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Levou um tiro de fuzil AK-47 em missão no Haiti e foi dado como morto — hoje é dono de startup de IA brasileira com enorme potencial

Publicado em 01/07/2025 às 08:41
IA, Nelson Leoni, Startup de IA
Imagem: Web Summit Rio do Rio de Janeiro, Brasil/Wikimedea Commons
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Ex-militar dado como morto em missão de paz no Haiti lidera hoje uma startup de IA com foco em inovação, inclusão e soberania digital

A trajetória de Nelson Leoni parece ter saído de um roteiro de cinema. Em 2005, ele foi dado como morto após ser atingido por um disparo de fuzil AK-47 durante uma missão do Exército no Haiti. O tiro quase encerrou sua história. Mas, contra todas as probabilidades, ele sobreviveu, recomeçou e hoje é CEO da WideLabs, uma startup brasileira de inteligência artificial.

Uma missão de paz e um tiro quase fatal

No dia 22 de junho de 2005, Leoni retornava à base militar no Haiti quando foi baleado. O tiro atingiu seu corpo e o deixou tecnicamente morto por oito minutos.

Milagrosamente, ele foi reanimado por colegas. A experiência mudou sua visão de mundo. Quinze dias antes do embarque, ele havia sonhado que levaria o tiro e contou sobre isso à esposa e ao pai, um médico psiquiatra.

Mesmo com o pesadelo, seguiu para a missão. Após o ataque, passou dois anos e meio em hospitais no Rio de Janeiro e em Brasília, cidade para onde se mudou em 2006. Ficou com sequelas no braço esquerdo, mas não se deixou abater.

Do esporte à superação

Nascido em Videira (SC), Leoni sempre teve uma ligação com o esporte. Fez caratê, tênis e, após o trauma, encontrou na natação paralímpica uma nova paixão.

Chegou a ser campeão brasileiro e participou do revezamento da tocha olímpica em 2006, na Praça do Relógio, em Taguatinga.

A vida continuou testando sua resistência. Em anos seguintes, quase perdeu sua esposa e o filho no parto, depois a filha, e mais recentemente enfrentou uma doença autoimune.

Mesmo assim, ele manteve o otimismo. “Sou uma pessoa otimista. Enxergo as dificuldades como uma oportunidade de aprender”, diz.

Do Exército à publicidade

Antes do episódio no Haiti, Leoni cursou a Academia Militar das Agulhas Negras. Após se recuperar, decidiu mudar de rumo. Formou-se em Administração e fez MBA em Marketing na FGV.

Em vez da medicina, seguiu outro caminho. Entrou no mundo da publicidade e atuou como gerente de redes sociais na AgênciaClick Isobar, atendendo grandes marcas como Unilever, Nivea e Banco do Brasil.

Ali, percebeu que suas experiências de vida o ajudavam a lidar com crises e a liderar equipes. “Sempre incentivava as pessoas a não desistirem frente às adversidades”, afirma.

Reconhecimento internacional e entrada na IA

No fim de 2014, Leoni foi contratado pela Unicef. Primeiro como head de comunicação digital no Brasil e depois promovido a chefe global de engajamento digital em Nova York.

Foi nesse período que teve o primeiro contato com inteligência artificial, ao participar de um projeto com machine learning. O potencial da tecnologia chamou sua atenção.

Com desejo de empreender e estar mais perto da família, decidiu voltar ao Brasil em 2021. Trouxe consigo um projeto e encontrou os futuros sócios da WideLabs: o médico Marcelo Chapper e o físico Rodrigo Malossi.

Nasce a WideLabs

Juntos, fundaram a startup de IA e lançaram o bAIgrapher, que, segundo a empresa, é o primeiro biógrafo de inteligência artificial do mundo.

O sistema entrevista pacientes com Alzheimer e seus familiares, coleta memórias e reconta a história em primeira pessoa, com a própria voz do paciente sintetizada.

O recurso tem sido usado como terapia coadjuvante para melhorar a qualidade de vida de quem sofre com perda de memória.

A criação da Amazônia IA

Mas o projeto era ainda mais ambicioso. O trio queria uma IA 100% brasileira, com sotaque local, compreensão de termos regionais e conexão cultural com o usuário.

Em 2024, com apoio de parceiros como Nvidia e Oracle, a WideLabs lançou o Amazônia IA, um modelo de linguagem voltado ao mercado B2B.

A proposta é entregar mais do que velocidade: entregar identificação. A IA entende variações linguísticas brasileiras, o que, segundo Leoni, gera senso de pertencimento. “O foco agora é tração e faturamento”, diz. Em 2025, o objetivo é atingir cifras entre sete e oito dígitos em receita.

Segurança e soberania digital

Além do crescimento, Leoni afirma que a missão da WideLabs é respeitar a soberania brasileira. Isso inclui cuidar da privacidade dos dados e da segurança das informações. A empresa busca atender às exigências locais com tecnologia nacional.

Depois de quase perder a vida, Leoni aposta agora em devolver valor à sociedade. E escolheu a inteligência artificial como ferramenta para isso. Seu caminho, marcado por reviravoltas e resistência, hoje é também uma jornada de inovação.

Com informações de Época Negócios.

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Romário Pereira de Carvalho

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