Localizada em Nova Iguaçu, a Estação de Tratamento de Água do Guandu é a maior do planeta e abastece milhões de pessoas na Região Metropolitana do Rio, combinando tecnologia, eficiência e monitoramento contínuo em larga escala.
Reconhecida pelo Guinness World Records desde 2007, a Estação de Tratamento de Água do Guandu (ETAG), em Nova Iguaçu, é a base do abastecimento no Grande Rio.
Em operação contínua, a unidade da Cedae trata 43 mil litros por segundo e atende mais de 9 milhões de pessoas na Região Metropolitana, respondendo por cerca de 80% da água consumida.
A planta, inaugurada em 1955, tornou-se referência mundial pela escala e pela operação ininterrupta em um território denso e acidentado.
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Guandu sustenta 80% do consumo da Região Metropolitana
A estrutura integra o chamado Sistema Guandu, que capta água bruta no rio de mesmo nome após a confluência das transposições dos rios Ribeirão das Lajes, Piraí e Paraíba do Sul.
A água tratada segue por um conjunto de adutoras que cruzam serras e túneis rumo aos grandes reservatórios que alimentam a capital e municípios da Baixada.
Em períodos de maior demanda, a produção registrada no “plano verão” já alcançou picos acima do patamar médio, mas a referência operacional se mantém em 43 mil l/s.
Tratamento convencional com reforços pós-crise da geosmina
O processo de potabilização adota a cadeia clássica — coagulação, floculação, decantação, filtração em areia e desinfecção com cloro — apoiada por correção de pH.
O volume diário de insumos dá a dimensão da planta: aproximadamente 140 toneladas de sulfato de alumínio, 30 toneladas de cloreto férrico, 15 toneladas de cloro-gás e 25 toneladas de cal virgem.
Após o episódio de gosto e odor associado à geosmina em 2020, a ETAG passou a dosar carvão ativado conforme a variação da qualidade da água bruta para mitigar compostos responsáveis por alterações organolépticas.
Expansões históricas e duas linhas de tratamento
Pensada ainda nos anos 1940 para acompanhar a urbanização do pós-guerra, a estação entrou em serviço em 1955 com cerca de 13,8 mil l/s.
Ampliações ao longo das décadas de 1960 e 1980 elevaram a capacidade até o patamar atual.
O complexo reúne duas linhas: a Velha Estação (VETA) e a Nova Estação (NETA), trabalhando de forma integrada.
Essa redundância operacional permite distribuir cargas, realizar manutenções programadas e absorver oscilações de qualidade da água bruta durante chuvas intensas.
Qualidade sob controle: certificação e monitoramento
Em 2025, a Cedae obteve certificação ISO 9001 para o Sistema Guandu-Lameirão, formalizando procedimentos desde o controle laboratorial até a operação.
O Laboratório de Investigação Biológica e Rastreamento da Água (Libra) ampliou o escopo de monitoramento para 78 parâmetros, com quase 300 mil amostras analisadas por ano.
Além de sensores e análises acreditadas, um painel sensorial — os chamados “sommeliers de água” — realiza degustações diárias para captar variações de gosto e odor que instrumentos nem sempre identificam.
Em paralelo, a estatal desenvolve o IAguas, projeto de inteligência artificial que aprende padrões dos mananciais e emite alertas precoces sobre anomalias, reforçando a prevenção.
Novo Guandu: mais oferta e segurança operacional até 2026
Para aumentar a resiliência do sistema frente ao crescimento populacional e a eventos hidrológicos severos, a Cedae executa o Novo Guandu.
As obras, iniciadas em 2022, preveem conclusão em 2026 e adicionarão 6 mil l/s à capacidade de produção, elevando a oferta global do sistema de 45 mil para 51 mil l/s.
O projeto inclui o reservatório Novo Marapicu, com 53 milhões de litros, e uma adutora de 3,9 km de 2,5 metros de diâmetro, além de melhorias que ampliam a flexibilidade de operação em cenários de turbidez elevada nas cheias.
Eficiência hídrica e energia para operar 24 horas
A operação contínua demanda robustez elétrica e gestão fina de perdas internas.
Reformas concluídas recentemente reduziram de 10 para 5 minutos o tempo de lavagem de filtros; a mudança economiza até 360 mil litros por ciclo, água que retorna ao processo.
O conjunto de captação e bombeamento dispõe de grupos motobomba e subestações dedicadas, mitigando oscilações de rede e garantindo estabilidade para manter a vazão mesmo em picos de consumo.
Florestas como infraestrutura: reflorestamento reduz custos
A sustentabilidade da captação depende do estado da bacia.
Estudos do WRI Brasil mostram que o reflorestamento de áreas degradadas no Sistema Guandu melhora a qualidade da água na chegada à estação, reduzindo o uso de produtos químicos e gerando economia no longo prazo.
Nesse eixo, a Cedae mantém o Replantando Vida, programa que une restauração florestal à ressocialização.
Segundo a companhia, mais de 4,5 milhões de mudas nativas já foram plantadas, iniciativa reconhecida com o Prêmio ANA 2023 e integrada à Década da Restauração de Ecossistemas da ONU.
Manutenções programadas e comunicação com a população
Mesmo com redundâncias, paradas planejadas são necessárias para modernizações e inspeções estruturais.
Em 20 de maio de 2025, a Cedae suspendeu a produção entre 0h e 20h para uma manutenção preventiva no Sistema Guandu.
A recomposição do abastecimento ocorreu de forma gradual, como de praxe em grandes redes, com prioridade a serviços essenciais.
A coordenação entre a produtora (Cedae) e as distribuidoras privadas que operam os bairros é parte do arranjo institucional pós-concessões, e o gerenciamento centralizado de dados em tempo real facilita decisões durante janelas de intervenção.
Escala invisível que chega à torneira
Da captação à saída das adutoras, a ETAG movimenta volumes gigantescos e processos complexos, pouco visíveis para quem abre a torneira.
São duas linhas de tratamento, centenas de equipamentos críticos, centros de controle dedicados e equipes que se revezam 24 horas para manter a qualidade dentro dos padrões legais.
A expansão em curso, somada ao reforço do monitoramento e às ações de restauração da bacia, busca garantir oferta e estabilidade diante de extremos climáticos e de uma metrópole que não para de crescer.