Alibaba anuncia expansão inédita com data centers no Brasil, reforça parceria estratégica com a Nvidia e aposta em chips próprios para reduzir dependência externa, movimentando bilhões e elevando a disputa global pela liderança em inteligência artificial.
A Alibaba confirmou que vai instalar suas primeiras estruturas de data center no Brasil, além de França e Holanda, ampliando a presença global da nuvem do grupo e reforçando a guinada do conglomerado para a inteligência artificial.
O anúncio veio junto de uma parceria com a americana Nvidia na área de “IA física” e da apresentação do Qwen3-Max, novo modelo de linguagem com mais de 1 trilhão de parâmetros.
As ações saltaram perto de 10% em Hong Kong na quarta-feira, 24 de setembro, o maior nível em quatro anos.
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Expansão global inclui Brasil e mais oito praças
Segundo a empresa, os primeiros data centers em Brasil, França e Holanda entram no plano imediato.
Em seguida, a Alibaba pretende abrir novas instalações em México, Japão, Coreia do Sul, Malásia e Dubai ao longo do próximo ano, mantendo o ritmo de expansão internacional da nuvem.
Hoje, a rede opera 91 zonas de disponibilidade em 29 regiões.
A companhia não detalhou se as novas unidades utilizarão chips da Nvidia.
Aposta bilionária em IA e visão de mercado
No palco da Apsara Conference, o CEO Eddie Wu afirmou que o investimento global em IA pode alcançar US$ 4 trilhões nos próximos cinco anos e indicou que a Alibaba vai elevar o orçamento já anunciado de 380 bilhões de yuans (cerca de US$ 53 bilhões) para infraestrutura de IA em três anos.
O executivo não divulgou valores adicionais.
“A velocidade de desenvolvimento da indústria superou em muito o que esperávamos, e a demanda por infraestrutura de IA também”, disse Wu.
Parceria com Nvidia mira “IA física”
A Alibaba fechou acordo para integrar o conjunto de ferramentas de “Physical AI” da Nvidia ao PAI (Platform for AI), sua plataforma de desenvolvimento em nuvem.
A ideia é acelerar tarefas como síntese de dados, treinamento de modelos, simulação de ambientes e validação, com aplicações que vão de robótica humanoide a sistemas autônomos.
O anúncio ocorre em meio a restrições na China ao uso de GPUs da Nvidia, razão pela qual a colaboração foca principalmente software.
Mercado reage e Ark Invest volta ao papel
O movimento da empresa encorajou investidores.
Após quatro anos, a Ark Invest, de Cathie Wood, reabriu posições em Alibaba em dois ETFs, em meio à disparada dos papéis após a conferência.
A reentrada foi divulgada em relatório de negociações nesta semana.
Corrida chinesa por IA acelera capex
Na China, gigantes como Tencent, Baidu e JD.com também ampliam os aportes para treinar modelos e escalar serviços de IA.
Estimativa da Bloomberg Intelligence aponta que o capex conjunto em infraestrutura e serviços de IA desses quatro grupos pode ultrapassar US$ 32 bilhões em 2025, mais que o dobro do registrado em 2023.
Qwen3-Max e a vitrine de produtos
Durante o evento, a Alibaba apresentou o Qwen3-Max, modelo com mais de 1 trilhão de parâmetros e foco em geração de código e agentes autônomos, além de outras ferramentas como o Qwen3-Omni.
A empresa citou testes independentes em que o modelo supera rivais em métricas específicas.
Nuvem cresce e puxa resultados
O redirecionamento do negócio para IA já se reflete nos números.
No trimestre encerrado em 30 de junho, a divisão de nuvem registrou alta de 26% na receita, com crescimento de três dígitos em produtos ligados à IA, tornando-se a unidade de expansão mais rápida do grupo no período.
Chips próprios ganham tração com China Unicom
Para reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros, a Alibaba investe em hardware via a unidade T-Head (Pingtouge).
China Unicom, segunda maior operadora móvel do país, adotou os aceleradores de IA da T-Head em um novo data center de grande porte em Qinghai, marcando um avanço comercial relevante para os chips da companhia.
Restrições na China às GPUs da Nvidia
O ambiente regulatório segue desafiador.
Autoridades chinesas instruíram grandes empresas de tecnologia a interromper pedidos e testes da GPU RTX Pro 6000D e desencorajaram o uso do chip H20 da Nvidia, reforçando o foco em soluções domésticas.
A orientação amplia as incertezas sobre o acesso a processadores estrangeiros para treinar modelos avançados.
Huawei detalha roteiro para desafiar a Nvidia
A Huawei também elevou a aposta.
Em setembro, a empresa apresentou um roteiro de três anos para sua linha Ascend e novas arquiteturas de SuperPoD, com promessas de desempenho superior aos sistemas NVL previstos pela Nvidia em 2026–2027.
Especialistas ponderam, porém, que escala de produção e ecossistema de software serão pontos críticos.
Por que a expansão da nuvem da Alibaba com data centers no Brasil e a integração do stack da Nvidia podem redefinir o mapa competitivo da IA na América Latina nos próximos 12 meses?