Com um custo que pode ultrapassar US$ 8 milhões por minuto, cada segundo de um lançamento espacial se transforma em um evento de altíssimo valor. Mesmo para bilionários como Elon Musk e Jeff Bezos, o desafio não é só tecnológico, mas também financeiro. Descubra por que colocar um foguete no espaço custa tanto — e o que está sendo feito para mudar isso.
Lançar um foguete custa até US$ 8 milhões por minuto e não é apenas apertar um botão. Por trás de cada decolagem estão anos de planejamento, equipes de engenheiros, centenas de sensores, testes rigorosos e toneladas de combustível. De acordo com dados da NASA, da SpaceX e da ULA, o custo médio de um lançamento orbital varia de US$ 62 milhões (no caso do Falcon 9, da SpaceX) a mais de US$ 500 milhões (como os foguetes da antiga missão Saturn V).
Alguns lançamentos custam até US$ 8 milhões por minuto de voo, considerando desde a ignição dos motores até o fim da missão. Isso inclui:
- Combustível (como oxigênio líquido e RP-1 ou hidrogênio líquido)
- Logística de transporte
- Equipes de segurança
- Controle de solo
- Seguro de missão
- Reutilização (quando aplicável)
Cada segundo vale ouro: uma corrida contra o tempo (e o dinheiro) Entenda como lançar um foguete custa até US$ 8 milhões por minuto
Se dividirmos o custo total de um lançamento de US$ 80 milhões por uma missão de 10 minutos até a órbita, cada segundo custa aproximadamente US$ 133 mil. Esse valor inclui todo o aparato tecnológico, de segurança e suporte logístico.
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Isso significa que qualquer atraso, mesmo de segundos, pode representar prejuízos milionários, sem contar os riscos técnicos.
Por isso, empresas privadas como SpaceX e Blue Origin trabalham com cronogramas extremamente rígidos e margens de erro mínimas. Qualquer falha de sensor, vento fora do esperado ou problema técnico pode adiar o lançamento — e multiplicar os custos.
Elon Musk, Jeff Bezos e o dilema da economia espacial
Elon Musk, CEO da SpaceX, já afirmou diversas vezes que o grande objetivo de sua empresa é reduzir drasticamente o custo por lançamento. “Queremos tornar o espaço acessível. Isso só será possível com foguetes reutilizáveis e produção em escala”, disse em entrevista à MIT Technology Review.
Hoje, a SpaceX cobra em torno de US$ 62 milhões por lançamento do Falcon 9, mas há estimativas de que esse valor caia para menos de US$ 30 milhões com versões futuras do Starship, o foguete projetado para levar humanos a Marte.
Já Jeff Bezos, fundador da Amazon e da Blue Origin, investe bilhões em seu projeto New Shepard com foco no turismo suborbital. O voo dura apenas 11 minutos — e estima-se que cada passagem possa custar entre US$ 200 mil a US$ 500 mil por pessoa. Ou seja, o valor por minuto ultrapassa US$ 45 mil por passageiro.
Elon Musk já expressou preocupações sobre os altos custos de lançamentos espaciais e tem trabalhado ativamente para reduzi-los. Ele afirmou que está “altamente confiante” de que os lançamentos do foguete Starship da SpaceX custarão menos de US$ 10 milhões nos próximos dois a três anos. Musk também mencionou que, no futuro, o custo por lançamento poderia ser de apenas alguns milhões de dólares, ou até mesmo tão baixo quanto US$ 1 milhão por voo, o que representaria uma redução significativa em relação aos custos atuais de lançamento de foguetes, que podem ultrapassar US$ 60 milhões por missão.
Principais componentes que encarecem um lançamento espacial
- Propulsão
- O combustível representa até 70% do custo total do lançamento. O RP-1 (querosene de foguete) e o oxigênio líquido são caros e exigem armazenamento criogênico.
- Estrutura do foguete
- Mesmo com materiais compostos e alumínio aeroespacial, a fabricação da fuselagem ainda é cara, especialmente em foguetes descartáveis.
- Tecnologia embarcada
- Computadores de bordo, sensores, sistemas de navegação e escudos térmicos custam milhões. O sistema de escape da cápsula Crew Dragon, por exemplo, representa sozinho dezenas de milhões.
- Segurança e logística
- Cada lançamento envolve centenas de profissionais: técnicos, meteorologistas, engenheiros, pessoal da base aérea, jornalistas e controladores.
