Formado por mais de mil ilhas no Rio Negro, o Arquipélago de Mariuá impressiona pela extensão, complexidade e papel ambiental na Amazônia, sendo considerado o maior conjunto fluvial do planeta.
Quem navega pelo Rio Negro, no trecho de Barcelos, no Amazonas, encontra um cenário formado por centenas de ilhas, florestas alagadas e canais que se abrem e se fecham conforme o nível da água.
É nessa região que se localiza o Arquipélago de Mariuá, apontado por pesquisadores e órgãos ambientais como o maior arquipélago fluvial do mundo.
Estudos indicam que o conjunto reúne cerca de 1.400 ilhas distribuídas por mais de 275 quilômetros de extensão, em um trecho do Rio Negro que pode atingir até 20 quilômetros de largura.
-
Banco erra e deposita R$ 2 milhões na conta de corretor em Minas; ele corre à agência, registra BO e devolve tudo após ‘susto milionário’; relembre o que aconteceu em 2018
-
Mansão de 1.400 m² do ex-jogador do Barcelona possui duas piscinas, campo de padel, vista de luxo em Pedralbes e está à venda por “apenas” € 20 milhões
-
Brasileiro que já lia aos 4 e surpreende com QI 138: aos 6 anos, João Gabriel entrou para a Mensa, sociedade dos 2% mais inteligentes do mundo
-
Universitária recebe 14 milhões por engano, gasta parte do dinheiro e se dá mal; entenda por que a Justiça não perdoou o ‘depósito milionário’
O sistema está inserido em uma área de águas pretas, pobres em sedimentos e com alto teor de matéria orgânica dissolvida, o que contribui para a coloração escura e o predomínio das florestas de igapó, ambientes que permanecem inundados boa parte do ano.
Localização e acesso ao Arquipélago de Mariuá
O arquipélago fica no município de Barcelos, a cerca de 400 quilômetros de Manaus por via fluvial.
Ele se estende entre a sede municipal e o limite com Santa Isabel do Rio Negro, formando uma rede de lagos, furos e paranás que mudam conforme o período de cheia e vazante.
Durante a cheia, as ilhas se conectam e o conjunto adquire aspecto contínuo; na seca, surgem bancos de areia e praias temporárias, revelando os canais e meandros internos.

Comparação com o arquipélago de Anavilhanas
Pesquisas de instituições amazônicas e registros oficiais indicam que Mariuá supera o arquipélago de Anavilhanas, localizado mais próximo de Manaus, considerado o segundo maior do planeta.
Anavilhanas possui pouco mais de 400 ilhas ao longo de 100 a 130 quilômetros, enquanto Mariuá apresenta números quase três vezes maiores em extensão e quantidade de ilhas.
Formação e dinâmica fluvial do Rio Negro
De acordo com geógrafos e hidrólogos, o Rio Negro apresenta características singulares entre os grandes rios amazônicos.
Por carregar pouca carga de sedimentos e apresentar águas ácidas e transparentes, o rio desenvolveu, ao longo de milhares de anos, um padrão anabranching, em que múltiplos canais se entrelaçam e formam ilhas estáveis.
A alternância entre períodos de cheia e vazante modela o terreno e define os ambientes aquáticos e terrestres do arquipélago.
Biodiversidade nas florestas de igapó
Segundo especialistas em ecossistemas amazônicos, a região abriga alta diversidade biológica, com espécies adaptadas ao ciclo de inundações.
Peixes, quelônios, aves e plantas dependem das variações do nível da água para reprodução e alimentação.
As florestas de igapó, típicas do Negro, são compostas por árvores que toleram longos períodos submersas, sustentando cadeias alimentares próprias desse tipo de ambiente.
Uso local, pesca e turismo sustentável
A navegação entre canais e furos do arquipélago exige atenção constante a níveis e correntes, que mudam conforme a época do ano.
A pesca, principal atividade econômica de muitas comunidades locais, segue os ciclos de inundação e seca, influenciando o acesso aos recursos naturais.

O turismo de natureza também é relevante em Barcelos, com visitantes atraídos pelas praias sazonais, paisagens fluviais e pela observação da fauna da região.
Conservação e manejo ambiental do Rio Negro
Embora o Arquipélago de Mariuá não constitua uma unidade de conservação específica, ele está inserido em um corredor de áreas protegidas do Rio Negro.
O manejo dessas áreas estabelece regras de uso sustentável e incentiva o turismo de baixo impacto, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Medidas como zoneamento de atividades e ações de educação ambiental têm sido aplicadas para reduzir pressões sobre ilhas mais acessíveis, especialmente durante a seca.
Estudos científicos e registros cartográficos
O reconhecimento de Mariuá como maior arquipélago fluvial foi consolidado com base em levantamentos cartográficos e imagens de satélite.
Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) documentaram a extensão superior a 275 quilômetros, a presença predominante de igapós e o número aproximado de 1.400 ilhas.
As análises demonstram a conectividade dos corpos d’água e reforçam o valor ecológico do sistema.
Diferenças de contagem e consenso científico
Há pequenas variações nos números apresentados por diferentes estudos, devido aos métodos utilizados para identificar ilhas e definir os limites do arquipélago.
Mesmo assim, a ordem de grandeza permanece estável nas principais referências científicas e governamentais, mantendo Mariuá como o maior arquipélago fluvial do mundo, seguido de Anavilhanas.
Valor ecológico e importância social
Pesquisadores apontam que Mariuá funciona como um ambiente natural de estudo para compreender processos de inundação, conectividade ecológica e dinâmica das florestas alagáveis.
O arquipélago também presta serviços ecossistêmicos importantes, como manutenção da pesca artesanal, regulação hídrica e preservação da qualidade da água.
Comunidades ribeirinhas que vivem na região utilizam práticas tradicionais compatíveis com a variação das águas e colaboram com iniciativas de monitoramento ambiental.
Logística e monitoramento hidrológico em Barcelos
O município de Barcelos concentra a infraestrutura necessária para transporte, pesquisa e turismo no médio Rio Negro.
Segundo técnicos do Serviço Geológico do Brasil, o monitoramento do nível do rio é essencial para a segurança da navegação e o planejamento de atividades econômicas sazonais.
Em anos de extremos climáticos, esse acompanhamento ajuda a prevenir impactos em comunidades e rotas fluviais.
Desafios de gestão e preservação
Conciliar uso sustentável e conservação ambiental é apontado por especialistas como o principal desafio para o futuro do arquipélago.
A região apresenta alta sensibilidade ecológica e variações constantes no regime das águas, o que exige coordenação entre órgãos públicos, pesquisadores e moradores locais.
O objetivo, segundo gestores ambientais, é garantir que Mariuá mantenha sua integridade e função ecológica, sem comprometer os modos de vida ribeirinhos e as atividades que dependem do rio.
Diante dessa imensidão de ilhas e de um ecossistema que se transforma a cada estação, que outras formações naturais da Amazônia ainda aguardam ser reconhecidas em sua verdadeira dimensão científica?


Seja o primeiro a reagir!