Tecnologia que transforma lixo em energia elétrica é utilizada há 50 anos na Europa e na Ásia, mas ainda é uma novidade no Brasil.
Levantamento realizado pela Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos aponta que lixo urbano produzido pelas 28 regiões metropolitanas do Brasil com mais de 1 milhão de habitantes é possível gerar energia elétrica para 27 milhões de residências no país e abastecer uma média de 100 milhões de pessoas e potencial para receber investimentos superiores a R$ 79 bilhões
O estudo sobre o potencial brasileiro para gerar energia a partir do lixo foi apresentado na última semana durante o 3º Fórum de Valorização Energética de Resíduos, organizado pela ABREN e realizado pelo Grupo FRG Mídias e Eventos.
Primeira Usina de Recuperação Energética está em construção em São Paulo
Segundo Schmitke, presidente da ABREN, “a recuperação energética, tecnologia que transforma a fração não reciclável do lixo em energia elétrica, é uma prática utilizada há cerca de 50 anos na Europa e na Ásia, por exemplo, mas ainda é uma novidade no Brasil. A primeira Usina de Recuperação Energética está em construção em Barueri (SP) e certamente será a primeira de muitas”.
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Rubens Aebi, vice-presidente da ABREN, também discursou durante o evento e ressaltou os benefícios da recuperação energética. “Essa tecnologia contribui diretamente para dois setores essenciais para o Brasil: o saneamento básico e a energia elétrica. Além disso, gera ganhos também para a saúde pública, pois o lixo que seria enviado a um lixão ou aterros sanitários ilegais passa a ter uma destinação ambientalmente correta.”
O Combustível Derivado de Resíduos, ou CDR, é uma outra forma de recuperação energética e esse tema contou com um painel específico para avaliar os desafios e as oportunidades dessa tecnologia no Brasil.
De acordo com o estudo, o país possui 38 fábricas com licença ambiental para usar o combustível derivado de resíduos, mas substitui apenas 31% do combustível fóssil por CDR, taxa que é muito maior em países europeus.
Para Francisco Leme, vice-presidente do Conselho Deliberativo da ABREN e especialista em CDR, “o Brasil tem um grande potencial para ampliar a geração e a utilização do combustível derivado de resíduos, o que traria benefícios como a geração de empregos, atração de investimentos redução das emissões dos gases que causam o efeito estufa e preservação dos recursos naturais”.
O 3º Fórum de Valorização Energética de Resíduos, realizado de forma presencial em São Paulo e transmitido simultaneamente online, contou com a participação de autoridades, como representantes do Ministério de Minas (MME) e Energia e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), de grandes empresas e também especialistas do setor.
“Um estudo realizado pela NASA utilizando tecnologias mais modernas, como aviões e drones, criou uma nova metodologia para medir as emissões de metano e o resultado é muito preocupante: as emissões de aterros sanitários são 250% maiores do que os dados oficiais divulgados em relação ao inventário de emissões de metano”, destacou Gerson Sampaio, CEO da Teknergia.
Leilões de Energia Nova A-5 e A-6, terão uma categoria destinada exclusivamente à geração de energia a partir do lixo, ou resíduos sólidos urbanos (RSU)
Além da URE Barueri, contratada em 2021 e com operação prevista para 2025, os Leilões de Energia Nova A-5 e A-6, previstos para ocorrerem em 16 de setembro deste ano, terão uma categoria destinada exclusivamente à geração de energia a partir do lixo, ou resíduos sólidos urbanos (RSU). Nela, há 10 projetos cadastrados no Leilão A-5, totalizando 180 MW, e 9 projetos cadastrados no Leilão A-6, com um total de 176 MW. Ao todo, são 19 projetos de RSU e 356 MW – suficientes para abastecer cerca de 1,2 milhão de residências.
A 3ª edição do Fórum de Valorização Energética de Resíduos contou com mais de 550 participantes, nos formatos presencial e online, e foi realizado no Novotel São Paulo Jaraguá Conventions. O evento contou com apoio da Coalizão Valorização Energética de Resíduos, movimento integrado pela ABREN, WtERT Brasil, ABIMAQ, ABEMI, ABGD, ABERH, ANIP, ABEAMA, COGEN, CervBrasil, CONATREC, Coopercaps, SOBRATEMA e SINDESAM.
De acordo com Tiago Fraga, CEO do Grupo FRG Mídias e Eventos, “a realização do evento, em parceria com a ABREN, faz parte do projeto ‘Smart Cities Brasil’, do Grupo FRG, que tem como foco os temas relacionados às cidades inteligentes e a destinação correta de resíduos, incluindo a recuperação energética de resíduos. O evento foi um sucesso em todos os aspectos, público, engajamento e países conectados, e certamente irá contribuir para que grandes negócios e parcerias possam acontecer nesse segmento”.
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