Lecar 459, carro brasileiro inovador que promete ser o mais econômico do país com consumo de 33 km/l com etanol. Conheça o motor da Renault que impulsiona esse veículo e entenda a polêmica automotiva que envolve sua eficiência e design
Um novo veículo nacional vem chamando atenção no cenário automotivo: o Lecar 459, um carro brasileiro que promete consumo recorde de 33 km/L com etanol, usando um motor da Renault. Com proposta ousada e foco total em eficiência, o modelo se tornou um dos assuntos mais comentados da indústria automotiva nas últimas semanas. Ainda sem homologação oficial, o projeto levanta debates técnicos e expectativas elevadas — especialmente por aliar nacionalização, economia de combustível e baixo custo de manutenção.
Carro brasileiro com promessa de super eficiência
O Lecar 459 é fruto de um projeto da Lecar Automóveis, empresa baseada em Caxias do Sul (RS). O modelo ainda não foi lançado oficialmente no mercado, mas já movimenta a indústria por apresentar uma proposta extremamente promissora: autonomia de até 33 km por litro com etanol, utilizando um motor 1.0 da Renault, sem assistência elétrica.
Caso os números se confirmem, o 459 pode se tornar o carro mais econômico do Brasil movido a combustíveis fósseis ou biocombustíveis, ultrapassando rivais como o Renault Kwid e o Fiat Mobi, que hoje giram em torno de 15 a 16 km/L com etanol na cidade, segundo dados do Inmetro (PBEV 2024).
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Estrutura leve e foco total na economia
O segredo por trás do desempenho do Lecar 459 está na sua construção. A Lecar afirma que pretende reduzir significativamente o peso do modelo 459 por meio do uso de materiais leves, como o compósito SMC (Sheet Moulding Compound), seguindo uma estratégia semelhante à da Gurgel nos anos 1980.
A meta é obter um veículo mais leve do que os subcompactos tradicionais, o que pode contribuir para maior eficiência energética.
Essa leveza permite ao carro entregar bons resultados de consumo mesmo com um motor da Renault 1.0 aspirado de três cilindros — o mesmo utilizado no Kwid. Segundo os criadores do projeto, o Lecar 459 acelera de 0 a 100 km/h em cerca de 10 segundos, priorizando eficiência energética e economia.
O modelo traz carroceria com traços minimalistas, espaço interno enxuto, e suspensão otimizada para peso reduzido. Há apenas o essencial: bancos, painel simples e estrutura funcional. Tudo isso visa reduzir consumo e tornar o carro acessível ao público que busca economia real no uso urbano e rodoviário.
Consumo de 33 km/L com etanol ainda gera dúvidas
Apesar da promessa chamativa de consumo de 33 km/L com etanol, especialistas do setor têm recebido a informação com cautela. Até o momento, não há aferição oficial registrada pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) do Inmetro, que certifica o consumo real de modelos vendidos no país.
Parte dos dados de desempenho informados pela empresa tem origem em simulações virtuais, mas até o momento não há resultados certificados por órgãos como o Inmetro ou registros de testes em ambientes controlados. Isso significa que o resultado pode não se repetir em situações reais de trânsito urbano, ladeiras, ar-condicionado ligado e variações de temperatura.
Mesmo assim, o projeto apresenta fundamentos técnicos válidos para alcançar consumo acima da média, especialmente considerando o peso reduzido e o uso de um motor já consagrado por sua eficiência.
A polêmica automotiva por trás do Lecar 459
Com tanta atenção voltada ao projeto, o Lecar 459 também se tornou centro de uma polêmica automotiva. Diversos especialistas, engenheiros e consumidores têm questionado a viabilidade técnica da promessa de consumo, apontando para a falta de transparência nos testes e para a ausência de certificação pública.
Outro ponto que gera debate é a segurança do veículo. Como o modelo ainda não foi submetido a testes de colisão (como os realizados pelo Latin NCAP), há dúvidas sobre a resistência da carroceria ultraleve em situações reais de acidente. A fabricante afirma que está investindo em estudos estruturais, mas admite que o foco inicial foi exclusivamente o desempenho energético.
