Após dez anos, o Brasil retoma os levantamentos aerogeofísicos no Tocantins, com tecnologia de ponta e foco em sustentabilidade, inovação e fortalecimento da cadeia mineral nacional
Os levantamentos aerogeofísicos no Tocantins voltam a movimentar o cenário mineral brasileiro após uma década sem novos voos, segundo uma matéria publicada.
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) iniciou o Projeto Aerogeofísico Sudeste do Tocantins, marcando o começo da terceira geração de mapeamentos do subsolo nacional.
O investimento de cerca de R$ 10 milhões, viabilizado pelo Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), abrange 20 municípios e promete revolucionar a produção mineral e a sustentabilidade econômica da região.
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A iniciativa segue as diretrizes do Plano Decenal de Mapeamento Geológico Básico (PlanGeo) e utiliza métodos inéditos de aquisição de dados, integrando tecnologia de magnetometria, gamaespectrometria e gravimetria strapdown.
Esses recursos permitem mapear o subsolo de forma não invasiva, precisa e detalhada, consolidando o Brasil entre os países com maior potencial para recursos minerais e energéticos.
Tecnologia e inovação na nova geração dos levantamentos aerogeofísicos no Tocantins
Os levantamentos aerogeofísicos no Tocantins representam um salto tecnológico sem precedentes no setor mineral.
Segundo o SGB, os voos de mapeamento cobrirão aproximadamente 20 mil km², incluindo municípios como Almas, Arraias, Natividade, Taguatinga e Porto Alegre do Tocantins.
A execução está sob responsabilidade da empresa Lasa Prospecções (Xcalibur Smart Mapping), vencedora de licitação pública.
Essa fase traz ao país o que há de mais moderno em sensoriamento remoto. O novo sistema alcançará uma resolução efetiva de 250 metros entre as linhas de voo, ampliando significativamente a capacidade de identificação de minerais críticos.
Esses minerais, essenciais para a transição energética e a indústria de alta tecnologia, colocam o Brasil em posição estratégica no cenário internacional.
De acordo com a diretora-presidente interina do SGB, Sabrina Góis, o projeto reforça o compromisso da instituição com a ciência aplicada ao desenvolvimento sustentável. “A geociência de qualidade é a base para impulsionar o crescimento econômico e gerar oportunidades para as comunidades locais”, afirmou.
Desenvolvimento sustentável e oportunidades econômicas no setor mineral
Com os levantamentos aerogeofísicos no Tocantins, o estado se destaca como um dos principais polos de conhecimento geológico do país.
A expectativa é que os primeiros resultados sejam disponibilizados no primeiro semestre de 2026, criando condições favoráveis para atrair novos investimentos e pesquisas.
O levantamento aerogeofísico funciona como uma “radiografia do solo”, captando informações do campo magnético e da radiação natural das rochas.
Essa metodologia permite estudar desde poucos centímetros até centenas de quilômetros de profundidade, sem a necessidade de perfuração.
“A geofísica nos permite enxergar o subsolo com precisão, otimizando a busca por recursos minerais e hídricos de maneira sustentável”, explicou Iago Costa, chefe da Divisão de Sensoriamento Remoto e Geofísica (DISEGE).
Com a entrega dos dados, espera-se aumento na geração de empregos diretos e indiretos, além de um crescimento expressivo no setor de serviços e na arrecadação municipal.
O impacto socioeconômico deverá se refletir em toda a cadeia produtiva, fortalecendo a indústria mineral e contribuindo para o equilíbrio ambiental e econômico do Tocantins.
Avanços históricos e a consolidação da terceira geração de levantamentos aerogeofísicos
Os levantamentos aerogeofísicos no Tocantins fazem parte da terceira geração de projetos conduzidos pelo SGB, consolidando cinco décadas de avanços na pesquisa geocientífica brasileira.
As três fases que marcam essa trajetória são:
- 1ª geração (1971 – 2001) – Realizou levantamentos regionais pioneiros com equipamentos de baixa resolução, fundamentais para o primeiro entendimento do subsolo brasileiro.
- 2ª geração (2004 – 2015) – Cobre aproximadamente 3,7 milhões de km², o equivalente a 51% do território nacional e 86% do embasamento cristalino, com investimento de US$ 183 milhões, utilizando metodologias avançadas como magnetometria e gamaespectrometria.
- 3ª geração (2025) – Inicia-se no Tocantins, com métodos de ultra-resolução, colocando o Brasil em nível comparável a Canadá e Austrália. Essa etapa busca revelar o potencial de minerais críticos voltados à transição energética e à sustentabilidade global.
O diretor de Geologia e Recursos Minerais do SGB, Valdir Silveira, destacou que essa retomada ocorre em um momento estratégico.
“O potencial geológico do país reforça a importância dos dados aerogeofísicos como instrumento essencial para o crescimento sustentável da mineração brasileira”, afirmou.
Com o avanço dos levantamentos aerogeofísicos no Tocantins, o Brasil fortalece sua posição como referência em inovação geocientífica e amplia as possibilidades de exploração responsável de seus recursos naturais.
O conhecimento gerado permitirá decisões mais assertivas sobre o uso do território e a preservação ambiental, consolidando um modelo de desenvolvimento equilibrado e de longo prazo.