Uma falha bancária transformou o saldo negativo de uma mãe em bilhões de reais e revelou uma história rara de honestidade, protagonizada por uma mulher simples que preferiu a consciência tranquila a uma fortuna instantânea.
Há histórias que parecem saídas de um roteiro de cinema: uma pessoa comum, enfrentando dificuldades financeiras, de repente vê sua conta bancária ser preenchida com bilhões de reais.
O que seria um sonho para muitos acabou se transformando em um episódio curioso — e de lição de honestidade — na vida de uma mãe goiana.
A protagonista dessa história não comprou carros, não viajou para o exterior, tampouco sacou um centavo.
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Preferiu agir com consciência e procurar o banco.
O caso aconteceu em Anápolis, cidade a cerca de 55 quilômetros de Goiânia, e ganhou repercussão nacional pela reação da cliente, Leizimar Silva Triers, de 35 anos.
Mãe de quatro meninas — entre elas trigêmeas de um ano — e desempregada, ela vive com o marido e as filhas sustentadas por uma renda modesta, de cerca de R$ 1.500 por mês.
Mesmo assim, não teve dúvida quando viu na tela do aplicativo um saldo bilionário.
A manhã em que o saldo virou bilhão
Leizimar contou que a surpresa surgiu ao abrir o aplicativo da Caixa Econômica Federal em um sábado de abril.
A conta, que estava com R$ 470 negativos, aparecia subitamente com R$ 2,28 bilhões disponíveis.
“Eu fiquei surpresa demais. O lançamento foi feito no dia 11, mas eu notei no dia 13, que era sábado, e então esperei chegar segunda-feira para procurar a gerente”, lembrou.
Quando foi à agência, ouviu da funcionária que o valor não existia de fato e que a movimentação era resultado de um erro no sistema.
A gerente também explicou que, caso o dinheiro fosse utilizado, a cliente poderia ser responsabilizada.
“Não precisava nem do alerta dela. Eu jamais usaria um dinheiro que não era meu”, contou Leizimar.
O episódio ocorreu em 2019, e se tornou um dos casos mais comentados daquele período nas redes sociais.
Na mesma época, um empresário em Goiânia chegou a ser investigado por tentar gastar R$ 18 milhões depositados por engano, situação que terminou na delegacia.
O posicionamento da Caixa
Em nota divulgada à imprensa, a Caixa Econômica Federal confirmou a falha.
“No dia 12 de abril houve uma inconsistência no sistema, que impactou o demonstrativo de saldo de alguns clientes naquele fim de semana.”
O banco reforçou que a irregularidade se limitou à visualização do valor, sem qualquer possibilidade de saque ou transferência.
A instituição também informou que, caso fosse detectado algum prejuízo, o cliente seria ressarcido após apuração.
O episódio levou a Caixa a orientar os correntistas a procurarem suas agências sempre que identificarem divergências em extratos ou saldos.
Uma escolha em meio à dificuldade
A decisão de Leizimar de comunicar o erro rapidamente chamou atenção não apenas pelo valor envolvido, mas também pela situação financeira da família.
Ela vive com o marido, Mailton, e as quatro filhas em uma casa simples na Vila Formosa, bairro residencial de Anápolis.
O casal ainda paga o financiamento do imóvel e de um carro, enquanto tenta equilibrar os gastos com fraldas, alimentos e medicamentos das trigêmeas.
“Mesmo a gente passando por certa dificuldade, nós preferimos nossa consciência tranquila”, disse.
Após a correção do erro, o saldo da conta voltou ao negativo.
Ainda assim, ela afirma que o episódio a fez reforçar valores que quer transmitir às filhas.
“A gente não perde nunca quando é honesto. Vou poder contar para as minhas filhas que a mãe delas recebeu um dinheirão e devolveu.”
Os bastidores de um erro bilionário
Casos de depósitos indevidos ou falhas de sistema bancário, embora raros, acontecem com certa regularidade.
Segundo especialistas, problemas de sincronização entre sistemas internos, atualizações automáticas e falhas de cache podem gerar a exibição de valores irreais por breves períodos.
Nessas situações, o banco é capaz de rastrear rapidamente o erro e impedir qualquer saque.
Na ocasião, a Caixa explicou que o problema técnico foi resolvido no mesmo fim de semana e que os sistemas foram estabilizados logo depois.
A orientação da instituição, como no caso de Leizimar, é clara: o cliente deve registrar o atendimento e aguardar a correção automática — jamais movimentar o valor.
Valores que o dinheiro não compra
Apesar da repercussão, Leizimar e o marido continuam levando uma vida simples.
Com o orçamento apertado, o casal sonha em ampliar a casa para construir um quarto separado para as meninas.
“Hoje elas ainda dormem com a gente”, contou.
Ela diz que prefere enxergar o episódio como uma lembrança curiosa e um exemplo de que a honestidade ainda é possível, mesmo em tempos de tanta dificuldade.
“Acho que Deus me testou naquele dia. Foi um susto, mas também um aprendizado. O maior prêmio que tenho são as minhas filhas. Elas são os meus verdadeiros tesouros”, afirmou.
Um caso que virou exemplo
O episódio de Anápolis continua sendo lembrado por despertar um tipo de reflexão que vai além dos números.
De um lado, um erro bancário que expôs uma falha tecnológica. Do outro, uma mulher que, mesmo enfrentando dificuldades financeiras, escolheu agir com integridade.
A história de Leizimar mostra que, às vezes, a verdadeira riqueza não está no saldo bancário, mas na consciência tranquila.
O que você faria se visse bilhões aparecerem do nada na sua conta bancária?