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A Lua esconde um tesouro abundante que vale US$ 20 milhões o quilo — e os cientistas estão prontos para extraí-lo

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 02/08/2025 às 15:18
Lua
Foto: Reprodução
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Uma startup americana quer transformar a Lua na nova fonte de energia limpa para o planeta Terra. Com tecnologia inédita e contratos estratégicos, a empresa planeja extrair hélio-3, um isótopo raro e valioso que pode alimentar reatores de fusão e impulsionar a computação quântica.

A startup americana Interlune está prestes a inaugurar uma nova era na exploração espacial. Fundada por ex-executivos da Blue Origin, a empresa pretende iniciar a mineração de hélio-3 na Lua — um isótopo raro, estimado em US$ 20 milhões por quilo, com aplicações promissoras em energia de fusão, computação quântica e medicina.

O mais importante é que esse elemento, praticamente ausente na Terra, existe em abundância no regolito lunar.

A Interlune quer ser a primeira empresa a extrair, processar e transportar esse recurso da Lua para o nosso planeta.

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Energia limpa e tecnologia de ponta impulsionam o interesse

O hélio-3 pode desempenhar um papel fundamental na geração de energia limpa. Quando usado em reatores de fusão, ele gera pouquíssimos resíduos radioativos. Isso o torna uma alternativa segura e sustentável aos combustíveis nucleares tradicionais.

Além disso, o isótopo é utilizado para resfriar materiais supercondutores, ajudando no funcionamento de processadores quânticos.

Seu uso em equipamentos de ressonância magnética também é relevante, devido à capacidade de atingir temperaturas extremamente baixas.

Portanto, a crescente demanda por hélio-3 vem de setores estratégicos. Governos, empresas de tecnologia e instituições de pesquisa veem nesse isótopo uma chance de romper barreiras tecnológicas e criar soluções revolucionárias.

Uma corrida para aproveitar o tesouro lunar

Estima-se que haja mais de 1 milhão de toneladas de hélio-3 espalhadas pela superfície da Lua.

Isso representa uma oportunidade única para abastecer a indústria global com um elemento que pode remodelar completamente o mercado energético e tecnológico.

A Interlune está investindo pesado para liderar essa corrida. Com sede em Seattle e apoio de parceiros como a Vermeer Corporation, a empresa já desenvolve tecnologias específicas para tornar a extração lunar possível.

Segundo o CEO Rob Meyerson, “a US$ 20 milhões o quilo, o hélio-3 é o único recurso no universo com preço alto o suficiente para justificar ir ao espaço e trazê-lo de volta à Terra.”

Máquinas robóticas vão operar em solo lunar

A peça-chave da missão é o coletor lunar, uma máquina autônoma desenvolvida para escavar e processar o regolito. Essa tecnologia precisa funcionar em um ambiente hostil, com gravidade reduzida, temperaturas extremas e ausência de atmosfera.

O plano é simples, mas ambicioso. Serão cinco coletores operando simultaneamente, escavando até 100 toneladas métricas por hora. O objetivo é refinar dezenas de quilos de hélio-3 por ano.

“Trabalhamos de trás para frente a partir de uma visão aspiracional”, explicou Meyerson. Essa visão inclui a produção contínua de hélio-3 e sua posterior entrega à Terra, em um processo logístico ainda em desenvolvimento.

Parcerias estratégicas reforçam a viabilidade do projeto

O projeto ganhou força com o apoio de entidades públicas e privadas. Um contrato com o Departamento de Energia dos Estados Unidos prevê a compra de três litros de hélio-3 até 2029. Essa aquisição servirá para fins de segurança nacional e pesquisa avançada.

Ao mesmo tempo, a Interlune firmou acordo com a Maybell Quantum, especializada em infraestrutura para computação quântica. A empresa se comprometeu a adquirir milhares de litros do isótopo, necessários para o funcionamento de refrigeradores de diluição.

Essas parcerias reforçam a confiança no modelo de negócio da Interlune e abrem espaço para novas colaborações comerciais e científicas. O mercado começa a enxergar a mineração espacial como um segmento real e promissor.

Desafios técnicos ainda precisam ser superados

Mesmo com o avanço nas parcerias, os obstáculos tecnológicos ainda são consideráveis. A extração do hélio-3 exige equipamentos capazes de operar com precisão, pois ele está presente em concentrações muito baixas — em partes por bilhão.

Outro desafio envolve o processo de separação do hélio-3 dos demais componentes do regolito. Isso exige tecnologia sofisticada de purificação e liquefação, capaz de funcionar em condições extremas.

O protótipo do coletor já está em fase de testes na Terra, em ambientes simulados. A equipe trabalha para adaptá-lo ao vácuo espacial, garantindo que ele suporte variações térmicas e a ausência de atmosfera.

Primeiro voo de prospecção está previsto para 2027

A Interlune pretende iniciar sua primeira missão de prospecção em 2027. Essa etapa servirá para validar a tecnologia e localizar os pontos mais ricos em hélio-3 na superfície lunar.

A empresa espera iniciar a mineração em grande escala até 2029. Se o plano der certo, a Interlune se tornará pioneira na extração de recursos fora da Terra e abrirá caminho para outras iniciativas similares.

Segundo o cofundador Gary Lai, “quando há abundância de qualquer material na Terra, os humanos encontram uma maneira de utilizá-lo.”

Ele acredita que, com o acesso facilitado ao hélio-3, surgirão ainda mais aplicações para o isótopo.

Um novo capítulo na exploração espacial

O mais importante é que a mineração lunar pode mudar a forma como a humanidade lida com seus recursos. A Lua deixa de ser apenas um símbolo de conquista e se torna um ativo econômico concreto.

Se a Interlune alcançar seu objetivo, será possível transformar o hélio-3 em fonte de energia limpa e pilar da nova revolução tecnológica. Isso significa reatores de fusão mais seguros, computadores mais poderosos e equipamentos médicos mais eficientes.

Portanto, o projeto vai além do lucro ou da inovação. Ele representa um avanço na forma como o ser humano interage com o espaço.

Uma nova fronteira, agora voltada não apenas para exploração científica, mas para a criação de soluções duradouras para os problemas da Terra.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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