- Seguros
- Qualquer missão orbital é segurada em valores que chegam a US$ 500 milhões, dependendo do tipo de carga e destino.
Quanto custa um lançamento com diferentes foguetes?
Veja uma estimativa média dos custos por lançamento:
Foguete | Fabricante | Custo por lançamento (estimado) | Custo por minuto de voo |
---|---|---|---|
Falcon 9 | SpaceX | US$ 62 milhões | US$ 6,2 milhões |
Starship (futuro) | SpaceX | US$ 10 a 20 milhões (estimado) | US$ 1,5 a 3 milhões |
SLS | NASA | US$ 4,1 bilhões | US$ 273 milhões |
New Glenn | Blue Origin | US$ 500 milhões (estimado) | US$ 50 milhões |
Electron | Rocket Lab | US$ 7,5 milhões | US$ 750 mil |
Fonte: FAA, SpaceX, Blue Origin, Rocket Lab, NASA (2024-2025)
O custo do tempo no espaço: além da decolagem
Não é apenas o lançamento que custa caro. O tempo no espaço também pesa no bolso — e nos cálculos. Isso porque:
- Cada segundo em órbita custa energia, principalmente para manter vida (em estações como a ISS)
- Satélites de comunicação ou militares valem bilhões de dólares, e qualquer atraso na ativação pode significar perda de contratos ou cobertura de áreas críticas
- Em voos tripulados, a suporte à vida (oxigênio, alimentos, temperatura) precisa ser mantido sem falhas
Segundo estimativas da NASA, manter um astronauta na ISS custa cerca de US$ 7,5 milhões por dia. Isso inclui transporte, alimentação, experimentos científicos, comunicação e apoio técnico. Ou seja, cada minuto de permanência humana no espaço ultrapassa US$ 5.000.
Turismo espacial: uma corrida que também é bilionária
Empresas como Virgin Galactic, SpaceX e Blue Origin já realizaram os primeiros voos turísticos espaciais. Mas esse lazer não é para qualquer um. Os preços variam entre:
- Virgin Galactic: US$ 450 mil por voo suborbital
- Blue Origin: US$ 200 mil a US$ 500 mil
- SpaceX Crew Dragon (voo orbital): até US$ 55 milhões por pessoa
Nessas missões, o tempo de voo pode durar de 11 minutos a até 3 dias, o que significa que cada segundo está entre os mais caros já vividos por um ser humano.
Como reduzir os custos? Reutilização e novas tecnologias
A chave para reduzir os custos está em dois pilares:
Reutilização
- Foguetes como o Falcon 9 e o futuro Starship pousam de volta à Terra e podem ser usados novamente, como aviões. Isso diminui drasticamente o custo por lançamento.
- A Blue Origin também reutiliza seu veículo New Shepard.
Tecnologia de impressão 3D
- Empresas como a Relativity Space já imprimem 90% de seus foguetes com impressoras 3D industriais, economizando tempo e recursos.
Lançamentos a partir da estratosfera
- Projetos como o SpaceShipTwo (Virgin Galactic) começam a viagem em aeronaves que sobem até 15 km, antes de liberar o foguete. Isso reduz o gasto de combustível na decolagem.
O impacto econômico e científico
Apesar do alto custo, os benefícios de lançar foguetes ao espaço são incalculáveis:
- Monitoramento climático
- Internet global via satélite (como o Starlink)
- Defesa e segurança nacional
- Exploração científica
- Detecção de asteroides
- Cooperação internacional
Além disso, o setor aeroespacial movimenta mais de US$ 500 bilhões por ano, segundo a Space Foundation. Até 2030, esse número pode ultrapassar US$ 1 trilhão, puxado principalmente pela exploração lunar, missões a Marte e constelações de satélites comerciais.
Cada segundo no espaço custa milhões — mas vale a pena
Lançar um foguete custa até US$ 8 milhões por minuto, e mesmo bilionários como Elon Musk e Jeff Bezos sabem que essa conta precisa baixar para viabilizar o futuro do espaço. No entanto, cada segundo cravado no relógio de uma missão representa não só um investimento financeiro, mas o avanço da humanidade rumo a novas fronteiras.
Aos poucos, os custos vêm diminuindo. Mas até lá, o espaço continuará sendo um dos ambientes mais caros, desafiadores e fascinantes do universo conhecido.