Especialistas comentam sobre os cuidados necessários para partir para essa opção
Um tema que está na boca do povo é o leilão de carros. Porém, muitas vezes os consumidores ficam na dúvida se a modalidade de negócio realmente vale a pena e até como participar sem cair em ‘roubada’. No fim das contas, as vantagens e desvantagens de comprar um carro em leilão dependem muito do objetivo de cada comprador.
Segundo Gilmar Rocha, CEO do Grupo Gilcar, especialista em vendas automotivas, comprar um carro de leilão pode ser a princípio uma opção para quem deseja gastar pouco, mas ele aconselha alguns pontos de atenção antes de tomar a iniciativa como, por exemplo, conhecer o universo dos leilões. “Muitos desconhecem, mas há taxas para desistência, que funciona quando o lance não é concretizado. Ou seja, o participante sai sem o bem e ainda fica devendo para o leiloeiro”, explica Rocha.
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Outro alerta importante é que as grades concessionárias ou lojas multimarcas costumam não pegar carros de leilão na troca, com isso, diminuindo exponencialmente o mercado desses usados. “A desvalorização costuma ser de 30 a 50 porcento a menos na hora da revenda”, explica o CEO.
Logo, é possível dizer que é um universo que facilita na hora da compra e que dificulta na hora da venda. “Ou seja, é importante ter na cabeça que ao escolher um carro de leilão, você acaba decidindo por adquirir um carro para longos anos, sem pensar em vender ou em alguns casos, segurá-lo”, finaliza.
Gladiston Azevedo, especialista em leilões há mais de 14 anos e proprietário do perfil Louco por Leilões (@loucoporleiloes), com mais de 1,3 milhões de seguidores, explica que a dinâmica do leilão acontece através de quem oferece o maior preço, podendo essa disputa ser feita presencialmente ou online, por intermédio do leiloeiro ou responsável. No geral, qualquer pessoa física ou jurídica pode comprar um carro de leilão, desde que se enquadre nas regras previstas no edital, que é o que define toda estrutura da disputa.
Ele costuma dizer nas redes que “no leilão o carro é sempre mais barato que na rua”. Mas não é por isso que o caminho é mais fácil. Antes de tudo, para fazer um bom negócio o influenciador aconselha o comprador estar em um site oficial. Depois disso, é importante escolher o lote e se organizar para ir visitá-lo ou até pedir para que alguém visite por você. Coloque na ponta do lápis os gastos com transporte, documentação, peças, guincho e defina o preço máximo de investimento.
“É muito importante ter outras opções em vista para caso o veículo desejado não saia no preço esperado. Fazendo esses deveres de casa é difícil o consumidor não sair satisfeito”, explica Gladiston.
Sérgio Villa Nova de Freitas, leiloeiro de um dos maiores do Brasil, e de Santa Bárbara do Oeste, indica uma “degustação”, antes de fechar qualquer negócio: “Vá a um ou dois pregões físicos e acompanhe outros virtuais, sem compromisso, só para entender como funciona a dinâmica de um pregão automotivo”.
Ele reforça também reforça que a pressa é a inimiga da perfeição. “Vá ao leilão, olhe o carro de perto, olhe a tabela dele, calcule todas as taxas e quanto pretende pagar e não passe daquele valor. Se não der certo, vá atrás de outro, pois, às vezes, as pessoas se empolgam e acabam pagando até mais que o preço praticado no mercado”.
Os mandamentos para não cair na tentação
1º Reconheça o território, faça a “degustação”. Conheça uns dois pregões físicos e veja outros virtuais. Dessa maneira você consegue entender a dinâmica.
2º Saiba que há diferentes pregões. Tem os leilões de financeiras, na maioria, com modelos recuperados por conta de falta de pagamento e o de seguradoras. Neste último caso são veículos recuperados ou com sobras de acidente, também há procedência de furto e roubo. Vale dizer que o cuidado tem de ser dobrado, principalmente para entender sobre o tamanho da avaria no veículo. Já nos leilões judiciais há carros apreendidos em investigações criminais ou modelos apreendidos pelas justiça trabalhista, ou cível no sentido de horar dividas.
3º É muito importante olhar sempre se o site tem a terminação “.com.br”, pois se é no Brasil, tem de ser registrado em um domínio nacional. Outra tarefa é procurar sempre a junta comercial do estado para saber se aquele leiloeiro existe. Procure no Google Maps o suposto endereço que consta no site. Muitos golpistas colocam um endereço fictício apontando para pátios de empresas ou órgãos públicos que não tem nenhuma relação com leilão. Todo leilão de veículos tem que ter um edital. Leia com atenção e observe as regras e as datas do leilão.
4º Lembre-se de fazer as contas: veja que os lances mínimos devem começar por pelo menos, 30% do valor do carro. Não esqueça do valor do transporte, documentações e possíveis reparos.
5º O pagamento, na maior parte das vezes, deve ser feito à vista, na hora. Alguns lugares têm bancos com linhas de créditos, mas com taxas específicas para carros de leilão. Ou seja, uma economia que talvez não valha a pena. O prazo limite para horar o compromisso é de 48 horas. Caso contrário, há multa de até 20% do valor do lance.
6º A documentação pode atrasar um pouco essa transferência, pois em determinados casos há multas ou alienações aguardando para baixas que podem ser necessárias antes da transferência, mas isso vem explícito no edital. O ideal é contar com um bom despachante que possa te auxiliar nesse processo.
7º Se possível, leve um mecânico ou um perito para identificar o grau da avaria do veículo. A maioria dos pregões não permitem o funcionamento do modelo no local, mas indicam nos editais se o carro estão ou não funcionando.
Saiba que veículos avariados contam com graus de sinistralidade, e que na hora de revender ou de fazer o seguro do veículo os níveis poderão ser impeditivos:
Pequena Monta: o veículo que vai a leilão sofreu danos leves, sem afetar o monobloco ou a estrutura principal.
Média Monta: danos mais significativos que podem deixar o carro impróprio para circulação nas vias. Nesses casos, o novo proprietário precisará rebocar o veículo, realizar os reparos necessários e submetê-lo a uma vistoria no Detran para obter o laudo, que ficará registrado no documento com uma restrição.
Grande Monta: veículos que sofreram perda total. Geralmente, são adquiridos apenas como sucata ou para serem desmanchados em ferros-velhos legalizados.
Roubo e Furto: são carros recuperados após roubo ou furto e que foram indenizados aos antigos proprietários. Normalmente, não apresentam sinistros de colisão.