1. Início
  2. / Agronegócio
  3. / Lagarta-do-cartucho acende alerta no agronegócio: praga atinge 80% das lavouras de milho e pode gerar prejuízo histórico de até R$ 35 bilhões em 2026
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Lagarta-do-cartucho acende alerta no agronegócio: praga atinge 80% das lavouras de milho e pode gerar prejuízo histórico de até R$ 35 bilhões em 2026

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 21/08/2025 às 08:36
Lagarta-do-cartucho acende alerta no agronegócio: praga atinge 80% das lavouras de milho e pode gerar prejuízo histórico de até R$ 35 bilhões em 2026
Foto: Lagarta-do-cartucho acende alerta no agronegócio: praga atinge 80% das lavouras de milho e pode gerar prejuízo histórico de até R$ 35 bilhões em 2026
Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo

Lagarta-do-cartucho atinge 80% das lavouras de milho e pode causar prejuízo histórico de R$ 35 bilhões em 2026, ameaçando safra e exportações brasileiras.

O milho brasileiro, pilar do agronegócio e base para ração animal, etanol e exportações, pode enfrentar em 2026 um dos maiores desafios de sua história. A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), considerada uma das pragas mais devastadoras do planeta, já foi identificada em 80% das lavouras do país, segundo alertas recentes da Embrapa e da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). A previsão é dramática: se não houver controle efetivo, os prejuízos podem ultrapassar R$ 35 bilhões, colocando em risco não apenas o abastecimento interno, mas também a competitividade brasileira no mercado global.

O que é a lagarta-do-cartucho e por que ela é tão perigosa

YouTube Video

Originária das Américas, a lagarta-do-cartucho se adaptou com perfeição ao clima tropical brasileiro. Seu nome vem do hábito de se esconder no “cartucho” das plantas de milho, o que dificulta o combate. Alimenta-se das folhas e da espiga em formação, reduzindo drasticamente a produtividade.

Uma única fêmea pode depositar até 1.000 ovos, garantindo explosões populacionais em poucas semanas.

O grande problema é sua resistência: a praga já desenvolveu tolerância a diversos inseticidas e até a variedades transgênicas de milho Bt, que antes eram vistas como solução definitiva. Isso obriga produtores a gastarem cada vez mais em defensivos e tecnologias de controle integrado, elevando os custos da produção.

Um impacto bilionário no agronegócio

O milho é a segunda maior cultura agrícola do Brasil, com área plantada superior a 22 milhões de hectares. Ele garante não só a exportação de grãos, mas também a base para a alimentação de aves e suínos, setores que transformaram o país em potência mundial.

Com a ameaça da lagarta, especialistas alertam que a safra 2026 pode perder até 20% de sua produção total, um golpe equivalente a R$ 35 bilhões em valores de mercado.

O efeito em cascata seria imediato: aumento no preço da carne de frango e suína, elevação nos custos de produção de etanol de milho e pressão sobre o consumidor final.

YouTube Video

Para se ter uma ideia, em estados como Mato Grosso e Paraná, a lagarta já é responsável por até 40% das perdas localizadas em algumas lavouras, de acordo com levantamentos regionais.

O desafio do controle e o risco da resistência

O manejo da lagarta-do-cartucho é complexo. O uso contínuo dos mesmos princípios ativos levou à criação de populações resistentes, tornando obsoletas algumas práticas de combate. O milho Bt, que expressa proteínas tóxicas para a praga, perdeu eficácia em diversas regiões.

Hoje, a recomendação da Embrapa é o uso de Manejo Integrado de Pragas (MIP), combinando rotação de culturas, uso alternado de inseticidas, monitoramento constante e liberação de inimigos naturais, como vespas e fungos entomopatogênicos. Mas na prática, a aplicação em escala ainda enfrenta gargalos, especialmente entre pequenos e médios produtores, que não têm acesso às tecnologias mais caras.

Um problema que não para na lavoura

A ameaça da lagarta vai além do milho. Em períodos de entressafra, a praga migra para outras culturas, como soja, algodão e arroz, ampliando o alcance dos prejuízos. Isso aumenta a pressão sobre defensivos agrícolas e gera risco de desequilíbrios ecológicos ainda maiores.

Além disso, há impactos sociais: em regiões altamente dependentes da produção de milho, como o Oeste da Bahia e o Norte de Mato Grosso, perdas significativas podem reduzir renda de agricultores familiares, comprometer cooperativas e afetar programas de exportação que sustentam economias locais.

Pesquisadores da Embrapa afirmam que a lagarta-do-cartucho deve ser tratada como uma praga permanente, não como uma ocorrência sazonal

Pesquisadores da Embrapa afirmam que a lagarta-do-cartucho deve ser tratada como uma praga permanente, não como uma ocorrência sazonal. Isso exige políticas públicas coordenadas, investimento em pesquisa genética e biotecnológica e estratégias de longo prazo para reduzir a dependência de químicos.

Se nada for feito, o Brasil corre o risco de viver em 2026 uma crise sem precedentes no setor do milho — com repercussões diretas na inflação, na exportação e na imagem do país como potência agrícola. O inimigo é pequeno, mas seu poder de destruição é colossal.

A batalha contra a lagarta-do-cartucho pode se tornar um divisor de águas. Se o país conseguir implementar um modelo eficiente de manejo, poderá consolidar sua posição de liderança mundial em milho, garantindo estabilidade a um setor estratégico. Mas se falhar, a safra de 2026 pode entrar para a história como o ano em que uma praga silenciosa expôs as fragilidades da maior potência agrícola tropical do mundo.

A guerra está declarada — e o futuro do milho brasileiro depende da resposta que será dada agora.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x