Centro-Oeste.

Grandes tradings controlam o fluxo de exportações

Cerca de 70% de todo o volume exportado passa por seis grandes companhias globais: Amaggi, Bunge, COFCO International, Cargill, Louis Dreyfus Company e Archer Daniels Midland Company.

Essas empresas dominam a originação, a armazenagem e a engenharia de embarque dos grãos, coordenando uma cadeia de execução altamente sincronizada entre campo, ferrovia, rodovia e porto.

Apesar da sofisticação técnica, a concentração logística nas mãos dessas gigantes evidencia outro desafio: a dependência de poucos corredores de exportação.

Qualquer interrupção como greves, enchentes ou restrições portuárias pode gerar um efeito dominó sobre toda a cadeia, ampliando custos e atrasando contratos internacionais.

Falta de espaço e de infraestrutura adequada

A infraestrutura de armazenagem segue sendo um dos principais gargalos da maior safra da história brasileira.

O país possui capacidade de estocagem estimada em cerca de 185 milhões de toneladas, muito abaixo do volume produzido.

Isso significa que quase metade da produção precisa ser transportada imediatamente após a colheita, o que sobrecarrega estradas e portos durante os picos sazonais.

A defasagem logística também se reflete nos custos de transporte, ainda fortemente dependentes do modal rodoviário.

Mais de 60% dos grãos circulam por caminhões, que enfrentam longas filas, aumento de frete e congestionamentos nas rotas de exportação.

Esse descompasso estrutural ameaça a competitividade do agro brasileiro nos mercados externos.

Energia, armazenagem e risco de paralisação

Além da infraestrutura física, a energia operacional da cadeia também atinge recordes: mais caminhões, mais combustível, mais horas de operação e maior pressão sobre portos e terminais ferroviários.

Em períodos de pico, a movimentação chega a ultrapassar 10 mil caminhões por dia em regiões como Rondonópolis, Sorriso e Lucas do Rio Verde.

Essa intensidade eleva o risco de gargalos logísticos e exige planejamento conjunto entre produtores, cooperativas e tradings.

A falta de janelas portuárias, de espaço em silos e de acesso ferroviário suficiente pode atrasar embarques, gerar perdas e aumentar o custo final da tonelada exportada.

O desafio de equilibrar produção e infraestrutura

O desempenho agrícola brasileiro reafirma o potencial do país como fornecedor global de alimentos e energia renovável, mas o crescimento da produção não pode seguir desvinculado da expansão logística.

Investimentos em ferrovias, armazéns regionais e terminais portuários serão essenciais para sustentar o novo patamar de produção sem comprometer margens e competitividade.

Especialistas apontam que, sem uma modernização coordenada, a maior safra da história brasileira pode se transformar em um teste de estresse para o setor, revelando o limite físico de um sistema que há anos opera no limite da eficiência.

A colheita recorde de 355 milhões de toneladas consolida o Brasil como gigante do agro, mas expõe um problema de fundo: a infraestrutura ainda não acompanha o ritmo das lavouras.

Você acredita que o país conseguirá adaptar seus portos, estradas e silos à nova escala do agronegócio? Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir quem vive de perto os impactos desse avanço no campo e nas rotas de exportação.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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