Durante evento na Firjan, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que o petróleo “não é vilão das emissões” e criticou limitações à redução do Escopo 3. A executiva também demonstrou preocupação com o impasse do licenciamento ambiental na Foz do Amazonas.
Em meio ao crescente debate sobre a transição energética, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, voltou a defender a importância do petróleo para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Durante reunião promovida pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), na última terça-feira (14), a executiva declarou que o combustível fóssil tem sido injustamente apontado como o grande vilão das emissões globais de gases de efeito estufa.
“O petróleo não é esse vilão todo de emissões”, afirmou Magda, ao comentar a necessidade de equilibrar o crescimento econômico com a sustentabilidade.
A fala reforça a postura da dirigente de manter a Petrobras firme em seus projetos de exploração e produção, mesmo diante das críticas ambientais. Para ela, o petróleo continua sendo essencial para garantir segurança energética e bem-estar social no país.
-
Trump afirma que Índia deixará de comprar petróleo russo e pressiona China a seguir o mesmo caminho em nova ofensiva diplomática
-
Petróleo fecha no menor nível desde maio em meio à escalada de tensões entre EUA e China e alerta global de excedente de oferta, segundo a Agência Internacional de Energia
-
Produção começa no campo de Bacalhau: Equinor ativa maior operação internacional no Brasil e reforça presença no pré-sal com FPSO de 220 mil bpd
-
‘Minúsculo’ país sul-americano vive um boom incrível, deve crescer 4 vezes mais que o Brasil em 2025 e a chave deste sucesso é alvo da Venezuela
Petrobras e agronegócio: aliança pela redução de emissões
Magda Chambriard destacou ainda a importância de uma parceria entre os setores de petróleo e agronegócio como caminho para impulsionar o desenvolvimento sustentável. Segundo a presidente, ambos os segmentos podem trabalhar de forma integrada na busca por soluções que reduzam as emissões e fortaleçam a economia nacional.
Entretanto, críticos lembram que o agronegócio é o principal responsável pelas emissões de gases de efeito estufa no Brasil, especialmente devido ao desmatamento e à expansão de fronteiras agrícolas. Apesar disso, Magda argumentou que “as questões do clima e o desenvolvimento social devem andar juntos”, defendendo que o país precisa equilibrar políticas ambientais e sociais.
“Se queremos viver melhor pela questão do clima, também queremos bem-estar social”, declarou.
Petrobras diz estar alinhada ao Acordo de Paris, mas enfrenta críticas
A presidente garantiu que todos os projetos e políticas de redução de emissões da Petrobras estão dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Acordo de Paris, inclusive as iniciativas voltadas à Margem Equatorial, à Bacia de Pelotas e ao pré-sal.
Ela afirmou, entretanto, que a empresa tem limitações quanto à redução das chamadas emissões do Escopo 3, que são aquelas geradas pelo consumo dos combustíveis fósseis. Segundo Magda, essa restrição não é uma decisão corporativa, mas sim uma barreira regulatória.
“Não é a Petrobras que se nega a fazer redução de Escopo 3. O Brasil está evitando que a Petrobras faça. Temos que mexer no [programa] Combustível do Futuro e ver como nosso coprocessado [diesel fóssil com óleo vegetal] vai participar desse mandato”, explicou.
Na prática, a executiva reconheceu que a descarbonização dos combustíveis depende de subsídios e incentivos governamentais, o que reforça a necessidade de políticas públicas de longo prazo para o setor energético.
Licenciamento na Foz do Amazonas gera impasse e tensão política
Outro ponto que dominou o discurso da presidente da Petrobras foi a situação do licenciamento ambiental para perfuração de um poço no bloco FZA-M-59, localizado na Foz do Amazonas. O Ibama solicitou novas exigências antes de liberar a operação e propôs uma reunião com a estatal para esta quarta-feira (16).
Magda demonstrou preocupação com o prazo contratual da plataforma ODN-II, da Foresea, que seria utilizada na campanha exploratória. O contrato da sonda vence em 21 de outubro, o que, segundo ela, aumenta a pressão sobre as decisões técnicas.
“Estamos preocupados com a ODN-II porque o prazo do contrato está se esgotando”, alertou a executiva.
O impasse entre Petrobras e Ibama tem gerado forte debate político e reações de ambientalistas, que alertam para os riscos de exploração na região amazônica, considerada um ecossistema altamente sensível.
Petrobras contesta pesquisa que mostra rejeição popular à exploração na Foz
Em meio à polêmica, a Petrobras também reagiu a uma pesquisa do Datafolha que revelou que 61% da população brasileira é contra a exploração de petróleo na Foz do Amazonas.
De acordo com veículos como Folha de S.Paulo, O Globo e Economia em Pauta, a companhia classificou o resultado como “estranho”, alegando que pesquisas internas anteriores, conduzidas com o apoio de institutos independentes, apresentaram uma percepção pública diferente sobre o tema.
A reação da estatal reforça o tom de confronto adotado pela atual gestão diante das críticas ambientais. Magda Chambriard tem repetido que o Brasil não pode abrir mão de explorar suas reservas, principalmente em um contexto de demanda global por energia e necessidade de crescimento econômico.