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Maior arara-azul do mundo está no Brasil e tem 1 metro; conheça essa espécie do Pantanal

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 02/07/2025 às 17:31
A maior arara-azul do mundo vive no Pantanal, tem 1 metro de envergadura e está em risco. Descubra por que ela é tão especial e rara.
A maior arara-azul do mundo vive no Pantanal, tem 1 metro de envergadura e está em risco. Descubra por que ela é tão especial e rara.
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Com plumagem azul intensa e comportamento social singular, ave gigante habita o Pantanal e revela papel essencial na regeneração ambiental. Projeto brasileiro é referência mundial na preservação dessa espécie emblemática.

A arara‑azul‑grande (Anodorhynchus hyacinthinus), com até 1 metro de comprimento e plumagem azul‑cobalto, é consagrada como a maior arara do mundo — e pode ser encontrada no Brasil, especialmente no Pantanal sul‑mato‑grossense, onde se concentra parcela significativa de sua população.

A espécie vive em casais monogâmicos que compartilham todas as etapas do cuidado parental, da construção do ninho ao acompanhamento dos filhotes — uma liderança organizada que, mesmo assim, não impede a baixa taxa de sucesso reprodutivo, com frequência de apenas um filhote sobrevivendo entre os dois postos.

Nos últimos 30 anos, graças aos esforços do Instituto Arara Azul, sob o comando da bióloga Neiva Maria Robaldo Guedes, a população no Pantanal saltou de cerca de 1,5 mil para aproximadamente 6 mil indivíduos.

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Características da arara-azul-grande

A arara‑azul‑grande é imponente tanto nas proporções quanto na coloração.

Com cerca de 1 m do bico à cauda, envergadura de até 1,2 m e peso médio de 1,3 kg, trata‑se da maior ave da família Psittacidae.

Seu azul intenso varia em tom do peito às penas da cauda, contraste acentuado pela pele nua amarela ao redor dos olhos e à base do bico — esta estrutura robusta permite quebrar as sementes mais duras.

A língua, escura com faixas amarelas, atua como ferramenta no consumo de frutos.

A maior arara-azul do mundo vive no Pantanal, tem 1 metro de envergadura e está em risco. Descubra por que ela é tão especial e rara. (Imagem: instituto arara-azul)
A maior arara-azul do mundo vive no Pantanal, tem 1 metro de envergadura e está em risco. Descubra por que ela é tão especial e rara. (Imagem: instituto arara-azul)

Habitat natural e distribuição geográfica

De distribuição nativa na América do Sul, a espécie ocorre no Pantanal do Brasil, Bolívia e Paraguai, bem como em áreas pontuais do Cerrado e da Amazônia.

No Brasil, além do Pantanal, há registros em estados como Amazonas, Pará e na região do chamado Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

No Pantanal, as araras-azuis prevalecem em áreas abertas e bordas de matas com palmeiras — acuri, bocaiuva, tucum, piaçava, iajá e catolé — pois dependem desses frutos para alimentação.

Cerca de 90% dos ninhos são localizados em ocos de árvores de manduvi (Sterculia apetala).

Comportamento social e dieta

A ave forma bandos familiares, com estrutura social complexa.

Voam em duplas ou pequenos grupos, revezando-se em vigilância, acasalam-se exclusivamente com o mesmo parceiro (até a morte de um membro) e participam coletivamente do cuidado com os filhotes — frequentemente até adotando juvenis de outros casais.

A dieta se baseia em sementes de palmeiras, especialmente acuri e bocaiuva no Pantanal, ou piaçava, catolé e buriti em outras regiões.

Para quebrar essas sementes, utiliza-se do seu potente bico e da língua como martelo – às vezes até usando pedaços de madeira como ferramentas.

Essa prática contribui para a dispersão de sementes e regeneração das florestas, cumprindo papel de “engenheira ambiental”.

Reprodução e desenvolvimento dos filhotes

A maturidade sexual ocorre entre 3 e 7 anos.

A fêmea geralmente coloca dois ovos por estação (julho a dezembro), mas somente um filhote costuma sobreviver, devido à competição natural.

A incubação dura cerca de 30 dias, e os filhotes ficam no ninho por aproximadamente 90 dias, seguindo os pais até cerca de 18 meses.

A baixa taxa reprodutiva é agravada pela escassez de cavidades naturais, geralmente encontradas apenas em árvores com mais de 60 anos.

Ameaças à sobrevivência da espécie

As maiores ameaças à arara‑azul‑grande são:

  • Perda de habitat, especialmente pela pecuária, agricultura mecanizada, hidrelétricas e queimada para renovação de pastagens.
  • Incêndios florestais, que destroem ninhos e reduzem a disponibilidade de palmeiras.
  • Tráfico de animais silvestres, devido à beleza e à raridade.
  • Baixa diversidade genética, potencialmente agravando vulnerabilidade populacional, embora a perda de habitat tenha impacto mais significativo.

A espécie é considerada “vulnerável” pela IUCN desde 2014, e embora tenha saído da Lista Vermelha brasileira, ainda enfrenta grandes riscos ambientais.

Esforços de conservação e recuperação

Fundado em 2003, o Instituto Arara Azul atua desde então no Pantanal — especialmente em Mato Grosso do Sul — cobrindo cerca de 400 mil hectares em mais de 57 fazendas.

Entre as ações realizadas, destacam-se:

  • Monitoramento de ninhos, com mais de 600 cavidades naturais cadastradas e cerca de 200 ninhos artificiais instalados, contribuindo para o aumento da reprodução.
  • Instalação de ninhos artificiais, que mitigam a falta de árvores maduras — solução idealizada por Neiva Guedes após pesquisa que identificou como barreira a escassez de cavidades.
  • Projetos de educação ambiental, engajamento de proprietários rurais e parcerias institucionais, incluindo pesquisa e defesa legal da espécie.
  • Ampliação da atuação para além do Pantanal, com atuação recente no Pará para estudar populações amazônicas.
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Impactos positivos e próximos desafios

Em meados de 1980, havia menos de 1.500 arara‑azuis‑grandes no Pantanal.

A estimativa mais recente aponta para cerca de 6 mil indivíduos na mesma região, resultado claro do trabalho de restauração ecológica e conservação.

Apesar deste crescimento, a espécie continua em situação vulnerável.

As secas e queimadas persistem no Pantanal, ameaçando a recuperação e podendo reverter ganhos populacionais.

A necessidade de manter e expandir cavidades de nidificação permanece como um dos principais desafios.

A expansão para novas áreas como Cerrado e Amazônia exige pesquisa, apoio governamental e articulação jurídica.

Sustentabilidade da espécie no futuro

Como expandir as medidas de proteção para garantir sustentabilidade de longo prazo à arara‑azul‑grande — evitando retrocessos causados por secas, queimadas e desmatamento?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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