Complexo logístico no Espírito Santo promete transformar a economia regional com integração de modais de transporte, estímulo à exportação e geração massiva de empregos, em um projeto com horizonte de execução até 2035.
O Espírito Santo lançará um complexo logístico para integrar portos, rodovias, ferrovias e aeroportos e impulsionar a indústria com apoio da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Aracruz.
Batizado de Parklog ES, o projeto prevê R$ 11 bilhões em investimentos públicos e privados, capacidade de movimentar 25 milhões de toneladas por ano e a criação de 50 mil empregos diretos.
A cerimônia de lançamento será realizada na segunda-feira, às 10h, no Palácio Anchieta, em Vitória, com a presença do governo estadual, prefeitos dos dez municípios da área de influência e representantes do setor produtivo.
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Lançamento e abrangência regional
A iniciativa envolve Aracruz, Colatina, Fundão, Ibiraçu, Jaguaré, João Neiva, Linhares, Marilândia, Serra e Sooretama, formando um corredor logístico no litoral norte e adjacências.
Nessa configuração, o Parklog ES se posiciona como eixo de escoamento para a produção industrial e agroexportadora, conectando a infraestrutura portuária a modais terrestres e a terminais alfandegados.
O que é o Parklog ES
Segundo o governo, o Parklog é uma parceria público-privada que organiza um conjunto de ativos — entre portos, estradas, ferrovias e estruturas de apoio — para dar competitividade ao comércio exterior.
O trabalho técnico incluiu diagnóstico de ativos e serviços, mapeamento de oportunidades, definição de modelo de governança e planejamento de ações conjuntas para 2025 a 2035.
Para o vice-governador Ricardo Ferraço, trata-se do “maior projeto de infraestrutura da história do Espírito Santo depois do Complexo Industrial Portuário do Tubarão”, capaz de colocar o Estado “em pé de igualdade com os melhores padrões de competitividade e infraestrutura na atração de investimentos”.
Investimentos e empregos
A estimativa oficial projeta pelo menos 50 mil empregos diretos na fase de implantação e operação.
Considerando os indiretos, a expectativa é dobrar esse número ao longo de dez anos.
Em valores, o governo informa que os investimentos públicos superam R$ 1 bilhão, enquanto a iniciativa privada soma mais de R$ 10 bilhões, dos quais cerca de R$ 4 bilhões já foram executados nos últimos anos.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento, Rogério Salume, “seu impacto já está acontecendo com grandes investimentos sendo realizados e novos prospectados na região”.
Ele acrescenta que “teremos em breve um novo porto seco em Fundão, indústrias chegando em Aracruz e outros investimentos importantes”, além de obras em estradas, ferrovias, portos e acessos.
Portos, aeroportos e infraestrutura de apoio
O Parklog ES reúne três terminais estratégicos: Portocel, Imetame e Vports, estruturados para expansão e integração multimodal.
Em paralelo, a eficiência aduaneira tende a ser reforçada por portos secos em Colatina e Fundão, com potencial para encurtar prazos e reduzir custos operacionais.
Ao redor do complexo, os aeroportos de Linhares e Aracruz adicionam uma camada aérea à malha logística, ampliando a conectividade para cargas de maior valor agregado ou de urgência.
Ferrovias e novas conexões
A malha ferroviária é apontada como pilar do sistema.
A Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), considerada uma das mais eficientes do país, garante conexão direta com Minas Gerais, alcançando a Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Além disso, avança a conexão da EF-118, que integrará o eixo Aracruz–Vitória–Cariacica–Anchieta em direção ao Rio de Janeiro, abrindo alternativa de alto desempenho para fluxos interestaduais.
Custos, velocidade e competitividade
O projeto prevê a construção e operação de conexões entre o Parklog e áreas produtoras de grãos, etapa inicial para alcançar o cerrado via noroeste mineiro.
Nesse desenho, o corredor ferroviário que liga Minas Gerais e Centro-Oeste à EFVM e aos portos capixabas recupera competitividade com uma variante que eleva a velocidade operacional dos atuais 12 a 16 km/h para mais de 45 km/h.
A mudança reduz em mais de 30% o consumo de combustível, com reflexo direto na diminuição de emissões e no custo por tonelada transportada.
Com a infraestrutura projetada, a capacidade da via, hoje subutilizada por restrições de custo, salta de 10 milhões de toneladas para mais de 25 milhões de toneladas por ano.
ZPE de Aracruz e indústria exportadora
Ao lado do complexo, em Aracruz, está a primeira ZPE privada do Brasil, concebida para operações focadas na exportação.
O modelo é apresentado como dinâmico e competitivo, e já atrai empresas que planejam produzir para o mercado externo com incentivos próprios desse regime aduaneiro especial.
A expectativa é que a proximidade com portos e ferrovias reduza tempos de ciclo e aumente a previsibilidade logística, fatores decisivos para cadeias globais.
Ambiente energético e incentivos regionais
A região conta com cadeia de gás e petróleo consolidada e alto potencial de energias renováveis, o que oferece disponibilidade imediata de energia e alinhamento com uma transição energética consistente.
O Espírito Santo é o terceiro maior produtor de petróleo do país, posição que sustenta a base energética para novos empreendimentos.
Enquanto isso, a inclusão do norte capixaba na área da Sudene adiciona instrumentos de fomento capazes de acelerar a implantação de um parque industrial competitivo.
Governança e horizonte até 2035
A governança do Parklog ES foi estruturada para integrar investimentos públicos e privados e coordenar intervenções por fases.
O governo atribui a esse arranjo a condição necessária para consolidar uma rede intermodal de acesso, modernizar acessos portuários, ampliar pátios ferroviários e adequar vias de ligação.
Em discurso indireto, autoridades avaliam que articular esses vetores sob um mesmo plano de longo prazo reduz sobreposições e antecipa ganhos de escala, sobretudo em corredores com grande potencial de carga.
Em que medida a combinação de ZPE, ferrovias e portos poderá transformar a competitividade do Espírito Santo e atrair novas indústrias para além dos setores já consolidados?