Além disso, o Lecar 459 ainda não possui previsão oficial de comercialização em larga escala. A produção atual é artesanal e limitada, o que dificulta a análise do impacto comercial do modelo no mercado nacional.
Motor da Renault garante confiabilidade mecânica
Mesmo com as controvérsias, um aspecto que reforça a confiabilidade do Lecar 459 é o uso do motor da Renault. O propulsor 1.0 SCe de três cilindros, que equipa diversos modelos da marca francesa no Brasil, já é conhecido por seu bom equilíbrio entre potência, manutenção simples e baixo consumo.
Esse motor entrega cerca de 71 cv com etanol e 10 kgfm de torque, e é amplamente disponível no mercado nacional, o que reduz custos de manutenção e amplia a rede de suporte técnico para o veículo. A integração com uma transmissão manual de cinco marchas também favorece a eficiência, especialmente no uso urbano.
Segundo a Lecar, o acerto da injeção eletrônica e da relação peso-potência do modelo foram otimizados para extrair o máximo de rendimento com o mínimo de gasto de combustível.
Carro brasileiro com identidade própria
Um dos méritos do projeto é apostar em um carro brasileiro com identidade própria, voltado para atender às condições locais de uso, infraestrutura e demanda por veículos acessíveis e econômicos. Diferente de muitas montadoras que apenas adaptam modelos globais ao Brasil, a Lecar parte de um projeto nacional desde a concepção, priorizando eficiência e simplicidade.
Além disso, a ideia de produzir um carro leve, com baixa emissão de poluentes e elevado rendimento energético, vai ao encontro das metas de sustentabilidade defendidas por diversos países, incluindo o Brasil. A expectativa é que o modelo seja usado em regiões urbanas, pequenas cidades e até mesmo em frotas de serviço público ou compartilhamento de veículos.
Lecar 459 pode abrir caminho para nova categoria de veículos
Caso consiga aprovação do Inmetro e liberação para venda em maior escala, o Lecar 459 pode inaugurar uma nova categoria no Brasil: carros ultracompactos, voltados para o consumo mínimo, produção nacional e preço acessível. Estima-se que o modelo possa custar entre R$ 50 mil e R$ 60 mil, dependendo da configuração e do volume de produção.
Isso o colocaria como alternativa real ao transporte urbano individual em tempos de alta nos combustíveis e crescente preocupação ambiental. Além disso, pode estimular outras montadoras a investirem em carros mais leves, simples e funcionais, quebrando o paradigma atual de modelos cada vez maiores, mais caros e cheios de recursos pouco utilizados no dia a dia.
Lecar 459 representa inovação com desafios
O Lecar 459 representa uma proposta ousada de carro econômico, totalmente voltado ao público que busca baixo custo de uso e manutenção.
Com seu consumo de 33 km/L com etanol (ainda não homologado) e uso de motor da Renault, o modelo se destaca por sua leveza, simplicidade e foco em eficiência — características cada vez mais valorizadas em um cenário de crise climática e encarecimento da mobilidade urbana.
No entanto, o projeto ainda precisa superar obstáculos importantes: homologações oficiais, testes de segurança e transparência nos dados técnicos. A polêmica automotiva em torno da viabilidade real da proposta também exige respostas mais claras da fabricante.
Se todos esses pontos forem resolvidos, o Lecar 459 tem potencial para marcar uma nova era no setor automotivo brasileiro, com foco na eficiência extrema, na sustentabilidade e na nacionalização de soluções para mobilidade.
Para os consumidores que priorizam economia real e simplicidade, esse pode ser um dos lançamentos mais promissores dos últimos anos.
Tem muitas informações erradas na matéria. A começar pela fábrica que será em Sooretama-ES, o preço do carro que é R$159.000. O motor em questão é só para gerar propulsão, o carro funciona como um sistema híbrido, na qual o motor à combustão alimenta o pack de baterias.