Estudo europeu mostra que luzes de freio frontais podem evitar até 17% das colisões em cruzamentos e reduzir a gravidade dos ferimentos em 25% dos casos.
Imagine dirigir por uma avenida e não saber que o carro à sua frente está freando. Quando você percebe, já é tarde demais. Essa situação, comum em cruzamentos, pode ser evitada com uma simples mudança nos veículos: a instalação de luzes de freio dianteiras.
Um novo estudo europeu aponta que esse recurso pode evitar acidentes e reduzir ferimentos em colisões.
Sinalização clara pode evitar colisões
A proposta é simples: adicionar luzes de freio na parte frontal dos carros. Essa ideia foi testada por pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Graz, na Áustria, que descobriram resultados promissores.
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Segundo o estudo, as chamadas luzes de freio dianteiras (FBLs, na sigla em inglês) poderiam evitar até 17% das colisões em cruzamentos. Além disso, em cerca de 25% dos casos, elas ajudariam a diminuir a gravidade dos ferimentos causados.
Apesar da eficácia, nenhum carro hoje em circulação possui esse recurso. O motivo é a falta de estudos concretos sobre sua utilidade.
Isso mudou com a pesquisa recente, que recriou acidentes reais e simulou os impactos que as luzes teriam nesses casos.
Simulações com dados reais
Os pesquisadores analisaram 200 acidentes ocorridos em cruzamentos austríacos. Para isso, utilizaram registros do CEDATU, banco de dados especializado em acidentes de trânsito.
A equipe reconstruiu cada situação, detalhando os movimentos dos veículos, o momento da freada e o ponto da colisão.
Em seguida, simularam os mesmos acidentes, mas com uma mudança: presumiram que os carros envolvidos tivessem luzes de freio verdes na frente. Essas luzes serviriam para avisar motoristas vindos de outros sentidos que o veículo estava reduzindo a velocidade.
Durante as simulações, os cientistas testaram três tempos diferentes de reação para os motoristas: 0,5, 1,0 e 1,5 segundos. Quanto mais rápida a reação, melhor o resultado.
Resultados animadores
Os números impressionam. Com a adição das FBLs, entre 7,5% e 17% dos acidentes poderiam ter sido evitados, dependendo do tempo de reação do motorista. Em outros 25,5% dos casos, os acidentes ainda ocorreriam, mas com menos força, reduzindo o risco de ferimentos graves.
Um exemplo mostra a diferença: em colisões que resultaram apenas em ferimentos leves, a velocidade média do impacto caiu de 44,8 km/h para 28,8 km/h quando os motoristas reagiram 0,5 segundo mais rápido. Essa redução pode significar a diferença entre uma batida leve e um acidente grave.
Os autores do estudo destacam: “O FBL é um sistema promissor de assistência ao condutor. Com base em dados da Comissão Europeia, cerca de 18% das mortes em vias ocorrem em cruzamentos. Com as luzes dianteiras, até 220 acidentes poderiam ser evitados e 650 teriam consequências reduzidas.”
Visibilidade ainda é um obstáculo
Mesmo com os bons resultados, o estudo identificou uma limitação importante. Em um terço dos casos analisados, as luzes dianteiras não ajudariam, não porque fossem ineficazes, mas porque simplesmente não seriam vistas por outros motoristas. Isso ocorreria por causa do ângulo dos veículos nos cruzamentos.
Para contornar esse problema, os pesquisadores sugerem uma solução complementar: instalar também luzes de freio nas laterais dos carros. Essa adaptação aumentaria a visibilidade em diferentes posições e ajudaria ainda mais a prevenir acidentes.
A ideia é manter o conceito simples e barato. Diferente de outras tecnologias de segurança que dependem de sensores e sistemas complexos, as luzes de freio dianteiras são apenas um aviso visual direto, fácil de entender por qualquer motorista.
Próximos passos e desafios
Apesar do potencial, ainda há obstáculos para que as luzes sejam adotadas em larga escala. Os pesquisadores afirmam que o próximo passo é testar o sistema em condições reais. Um primeiro experimento foi feito na Eslováquia, mas ainda são necessários mais testes e dados.
A intenção é convencer montadoras e autoridades de trânsito a incorporar a ideia nos carros produzidos no futuro. Para isso, a equipe planeja continuar os estudos e desenvolver um modelo prático de luz de freio dianteira.
As expectativas são altas. Acredita-se que o sistema possa se tornar um item obrigatório de segurança nos veículos, assim como já são os cintos de segurança ou as luzes traseiras de freio.
Estudo pode levar a mudanças na indústria
O artigo com os resultados foi publicado na revista científica Vehicles e já chama a atenção de especialistas em segurança viária. Se confirmada a eficácia em testes práticos, a ideia pode provocar mudanças importantes no design dos automóveis.
Mais do que isso, pode salvar vidas. O estudo mostra que uma adaptação simples e de baixo custo pode ter grande impacto na segurança no trânsito, especialmente em cruzamentos — locais responsáveis por uma fatia expressiva das mortes nas estradas europeias.
Ainda não há previsão de quando, ou se, as luzes de freio dianteiras passarão a ser adotadas oficialmente. Mas os dados apresentados abrem espaço para uma discussão séria sobre esse novo recurso de segurança veicular.