O navio Ramform Titan, da empresa norueguesa TGS, inicia estudos sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial, região com potencial estimado entre 20 e 30 bilhões de barris. As pesquisas geológicas começam pelo litoral do Maranhão, com base no Porto de Itaqui.
O Maranhão se tornou o novo epicentro das atenções no setor de petróleo. A chegada da maior embarcação de pesquisas sísmicas do mundo, o Ramform Titan, da empresa norueguesa TGS, marca o início de uma nova etapa para o desenvolvimento energético na Margem Equatorial Brasileira. O navio atracou no Porto de Itaqui, em São Luís, nesta quarta-feira (22), e já se prepara para realizar levantamentos geológicos nas bacias do Pará-Maranhão e de Barreirinhas.
Essas duas bacias fazem parte de um conjunto de cinco formações sedimentares que compõem a Margem Equatorial — uma área considerada estratégica por especialistas e que pode transformar o mapa de exploração de petróleo e gás no país. A região se estende por todo o litoral norte brasileiro, abrangendo os estados do Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte.
Porto de Itaqui se torna base estratégica para operação sísmica
O Porto de Itaqui, administrado pela Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), será o ponto de apoio logístico das operações. De lá, o Ramform Titan partirá rumo ao alto-mar para coletar dados que permitirão avaliar a viabilidade da exploração de petróleo na costa maranhense.
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Segundo o governador Carlos Brandão, a expectativa é alta diante do potencial da região:
“Ele vai partir daqui para alto mar para fazer essa pesquisa, que é um navio que faz a exploração de petróleo, faz a sísmica, o estudo de viabilidade. Os estudos preliminares já apontam que a gente vai ter cerca de 30 bilhões de barris de petróleo em cada uma dessas bacias”, afirmou.
Com isso, o Maranhão reforça seu papel estratégico no novo ciclo exploratório nacional. O estado não apenas fornece infraestrutura portuária, mas também se posiciona como uma das áreas mais promissoras dentro da Margem Equatorial.
Tecnologia sísmica revela o subsolo oceânico em alta definição
A pesquisa sísmica realizada pelo Ramform Titan é uma das etapas mais importantes da cadeia produtiva do petróleo. Essa tecnologia utiliza ondas sonoras de alta precisão que penetram o solo marinho e retornam em forma de reflexos, permitindo criar imagens detalhadas das camadas geológicas.
Essa espécie de “ultrassonografia do subsolo” possibilita que cientistas e engenheiros identifiquem possíveis reservatórios de petróleo e gás antes mesmo da perfuração. O processo reduz custos, minimiza riscos ambientais e direciona os investimentos com maior assertividade.
A TGS, responsável pelo navio, é reconhecida por deter a maior biblioteca de dados sísmicos do mundo. A empresa já atuou em pesquisas similares no Brasil, incluindo levantamentos que resultaram em descobertas no pré-sal, uma das maiores reservas de petróleo em águas profundas do planeta.
Potencial da Margem Equatorial pode redefinir o setor de petróleo brasileiro
A Margem Equatorial é vista pelo mercado como a nova fronteira exploratória do petróleo no país. Estudos preliminares indicam que a região pode abrigar entre 20 e 30 bilhões de barris de petróleo, volumes comparáveis aos encontrados no pré-sal.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) acompanha de perto os trabalhos, mas reforça que a exploração na costa maranhense ainda depende de autorização ambiental e licenciamento definitivo. O avanço das pesquisas sísmicas é, portanto, o passo inicial de um longo processo técnico e regulatório.
Enquanto isso, a Petrobras recebeu recentemente a licença do Ibama para dar início às suas próprias operações exploratórias na Margem Equatorial. A decisão reforça o interesse do governo e das grandes petroleiras em diversificar a produção nacional, sobretudo diante da transição energética global e da necessidade de equilibrar desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental.
Maranhão no centro do mapa energético do futuro
A presença do Ramform Titan no litoral maranhense simboliza o início de uma fase decisiva para o setor de petróleo no Brasil. O estado, que já possui posição estratégica no transporte de combustíveis e commodities, agora se projeta também como base de pesquisa e inovação energética.
Com o avanço dos estudos na Margem Equatorial, cresce a expectativa por novos investimentos, geração de empregos e fortalecimento da cadeia produtiva do petróleo. O desafio, contudo, será equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental — uma equação que definirá o sucesso dessa nova fronteira energética brasileira.