A chinesa Leapmotor estreia no Brasil com o SUV elétrico C10 e aposta em tecnologia da Stellantis, motor 1.5 que atua como gerador e até 460 km de autonomia para desafiar BYD e GWM no mercado nacional.
A Leapmotor iniciará as operações no Brasil em novembro de 2025, com o C10 como primeiro modelo e apresentação marcada para o Salão do Automóvel de São Paulo (22 a 30/11, no Distrito Anhembi).
A chegada acontece por meio da parceria com a Stellantis, que organiza a rede de vendas e pós-venda da marca no país.
A ofensiva brasileira inclui uma estrutura inicial de 34 concessionárias e suporte logístico a partir de Betim (MG), onde a Stellantis mantém centro de distribuição e um polo de desenvolvimento que fará a calibração dos veículos para o padrão local de rodagem.
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Nesse contexto, Marcio Tonani, vice-presidente sênior de engenharia de produto da Stellantis, resume a diretriz técnica: “Todos os sistemas do veículo são considerados para entregar um conteúdo alinhado com a nossa cultura, o nosso modo de dirigir. Quando a engenharia propõe um trabalho de desenvolvimento, não temos qualquer restrição sobre o que pode ser feito”.
C10: elétrico com opção de autonomia estendida
O Leapmotor C10 é um SUV médio, com cerca de 4,74 m de comprimento e entre-eixos de 2,83 m, dimensões próximas às do Jeep Commander.
O modelo será oferecido como 100% elétrico (BEV) e também na configuração REEV (range-extended), em que um motor 1.5 a gasolina atua apenas como gerador, sem tracionar as rodas.
Assim, o comportamento permanece de um veículo elétrico, com a vantagem de ampliar o alcance total em viagens.
No conjunto elétrico, o C10 vendido no exterior adota propulsor traseiro com 160 kW (218 cv) e 320 Nm (32,6 kgfm) e baterias LFP.
Em mercados europeus, há pacote com 69,9 kWh e autonomia WLTP próxima de 424 km; em outros catálogos, aparecem calibrações de até 231 cv em versões específicas.
A configuração REEV combina bateria de 28,4 kWh com o gerador 1.5, mantendo tração elétrica e recarga rápida DC.
Interior minimalista e central “high-tech”
Por dentro, o C10 segue a receita dos elétricos chineses: cabine minimalista, materiais macios ao toque e quase nenhum comando físico.
A central multimídia de 14,6″ concentra as funções, inclusive ajustes de retrovisores, e trabalha com plataformas Snapdragon em mercados onde a marca já opera, integrando atualizações OTA.
Os seletores giratórios no volante substituem botões tradicionais e operam recursos indicados na própria tela.
Nos assistentes de condução, o modelo dispõe de pacote L2 com 12 sensores de alta precisão e até 17 funções ADAS, além de câmeras em 360° e monitoramento perimetral.
Dependendo do país, versões mais completas combinam câmeras, radares e até LiDAR.
Estratégia industrial e participação da Stellantis
A expansão global da Leapmotor fora da China ocorre pela joint venture Leapmotor International, controlada pela Stellantis (51%) e criada após o investimento de € 1,5 bilhão realizado em 2023, quando o grupo europeu adquiriu aproximadamente 20% da montadora chinesa.
Essa parceria tem direitos exclusivos para exportar, vender e, quando fizer sentido, fabricar os modelos da Leapmotor fora do mercado chinês.
Para o Brasil, a Stellantis coordena rede, logística e adaptação de produto.
B10 vem na sequência
Depois do C10, a marca confirma o B10 para o Brasil.
Trata-se de um SUV compacto/médio da nova plataforma LEAP 3.5, com motor traseiro e duas opções de bateria: 56,2 kWh e 67,1 kWh.
Na Europa, as autonomias declaradas são de até 361 km (bateria menor) e até 434 km (bateria maior) pelo padrão WLTP; na China, os números do ciclo CLTC chegam a 510 km e 600 km, respectivamente.
O trem de força europeu divulgado aponta 218 cv e 240 Nm, com 0–100 km/h em 8 s e DC até 168 kW (30–80% em cerca de 20 minutos).
O interior repete a tela de 14,6″ 2.5K e o foco em conectividade, rodando Snapdragon 8155 nas versões principais e, em pacotes superiores, Snapdragon 8295.
Há variações com LiDAR e chip Qualcomm 8650 para a condução assistida avançada, conforme o mercado.
Posicionamento frente a BYD e GWM
A estreia brasileira mira diretamente concorrentes como BYD e GWM, que popularizaram elétricos e híbridos no país.
A Leapmotor aposta em preços agressivos, rede e serviços viabilizados pela Stellantis, além de proposta técnica diferente no C10 REEV, com o 1.5 que só gera energia.
A apresentação no Salão do Automóvel vai concentrar holofotes nos dois SUVs e detalhar versões, conteúdos e prazos de entrega para o mercado local.
O que esperar na vitrine de novembro
No pavilhão do Anhembi, a marca deve exibir o C10 com cabine limpa, multimídia de 14,6″, comandos no volante por roletes e pacote completo de ADAS, além de mostrar o B10 com sua arquitetura LEAP 3.5 e opções de autonomia.
A rede de 34 lojas estará em ativação para pós-venda e peças, enquanto o centro de engenharia de Betim ajustará mapeamentos e experiência de uso para as ruas brasileiras.
A confirmação dos dados de potência, torque e autonomia homologados pelo Inmetro ficará para a etapa final de lançamento.
A estratégia convence você de que há espaço para um terceiro player chinês, com tração elétrica e gerador a combustão, disputar mercado com BYD e GWM já em 2025?