Uma startup americana quer transformar a Lua na nova fonte de energia limpa para o planeta Terra. Com tecnologia inédita e contratos estratégicos, a empresa planeja extrair hélio-3, um isótopo raro e valioso que pode alimentar reatores de fusão e impulsionar a computação quântica.
A startup americana Interlune está prestes a inaugurar uma nova era na exploração espacial. Fundada por ex-executivos da Blue Origin, a empresa pretende iniciar a mineração de hélio-3 na Lua — um isótopo raro, estimado em US$ 20 milhões por quilo, com aplicações promissoras em energia de fusão, computação quântica e medicina.
O mais importante é que esse elemento, praticamente ausente na Terra, existe em abundância no regolito lunar.
A Interlune quer ser a primeira empresa a extrair, processar e transportar esse recurso da Lua para o nosso planeta.
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Energia limpa e tecnologia de ponta impulsionam o interesse
O hélio-3 pode desempenhar um papel fundamental na geração de energia limpa. Quando usado em reatores de fusão, ele gera pouquíssimos resíduos radioativos. Isso o torna uma alternativa segura e sustentável aos combustíveis nucleares tradicionais.
Além disso, o isótopo é utilizado para resfriar materiais supercondutores, ajudando no funcionamento de processadores quânticos.
Seu uso em equipamentos de ressonância magnética também é relevante, devido à capacidade de atingir temperaturas extremamente baixas.
Portanto, a crescente demanda por hélio-3 vem de setores estratégicos. Governos, empresas de tecnologia e instituições de pesquisa veem nesse isótopo uma chance de romper barreiras tecnológicas e criar soluções revolucionárias.
Uma corrida para aproveitar o tesouro lunar
Estima-se que haja mais de 1 milhão de toneladas de hélio-3 espalhadas pela superfície da Lua.
Isso representa uma oportunidade única para abastecer a indústria global com um elemento que pode remodelar completamente o mercado energético e tecnológico.
A Interlune está investindo pesado para liderar essa corrida. Com sede em Seattle e apoio de parceiros como a Vermeer Corporation, a empresa já desenvolve tecnologias específicas para tornar a extração lunar possível.
Segundo o CEO Rob Meyerson, “a US$ 20 milhões o quilo, o hélio-3 é o único recurso no universo com preço alto o suficiente para justificar ir ao espaço e trazê-lo de volta à Terra.”
Máquinas robóticas vão operar em solo lunar
A peça-chave da missão é o coletor lunar, uma máquina autônoma desenvolvida para escavar e processar o regolito. Essa tecnologia precisa funcionar em um ambiente hostil, com gravidade reduzida, temperaturas extremas e ausência de atmosfera.
O plano é simples, mas ambicioso. Serão cinco coletores operando simultaneamente, escavando até 100 toneladas métricas por hora. O objetivo é refinar dezenas de quilos de hélio-3 por ano.
“Trabalhamos de trás para frente a partir de uma visão aspiracional”, explicou Meyerson. Essa visão inclui a produção contínua de hélio-3 e sua posterior entrega à Terra, em um processo logístico ainda em desenvolvimento.
Parcerias estratégicas reforçam a viabilidade do projeto
O projeto ganhou força com o apoio de entidades públicas e privadas. Um contrato com o Departamento de Energia dos Estados Unidos prevê a compra de três litros de hélio-3 até 2029. Essa aquisição servirá para fins de segurança nacional e pesquisa avançada.
Ao mesmo tempo, a Interlune firmou acordo com a Maybell Quantum, especializada em infraestrutura para computação quântica. A empresa se comprometeu a adquirir milhares de litros do isótopo, necessários para o funcionamento de refrigeradores de diluição.
Essas parcerias reforçam a confiança no modelo de negócio da Interlune e abrem espaço para novas colaborações comerciais e científicas. O mercado começa a enxergar a mineração espacial como um segmento real e promissor.
Desafios técnicos ainda precisam ser superados
Mesmo com o avanço nas parcerias, os obstáculos tecnológicos ainda são consideráveis. A extração do hélio-3 exige equipamentos capazes de operar com precisão, pois ele está presente em concentrações muito baixas — em partes por bilhão.
Outro desafio envolve o processo de separação do hélio-3 dos demais componentes do regolito. Isso exige tecnologia sofisticada de purificação e liquefação, capaz de funcionar em condições extremas.
O protótipo do coletor já está em fase de testes na Terra, em ambientes simulados. A equipe trabalha para adaptá-lo ao vácuo espacial, garantindo que ele suporte variações térmicas e a ausência de atmosfera.
Primeiro voo de prospecção está previsto para 2027
A Interlune pretende iniciar sua primeira missão de prospecção em 2027. Essa etapa servirá para validar a tecnologia e localizar os pontos mais ricos em hélio-3 na superfície lunar.
A empresa espera iniciar a mineração em grande escala até 2029. Se o plano der certo, a Interlune se tornará pioneira na extração de recursos fora da Terra e abrirá caminho para outras iniciativas similares.
Segundo o cofundador Gary Lai, “quando há abundância de qualquer material na Terra, os humanos encontram uma maneira de utilizá-lo.”
Ele acredita que, com o acesso facilitado ao hélio-3, surgirão ainda mais aplicações para o isótopo.
Um novo capítulo na exploração espacial
O mais importante é que a mineração lunar pode mudar a forma como a humanidade lida com seus recursos. A Lua deixa de ser apenas um símbolo de conquista e se torna um ativo econômico concreto.
Se a Interlune alcançar seu objetivo, será possível transformar o hélio-3 em fonte de energia limpa e pilar da nova revolução tecnológica. Isso significa reatores de fusão mais seguros, computadores mais poderosos e equipamentos médicos mais eficientes.
Portanto, o projeto vai além do lucro ou da inovação. Ele representa um avanço na forma como o ser humano interage com o espaço.
Uma nova fronteira, agora voltada não apenas para exploração científica, mas para a criação de soluções duradouras para os problemas da Terra.