Presidente defende soberania sobre recursos estratégicos e diz que Brasil conhece apenas 30% de suas riquezas minerais
Durante um discurso no Porto do Açu (RJ), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a criação de uma comissão para mapear minerais críticos no território brasileiro. A medida visa identificar e controlar recursos estratégicos como lítio, terras raras, cobalto e níquel, essenciais para setores como energia, tecnologia e defesa.
Segundo o presidente, o Brasil ainda desconhece cerca de 70% do potencial mineral presente em seu subsolo. A comissão para mapear minerais críticos atuará sob coordenação do governo federal e deve ampliar o controle estatal sobre a exploração e comercialização dessas matérias-primas consideradas fundamentais para a nova economia global.
Governo quer evitar que riqueza mineral caia em mãos estrangeiras
A fala de Lula ocorreu nesta segunda-feira (28), durante a inauguração da Usina Termelétrica GNA II. O presidente criticou o interesse dos Estados Unidos nos minerais estratégicos do Brasil e defendeu que qualquer descoberta mineral esteja submetida à autorização e regulação do Estado.
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Conheça sobre os minerais críticos e como impulsionam transição energética e inovação tecnológica global
“Se eu nem conheço esse mineral e ele já é crítico, eu vou pegar ele para mim. Aquilo é nosso”, declarou. O foco da comissão será garantir que empresas privadas não tenham liberdade irrestrita para negociar áreas com potencial mineral, sem antes passar por validação oficial. “A empresa pode pesquisar, mas não pode vender sem conversar com o governo”, completou Lula.
O levantamento terá abrangência nacional e envolverá órgãos como a Agência Nacional de Mineração (ANM), o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O objetivo é construir um banco de dados atualizado sobre a presença e viabilidade de minerais estratégicos no país.
Mineração crítica envolve disputa geopolítica e soberania nacional
A discussão sobre minerais críticos vem ganhando força em fóruns internacionais desde a pandemia e a transição energética. Esses materiais são insumos essenciais para baterias, turbinas e semicondutores, e a dependência global da China, maior produtora de terras raras, tem levado potências como EUA e União Europeia a buscar diversificação de fornecedores.
Lula citou como exemplo o interesse dos EUA nos recursos naturais da Ucrânia e alertou que o Brasil precisa proteger seus próprios ativos para não perder autonomia industrial e tecnológica. “Queremos apenas garantir que aquilo que é nosso gere riqueza para o povo brasileiro”, afirmou.
Atualmente, o Brasil já figura como um dos maiores produtores mundiais de nióbio, grafita, manganês e lítio, mas grande parte dessa riqueza é extraída com baixa agregação de valor e exportada in natura. A nova comissão pretende reverter esse cenário e impulsionar uma política de industrialização com base nos recursos estratégicos.
Comissão para mapear minerais críticos pode mudar estratégia nacional
Especialistas do setor veem com bons olhos a criação de um grupo técnico com foco em minerais críticos, mas alertam para a necessidade de planejamento, transparência e integração com o setor privado. Segundo dados da ANM, o Brasil possui mais de 22 mil requerimentos ativos de pesquisa mineral em andamento, mas falta estrutura para fiscalizar e acompanhar boa parte desses processos.
Além disso, a valorização internacional dos minerais críticos deve acelerar a corrida global por contratos e concessões. Controlar essa exploração exige inteligência geológica, investimento em tecnologia e políticas de conteúdo nacional, como as aplicadas em países como Austrália e Canadá.
A proposta presidencial de que “o que está no subsolo é do povo brasileiro” reforça o tom de soberania, mas também exige uma estrutura institucional robusta para garantir que essa diretriz seja convertida em política de Estado — e não apenas discurso.
Você concorda com a criação de uma comissão para mapear minerais críticos? O Brasil está preparado para proteger suas riquezas? Comente abaixo.